Descrição de chapéu Eleições 2018

Após impasse, PT decide estrear campanha de Haddad com viagem ao Nordeste

Martelo foi batido nesta quarta, após resistência de parte da cúpula da sigla em oficializar plano B

Marina Dias Catia Seabra
Brasília e São Paulo

Após uma queda de braço dentro da cúpula do PT, a campanha de Fernando Haddad, vice na chapa petista ao Planalto, vai estrear publicamente, com viagens ao Nordeste, principal reduto eleitoral da sigla.

Nesta quarta-feira (15), poucas horas antes de o PT registrar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Haddad se reuniu em Brasília com dirigentes e governadores do partido e traçou um roteiro de viagens já para a próxima semana.

O candidato a vice-presidente de Lula na chapa do PT, Fernando Haddad, participa de sabatina de entidades do comércio, em Brasília
O candidato a vice-presidente de Lula na chapa do PT, Fernando Haddad, participa de sabatina de entidades do comércio, em Brasília - Pedro Ladeira - 14.ago.2018/Folhapress

Com a pressão desses petistas, que queriam acelerar a oficialização da campanha, as resistências internas foram superadas, nas palavras da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Haddad seguirá para sua primeira viagem na terça-feira (21).

Antes do embarque, o ex-prefeito vai se reunir com Lula para, mais uma vez, ser orientado sobre o discurso a ser adotado. Como mostrou a Folha, com aval do ex-presidente, Haddad já montou uma estrutura de candidato ao Planalto, com auxiliares e segurança que serão pagos pelo PT.

Gleisi era uma das pessoas que, na cúpula petista, defendia retardar a exposição do ex-prefeito de São Paulo para não naturalizar a ideia, já corrente, de que Lula não será de fato o candidato.

“Passamos por isso, mas jamais tivemos uma discussão sobre esconder Haddad, seria um erro crasso nosso. Isso está superado. Não tem mais dúvida, não tem mais polêmica. A campanha está na rua, quem vai fazê-la é Haddad”, afirmou Gleisi após a reunião.

“Nós queremos ganhar a eleição e quem quer ganhar a eleição tem que pedir voto”, declarou o governador da Bahia, Rui Costa, candidato à reeleição.

O primeiro porta-voz da tese de colocar o bloco na rua, que teve o aval de Lula, foi o ex-governador baiano Jaques Wagner.

Nesta quarta, após a reunião com Haddad, Jaques afirmou que não havia mais resistência à circulação do candidato a vice.

“Essa escolha de Sofia já foi superada”, declarou. “Temos pouquíssimo tempo, a campanha é curta. O nome do Lula é conhecido. Mas, como ele não pode fazer campanha, Haddad fará”, completou.

O ex-governador era cotado como plano B do PT caso Lula fosse impedido de concorrer. Ele, porém, declinou da missão e disse que, caso o registro do ex-presidente seja negado pelo TSE, “o jogo está jogado” com Haddad.

O próprio ex-prefeito afirmou que, a pedido de Lula, será a voz do ex-presidente enquanto ele permanecer preso.

No fim da tarde desta quarta, o PT registra a candidatura de Lula ao Planalto com Haddad na vice. O plano é que, depois de o TSE declarar o ex-presidente inelegível, Haddad assuma a cabeça de chapa, com Manuela D’Ávila (PC do B) na vice.

“Pela primeira vez um registro de uma candidatura é feito nos braços do povo. Uma multidão vem fazer o registro da candidatura. Chegamos até aqui, a despeito de muitos que não acreditavam, a despeito do golpe, que é continuado neste país”, disse Gleisi.

Lula está preso em Curitiba desde abril por corrupção e lavagem de dinheiro e, condenado em segunda instância, deve ser impedido de disputar a eleição de outubro com base na Lei da Ficha Limpa.

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