Os quatro pré-candidatos mais bem colocados para o governo do estado de São Paulo têm falado sobre suas propostas. A Lupa analisou as frases deles.
"Prendemos naquele dia [operação na cracolândia, em SP] mais de 200 traficantes"
Doria, à rádio Jovem Pan, 11.jul.18
EXAGERADO Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 21 de maio de 2017, a polícia apreendeu 53 pessoas na operação. Delas, 48 eram adultas e foram detidas por tráfico de drogas. Três eram adolescentes e foram apreendidas. Outras duas pessoas foram presas por roubo. Procurado, o pré-candidato reconheceu a informação exagerada. Afirmou ainda que, em um ano de combate à cracolândia, 1.625 traficantes foram presos.
"Tenho o dobro de intenção de voto de Alckmin na capital"
Doria, na mesma entrevista
VERDADEIRO, MAS ‚A pesquisa espontânea sobre o governo de São Paulo divulgada pelo Datafolha em 16 de abril mostra que, na capital, Doria tinha 7% das intenções. No cenário em que Alckmin também aparecia, o ex-governador atingia 2%. Mas a pesquisa desconsiderou que Alckmin já cumpria seu segundo mandato e não poderia se reeleger. Além disso, pretende concorrer à Presidência --não ao governo estadual.
"O alistamento civil [...] estava no plano de governo do Alckmin, mas não havia sido implementado"
Márcio França (PSB), ao Roda Viva, 16.jul
FALSO O alistamento civil é um programa de cursos profissionalizantes para jovens de 16 a 18 anos. Eles recebem uma bolsa de R$ 500 e realizam serviços comunitários. Em dezembro de 2015, a Alesp aprovou projeto para implementar o Via Rápida 18, como a ação foi batizada no governo Alckmin. Agora, em julho, França assinou convênios para implementar o alistamento civil em 16 cidades. Não há citações a nenhum dos dois no programa de governo que Alckmin registrou no TSE em 2014. Procurado, França alegou que o alistamento civil constava na página 33 do documento. Lá está a promessa de "fomentar a inserção profissional formal de jovens em situação de vulnerabilidade social", sem citar o programa.
"Aqui em SP, [...] nós temos mais de 200 mil presos"
França, na mesma entrevista
VERDADEIRO Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, São Paulo é o estado com a maior quantidade de presos: 240.061, 33,1% da população prisional brasileira.
"Estávamos já com 14 milhões de desempregados [quando a Fiesp decidiu apoiar o impeachment de Dilma Rousseff]"
Paulo Skaf (MDB), à Rede TV, 3.jul.17
EXAGERADO A Fiesp apoiou formalmente o impeachment em 14 de dezembro de 2015. Segundo o IBGE, no último trimestre daquele ano, o Brasil tinha 9,1 milhões de desempregados. Procurada, a assessoria de Skaf disse que não responderia.
"[Doria] Aparece nas pesquisas [com] em torno de 20%, da mesma forma que eu apareço [com] em torno de 20%, praticamente empatados"
Skaf, na mesma entrevista
VERDADEIRO, MAS Skaf e Doria aparecem empatados --dentro da margem de erro-- só na pesquisa Ibope de 30 de junho. O tucano tem 19% das intenções de voto, e o presidente licenciado da Fiesp, 17%. Outras pesquisas têm dados diferentes. No Datafolha de 16 de abril, Doria tinha 29%, e Skaf, 20%.
"[Lula criou] 22 milhões de empregos com carteira assinada"
Luiz Marinho, ao Roda Viva, 4.jul.18
EXAGERADO Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostram que, durante o governo Lula (2003 -10), houve saldo positivo de cerca de 11,3 milhões de empregos criados. Procurado, o pré-candidato disse que se referia aos empregos criados nos governos petistas, o que incluiria o governo Dilma. Mas, de 2011 a abril de 2016, foram gerados 2,8 milhões de empregos. Assim, o saldo do PT foi 14,1 milhões de vagas.
"O Ideb de quando assumi [a Prefeitura de São Bernardo], em 2008, era 5,4. Deixei com 6,8"
Marinho, na mesma entrevista
VERDADEIRO Marinho assumiu a prefeitura em 2009, mas não houve avaliação do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica naquele ano. Em 2007, a cidade teve nota 5,1 para os anos iniciais do ensino fundamental. Essa nota aumentou para 6,8 em 2015, penúltimo ano do governo Marinho e último dado disponível. Não há avaliação nas outras duas faixas analisadas --anos finais do ensino fundamental e ensino médio.
Verdadeiro: A informação está comprovadamente correta; verdadeiro, mas: a informação está correta, mas o leitor merece mais explicações; exagerado: a informação está no caminho correto, mas houve exagero; falso: a informação está comprovadamente incorreta.
Chico Marés e Nathália Afonso
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