Partidos de oposição tentam suspender o recesso na Câmara dos Vereadores do Rio para votar pedidos de impeachment ao prefeito Marcelo Crivella (PRB) por denúncias de favorecimento a grupos religiosos.
Nesta segunda (9), dois pedidos foram protocolados na Câmara, um deles pelo PSOL e o outro pelo vereador Átila Nunes (MDB). A suspensão do recesso depende da adesão de 17 dos 51 vereadores.
Crivella é acusado de prometer privilégios a fiéis em reunião realizada na última quarta (4) no Palácio da Cidade, uma das sedes da prefeitura. No encontro, ele ofereceu ajuda para encaminhar fiéis a cirurgias e para agilizar processos de isenção da cobrança de IPTU das igrejas.
Na reunião, ele ainda apresentou aos presentes o pastor Rubens Teixeira, que vai disputar vaga de deputado federal no Rio pelo seu partido e defendeu o voto em evangélicos para "dar jeito nessa pátria".
O prefeito nega favorecimento e diz que teve apenas o objetivo de prestar contas de sua gestão e apresentar aos presentes programas sociais da prefeitura, como cirurgias de catarata, varizes e vasectomia.
Na reunião, segundo áudios publicados pelo jornal O Globo, Crivella disse aos pastores que procurassem uma assessora para que fiéis com catarata pudessem ser operados "daqui a uma semana ou duas"
O Ministério Público do Rio anunciou a abertura de investigações. "O Estado é laico e todos os cidadãos têm que ser tratados em igualdade de condições", afirmou nesta segunda, o procurador-geral do estado, Eduardo Gussem.
O vereador Renato Cinco (PSOL) disse que a oposição tentou convencer o presidente da Câmara, Jorge Felippe (MDB) a suspender o recesso, mas não obteve sucesso. Assim, precisa das 17 assinaturas - até o início da noite, 13 vereadores haviam assinado.
"A oposição tem esse papel. Graças a Deus existe oposição porque é no debate que a gente vence", minimizou Crivella, em entrevista ao canal SBT, lembrando que já enfrentou outras ameaças de impeachment que não prosperaram.
"Vários vereadores já me ligaram hipotecando solidariedade", concluiu o prefeito, que vem repetindo que é alvo de preconceito religioso nesse caso.
Na sexta (6), o Ministério Público informou que o Centro de Apoio às Promotorias Eleitorais solicitou à Promotoria Eleitoral apuração dos fatos. O tema também será investigado pela Coordenação de Saúde do Ministério Público, para verificar se há irregularidades nas filas de cirurgias.
A coordenação das Promotorias de Justiça e Cidadania analisa inquérito civil para analisar suspeita de tratamento diferenciado para segmento religioso, que é vedado pela Constituição e pode configurar improbidade administrativa.
A prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre os pedidos de impeachment.
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