Descrição de chapéu Eleições 2018

Purismo nacional de Marina Silva vira pragmatismo da Rede nos estados

Candidata critica velha política, mas partido está junto a siglas como DEM e PSC

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Brasília

"O PT, o PMDB, o PSDB, o DEM e seus satélites que levaram o Brasil para o fundo do poço. Eles não são a solução”, disse a pré-candidata à presidência Marina Silva, em vídeo publicado no sábado (28). 

Acostumada a criticar adversários por alianças pragmáticas e o que chama de "velha política", a ex-senadora não tem encontrado eco em seu próprio partido, a Rede.

Dos partidos citados por Marina no vídeo, dois se aliarão à sigla da presidenciável nos estados. Os outros dois foram cogitados como alianças que não se desenvolveram. 

Marina Silva, da Rede, participa de debate sobre reforma política promovido pelo movimento Reforma Brasil, da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress

No Rio Grande do Sul, a Rede apoiará o candidato tucano ao governo do estado, Eduardo Leite —e chegou negociar apoio com o atual governador, José Ivo Sartori (MDB). No Amapá, o senador Randolfe Rodrigues dividirá palanque com o colega de Congresso Davi Alcolumbre, do DEM.

MDB e DEM têm força na bancada ruralista, que patrocina projetos como a flexibilização do código florestal, ou o que facilita o registro de agrotóxicos. Esse último, condenado pela Rede, foi aprovado neste ano em comissão presidida por uma parlamentar do DEM, Tereza Cristina.

A lista de alianças regionais conta ainda com o PSC do líder do governo Temer no Congresso, André Moura (SE), e o Patriota, que tentou abrigar a candidatura de Jair Bolsonaro.

Marina também subirá no palanque do nanico PMN, que deve transitar livremente pelo espectro político: em Minas, deve apoiar o tucano Antonio Anastasia e, no PR, a candidata do PP, Cida Borghetti. 

De acordo com lideranças da Rede, as direções regionais foram orientadas a evitar alianças com PT, PSDB e MDB. A única sigla vetada foi o PSL de Bolsonaro. As alianças ainda não foram homologadas, e devem ser discutidas pela executiva nacional do partido no dia 6 de agosto, após a convenção que oficializará a candidatura de Marina.

As alianças "Frankenstein" não são uma exclusividade da Rede ou da eleição de 2018, ressalta o cientista político Fernando Azevedo, professor da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos).

"São duas lógicas muito diferentes, a nacional e a estadual". Ele diz que as alianças estaduais em todos os partidos seguem direção própria, muito mais relacionada aos acordos e conjunturas locais que com posições ideológicas.

"Se os partidos de fato tivessem perfil ideológico, era de se esperar que houvesse coerência entre as duas coisas”, diz. "Mas isso não é verdade no caso brasileiro. Aí vale o pragmatismo eleitoral mesmo, de conseguir o maior tempo de TV, a maior base para campanha." 

O porta-voz do partido, Pedro Ivo Batista, afirma que a lógica das coalizões estaduais da Rede segue as mesmas diretrizes da campanha nacional do partido —em que a sigla ainda não fechou alianças, mas flerta com PV, PMN, PHS e Pros.

"Está de acordo com o que nós decidimos, alianças programáticas com partido e pessoas que façam a diferença e que não sejam ficha suja”, diz Batista, que também faz parte da coordenação da campanha presidencial. “Nós estamos priorizando a campanha da Marina e alianças que ajudem nesse processo.”

Segundo ele, casos como Amapá e Rio Grande do Sul são exceções. No estado nortista, por exemplo, os partidos se uniram para fazer oposição ao atual governador, Waldez Góes (PDT), apoiado pelo ex-presidente José Sarney (MDB).

"No Rio Grande do Sul, houve uma discussão de que a agenda do desenvolvimento sustentável lá está muito frágil e houve um compromisso de priorizar isso”, afirma.

Algumas alianças desagradaram à própria candidata, que afirmou que não fará eventos com o senador Romário (Podemos-RJ). Ele disputará o governo do Rio.

Para Miro, a formação de alianças estaduais à revelia do palanque nacional é necessária. “Nós não pautamos as nossas votações pelo posicionamento de outros partidos, então ou sai chapa puro sangue ou coliga. E coligando será necessário sair com alguém estranho a nós.”

Como jogará a rede nos estados

RS - apoio a Eduardo Leite (PSDB)

AP - apoio a Davi Alcolumbre (DEM)

BA - lança Célia Sacramento (Rede), com apoio do Patriota

SP - apoio a Cláudio Fernando Aguiar (PMN)

AM - apoia Wilson Lima (PSC)

DF - aliança com Rodrigo Rollemberg (PSB)

RJ - apoio a Romário (Podemos)

MS - coligação com Marcelo Bruma (PV)

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