TCE aprova contas de Alckmin, mas aponta sigilo do governo sobre renúncia fiscal

No ano passado, o órgão criticou a falta de transparência no benefício

Gabriela Sá Pessoa
São Paulo

O TCE (Tribunal de Contas do Estado) aprovou nesta quinta (28) as contas do governo de São Paulo relativas ao exercício fiscal de 2017, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

O pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), que teve as contas de 2017 aprovadas
O pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), que teve as contas de 2017 aprovadas - Xinhua/Rahel Patrasso

Um dos conselheiros, o substituto Samy Wurman, fez ressalvas às contas mas foi voto vencido. Ele criticou o modo como o governo repassa recursos para terceirizados na área de saúde e sobre precatórios.

Outros conselheiros criticaram a falta de transparência sobre a renúncia fiscal, que foi objeto de ressalva no julgamento das contas de 2016.

Segundo o relator das contas, Edgard Rodrigues, e o Ministério Público de Contas, a Secretaria da Fazenda não forneceu informações sobre os descontos de ICMS que oferece a empresas que pudessem embasar a fiscalização do TCE. 

No ano passado, o órgão criticou a falta de transparência no benefício. Disse que não se sabia quem o recebia e qual é o impacto da isenção de impostos nas contas públicas, um descumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal. O tribunal, então, ressalvou pela segunda vez na história as contas do governo paulista. Caso não cumprisse a determinação, a administração poderia ter as contas rejeitadas.

Desta vez, a questão dos benefícios fiscais virou uma recomendação, uma advertência mais leve —segundo Rodrigues disse à Folha, porque os conselheiros não conseguiram dados para verificar se houve irregularidade ou não. 

A corte disse entender que desonerações de ICMS, no contexto de crise e guerra fiscal entre os estados, estimula a economia. No entanto, a falta de transparência da Secretaria da Fazenda foi objeto de severas críticas dos conselheiros, que exigiram que a pasta entregue em 90 dias um plano de ação para mudar a prática. 

A justificativa do governo para o TCE é que não pode expor informações financeiras sigilosas sobre as empresas atendidas.

Para o relator, no entanto, não há razão para que um órgão de fiscalização como o Tribunal de Contas não possa acompanhar a concessão do benefício.

"É irrefragável o dever da Fazenda de disponibilizar esses dados", afirmou Rodrigues. "O Tribunal vai saber lidar com informações de dados sigilosos. Não há razão para que não tenha acesso."

Para 2018, a estimativa de perda de arrecadação, é de R$ 20,5 bilhões. 

Os conselheiros também pedem que a Fazenda adeque as desonerações a determinações do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Políticas Fazendárias e não mais conceda benefícios sem respaldo em lei. Dos 293 benefícios que concedeu em 2017, 80 foram apenas por decreto do Executivo, segundo o Ministério Público de Contas.

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