Descrição de chapéu Eleições 2018

Com 'chamado à rebelião', PSTU oficializa candidata à Presidência

Ativista sindical Vera Lúcia, de Aracaju (SE), defende revolução socialista no país

Joelmir Tavares
São Paulo

Sob uma placa com o slogan "um chamado à rebelião", o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) oficializou em convenção nesta sexta-feira (20) a candidatura da ativista sindical Vera Lúcia, 50, à Presidência da República.

"Os trabalhadores devem se organizar e fazer uma revolução. Só isso é capaz de mudar este país", disse a presidenciável durante o evento, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, no Tatuapé (zona leste).

O professor maranhense Hertz Dias, 47, também do PSTU, será o vice na chapa, que não terá coligação com outros partidos. Há "uma completa falta de opções", dizem dirigentes da legenda.

Para Vera, os trabalhadores não devem ter expectativa de que as eleições serão capazes de transformar o Brasil, já que são "um jogo de cartas marcadas". Daí a necessidade de uma revolução, diz.

 

A adesão de partidos do centrão à campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), nesta quinta (19), simbolizou a escolha da classe empresarial pelo candidato mais viável para ela, na opinião da candidata socialista.

"É o movimento de setores da burguesia para encontrar seu candidato. Eles têm vários pré-candidatos, mas agora começam a se afunilar e a escolher seus porta-vozes", afirmou.

Vera atacou em discurso alguns de seus adversários: Jair Bolsonaro ("expressa o que há de pior na política"), Alckmin ("fez um governo repressor"), Ciro Gomes ("um político profissional, de carreira") e Lula ("essa experiência nós já vivemos").

Bolsonaro, alvo das críticas mais duras, foi chamado por ela de conservador, covarde, racista, machista, homofóbico e entusiasta do regime militar. “Está a serviço da burguesia. Não pode resolver os problemas do povo trabalhador.”

A presidenciável também conclamou os companheiros homens a superarem o machismo e o preconceito LGBTfóbico. “Precisamos da unidade da nossa classe para lutar contra os nossos inimigos”, afirmou.

Em entrevista à Folha em abril, a socialista disse que, se for eleita, expropriará cerca de cem empresas e que a prioridade passará a ser o atendimento às necessidades da população.

"Hoje é como se toda a riqueza produzida se voltasse contra os trabalhadores", afirmou. "Se queremos derrubar os de cima, nós, que somos aqui de baixo, precisamos nos organizar também."

A convenção reuniu membros de partidos trabalhistas de países como México, Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia e Peru.

Vera assume o lugar na sigla que desde 1998 era ocupado por José Maria de Almeida. Ele, atual presidente nacional do PSTU, só não representou a legenda na corrida ao Planalto na campanha de 2006, quando a opção foi apoiar Heloísa Helena (então no PSOL).

Na eleição passada, em 2014, a legenda ficou em oitavo lugar na corrida presidencial, com 91 mil votos, ou 0,09% do total.

Pernambucana que mora em Aracaju (SE), Vera foi escolhida num acordo interno da direção partidária e formalizada como candidata por aclamação.

Ela foi garçonete, datilógrafa e funcionária de uma fábrica de calçados. Formou-se em ciências sociais pela Universidade Federal de Sergipe e hoje é ativista sindical.

A presidenciável foi militante do Partido dos Trabalhadores, mas foi expulsa em 1992 e, em 1994, ajudou a criar o PSTU. 

Ela se posicionou a favor da prisão do ex-presidente Lula, em abril, mas disse que a condenação do petista não basta para acabar com a impunidade. "É preciso prender e confiscar os bens de Temer, Aécio, Alckmin, de todos os corruptos e corruptores", afirmou.

A presidenciável foi candidata a deputada federal por Sergipe em 2006 e a prefeita de Aracaju em 2004, 2008 e 2012. Nunca ocupou cargo eletivo.

Seu vice, Hertz Dias, é professor da rede pública no Maranhão e, como Vera, negro. Ele tem engajamento no movimento hip hop e fundou o Movimento Quilombo Urbano, que defende direitos de jovens negros da periferia.

O partido frequentemente se queixa de que o processo eleitoral brasileiro é antidemocrático, porque não oferece condições iguais para todos os candidatos e partidos, o que prejudica o PSTU. 

A sigla diz que, apesar disso, participa da campanha pela oportunidade de expor suas ideias e para tentar atrair simpatizantes.

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