Descrição de chapéu Eleições 2018

Adalclever Lopes, do MDB, vai substituir Lacerda na disputa do governo de MG

Após desistência de Lacerda, coligação ainda aposta em terceira via contra PT e PSDB

Carolina Linhares
Belo Horizonte

A coligação de Marcio Lacerda (PSB), que desistiu de disputar o governo de Minas após ter a candidatura minada pela direção nacional do seu partido, escolheu nesta quinta (23) o deputado estadual Adalclever Lopes (MDB) para ser o novo candidato do grupo.

Lopes, que é presidente da Assembleia, era candidato a vice de Lacerda. O restante da nova chapa, com candidato a vice e ao Senado, só deve ser anunciado na segunda-feira (27), já que ainda não houve consenso e serão necessárias novas reuniões e negociações.
 
A coligação formada por PSB, MDB, PDT, PV, PRB, Pros e Podemos decidiu manter-se unida e lançar um substituto depois que Lacerda desistiu da disputa na terça (21). Desde então, líderes e parlamentares dos partidos estiveram em longas reuniões para discussão do novo nome.

 
O grupo aposta na viabilidade de uma candidatura de terceira via em Minas, que tem a disputa polarizada entre o governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB). 
 
“Os sete partidos estão unidos para dizer que nós marcharemos juntos nessa terceira via. Vamos dar uma nova opção, que não esteja polarizada entre PT e PSDB. Estou pronto para disputar o governo”, disse Adalclever em fala à imprensa ao lado de Lacerda e dos líderes dos partidos da coligação.
 
O deputado evitou responder qual candidato a presidente apoiará, já que a coligação é formada pelo MDB, de Henrique Meirelles, mas também pelo PDT, de Ciro Gomes.
 
Embora a ala do PSB ligada a Lacerda se mantenha na coligação de Adalclever, a direção nacional do PSB registrou o partido na coligação de Pimentel. Ou seja, os candidatos a deputado estadual e federal do PSB estão com registros duplicados na Justiça Eleitoral, que terá que decidir a qual coligação o partido pertence.
 
A decisão influencia no tempo de TV dos candidatos. Com o PSB, Adalclever teria o segundo maior tempo de propaganda.
 

 

Herança


Adalclever afirmou que manterá o plano de governo desenhado por Lacerda e que espera herdar os votos dele. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta (22), o então candidato do PSB alcançou 9% das intenções de voto, atrás de Anastasia (26%) e Pimentel (18%).
 
O emedebista disse ainda que conta com Lacerda e sua experiência. “É um exemplo. Quero a participação dele na campanha, sua orientação. O Marcio vai ser nosso grande alicerce nessa campanha. Será a principal figura e o principal eleitor.”
 
Lacerda, por sua vez, também elogiou Adalclever, mas fez ressalvas em relação ao seu partido, o MDB  —partido do presidente Michel Temer, que tem apenas 3% de aprovação, e cujos caciques são alvos de acusações de corrupção.
 
“Independentemente da filiação partidária, eu sempre disse que eu tinha ao meu lado o homem público, o empresário, o deputado Adalclever. Nós temos hoje a imensa maioria dos partidos em situação muito ruim com a população, mas nós temos que ver a trajetória pessoal de Adalclever Lopes. É nisso que estou  mirando para apoiá-lo”, disse Lacerda.
 
Embora tenha lançado sua candidatura própria ao governo de Minas, o MDB no estado faz parte da base do governo Pimentel. “Como presidente da Assembleia, demos sustentação e estabilidade para Minas Gerais”, justificou Adalclever.
 
Neste ano, o deputado rompeu com o petista e chegou a deflagrar um pedido de impeachment contra o governador, mas que está parado na Assembleia. Adalclever seria candidato ao Senado na chapa de Pimentel, mas a chegada da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para disputar o cargo acabou barrando a aliança com o MDB.
 

Correndo por fora


 Na terça, Lacerda anunciou sua desistência em concorrer ao governo de Minas, já que a insegurança jurídica em torno de sua candidatura poderia se arrastar até as vésperas do primeiro turno, prejudicando a campanha.
 
Lacerda registrou sua candidatura contra a vontade da direção nacional do PSB, o que ensejou uma disputa na Justiça Eleitoral. Para cumprir um acordo com o PT, o PSB decidiu retirar Lacerda da disputa e apoiar Pimentel, mas ele não aceitou e, ao finalmente desistir, culpou a velha política.  
 
Lacerda se desfiliou do PSB e disse que ainda não decidiu para qual partido irá. O PDT voltou a afirmar que tem as portas abertas para o ex-prefeito de Belo Horizonte.
 
Quem também deixou a disputa após a saída de Lacerda foi o deputado federal Jaime Martins (Pros), que seria candidato ao Senado. “Houve uma mudança nos rumos daquilo que nós pensávamos. A velha política venceu novamente”, disse Martins, afirmando que a intervenção do PSB em Minas foi uma agressão.
 
Martins afirmou que dará apoio a Adalclever, mas não como candidato. O deputado federal chegou a ser convocado pela coligação para assumir a disputa ao governo e estaria disposto a isso.
 
Porém, os demais partidos exigiam que o Pros fizesse parte também da coligação proporcional das siglas e o partido não aceitou. “Estava até disposto a aceitar, mas diante dessa dificuldade, já que não temos tempo para ficar delongando mais, preferi abrir mão.”

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