Descrição de chapéu Eleições 2018

A três meses da eleição, deputados do MDB de Minas querem derrubar direção estadual

Divisão interna do partido se acirra; parlamentares dizem buscar sobrevivência

Carolina Linhares
Belo Horizonte

Deputados estaduais e federais do MDB de Minas Gerais querem remover o vice-governador do estado, Antonio Andrade (MDB), da presidência do partido. 

O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB)
O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB) - Neto Talmeli-25.nov.17/Folhapress

Para isso, entregaram ao presidente nacional do partido, senador Romero Jucá (RR), nesta quinta (12) um documento em que 55 dos 87 membros do diretório estadual, incluindo suplentes, renunciam. 

A estratégia é forçar a destituição do comando do partido em Minas e a nomeação de uma comissão provisória para conduzir a sigla na eleição deste ano. 

Os parlamentares acusam Andrade de não se preocupar em garantir a ampliação das bancadas estadual e federal, impondo uma candidatura própria ao governo que não é competitiva.

Além de Andrade, que se coloca como pré-candidato ao governo de Minas, o deputado estadual Adalclever Lopes (MDB), presidente da Assembleia, também se lançou pré-candidato. 

Os parlamentares afirmam que, nas mãos de Andrade, a convenção partidária, no próximo mês, será um jogo de cartas marcadas que decidirá por sua candidatura isolada ou por coligações escolhidas por ele. 

A rebelião, dizem, é para ter a chance de decidir por maioria qual a melhor opção entre Andrade, Adalclever e coligações. Há quem defenda união com o DEM, de Rodrigo Pacheco, ou com o PT, que busca reeleger o governador Fernando Pimentel. Para Andrade, o movimento tem interesses ocultos e quer a aliança com os petistas, o que ele rejeita. 

O deputado federal Saraiva Felipe (MDB-MG) diz que o movimento não é em prol de coligar com um ou outro partido, tema que sempre provocou divisões. "O que nos impulsiona não é essa questão de governador. É a nossa sobrevivência. Ainda vamos escolher quem oferecer a melhor opção."

"Seria uma estratégia para garantir a destituição de Andrade porque ele não está ajudando o partido em nada. É uma questão de sobrevivência", afirma o deputado federal Mauro Lopes (MDB-MG). 

Segundo os deputados, o estatuto do partido prevê a dissolução automática do diretório no caso de renúncia de mais da metade dos membros.

No entanto, a saída de Andrade da presidência em Minas não foi confirmada. Caso o diretório seja destituído, a direção nacional nomeia uma comissão até que haja nova eleição interna. 

Nesta quarta (11), em reunião com a direção nacional do MDB, todos os 19 deputados federais e estaduais entregaram a Jucá uma carta em que acusam Andrade de não construir um cenário eleitoral competitivo "agindo no mais absoluto isolamento". 

Os deputados pedem uma condução partidária plural para não permitir que "em razão de ódio e vingança pessoal sejam postos em risco diversos mandatos eletivos". 

Os parlamentares também contestaram uma pesquisa interna divulgada por Andrade que indica que a maioria dos delegados do partido prefere a candidatura dele e rejeita coligação com o PT. 

"A gente não aguenta mais as orientações solitárias do presidente e tomamos uma atitude. Vamos sentar com todos e formar uma maioria de verdade para decidir o que é melhor", diz o deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB). 

INDEFINIÇÃO

O acirramento da divisão interna no MDB ocorre a três meses da eleição. Em Minas, o partido esteve historicamente ao lado do PT e ainda se mantém na base de governo de Pimentel.

Até então aliado do petista, Adalclever se lançou candidato depois que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ocupou a vaga de postulante ao Senado na chapa de Pimentel, algo que ele almejava. 

Com o rompimento, Adalclever também aceitou um pedido de impeachment contra Pimentel, que está parado na Assembleia. 

Na avaliação de alguns emedebistas e petistas, porém, ainda há a possibilidade de coligação. Outros rejeitam: "como estaremos no palanque com Dilma nos chamando de golpistas?", questiona Mauro Lopes. 

Andrade é rompido com Pimentel desde 2016 e trabalhava para uma aproximação com o DEM. Em nota, ele afirmou que a rebelião dos deputados tem interesses particulares e busca a aliança com o PT. 

"A presidência do MDB de Minas entende que uma nova aliança com o PT em Minas Gerais e no Brasil, como defendem as bancadas estadual e federal em Minas Gerais do partido, já se exauriu e é prejudicial aos mineiros e brasileiros", afirma.

O vice-governador afirmou ainda que as alegações dos deputados são falsas e classificou a atitude como desesperada. Seu afastamento, diz, violentaria a história do MDB. 

"Ressalto que, em nenhum momento, as decisões foram tomadas de forma isolada. A direção do partido sempre buscou representar os anseios do estado, priorizando assim a candidatura própria para tirar Minas Gerais da pior crise da sua história."

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