Em debate morno, realizado numa rádio local nesta terça-feira (28), os dois principais candidatos ao Governo de Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) e o senador Armando Monteiro (PTB), tentaram se afastar de qualquer ligação com o presidente Michel Temer (MDB).
Num dos poucos momentos de enfrentamento direto, Armando Monteiro lembrou que Paulo Câmara disse ter se arrependido de apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma.
Aproveitou para questioná-lo em relação ao senador Aécio Neves (PSDB) e lembrou que o governador costurou acordo para rifar Marília Arraes (PT) da disputa eleitoral pernambucana.
“Eu pergunto: nessa fase de arrependimento, você se arrepende de ter votado em Aécio Neves?”
Paulo, que pediu voto para o tucano no segundo turno das eleições presidenciais de 2014 contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), rebateu lembrando que o palanque de Armando é o da “turma de Temer”.
Enfatizou que o senador conta com dois ex-ministros do emedebista em sua chapa majoritária: os deputados Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB). Os dois são candidatos ao Senado.
“O Aécio Neves foi um apoio que ocorreu naquele momento e que perdeu as eleições. Tenho muito trabalho a fazer e queria aqui discutir Pernambuco”, disse Câmara.
No encontro, o primeiro desta campanha eleitoral, o governador foi cobrado por promessas feitas em 2014 e não cumpridas na sua gestão, a exemplo de hospitais e de duplicação de estradas.
O pessebista repetiu o tom que vem adotando na campanha e jogou a não realização de obras prometidas na conta do Governo Federal.
“Enfrentamos a maior crise da história, que foi agravada por Temer, e Pernambuco teve que priorizar o que era importante diante da queda de recursos, mas priorizamos e fizemos muita coisa que não estava no programa, principalmente na questão da água”, salientou.
No fim do debate, Câmara fez uma nova promessa: pagar um 13º referente ao Bolsa Família. Nas considerações finais, não detalhou a proposta, mas a assessoria do candidato explicou posteriormente que a parcela, no valor de R$ 150, será destinada a 1,1 milhão de pessoas em extrema pobreza.
Ao responder o questionamento de um jornalista, o senador Armando Monteiro se mostrou arrependido de ter apoiado e votado a favor da federalização do Porto de Suape. Após o embate, reafirmou a mudança de posição.
“Quando a autonomia era de Pernambuco, os investimentos não aconteceram como gostaria. Imaginei que, ao federalizar, pudéssemos acelerar investimentos importantes em Suape, o que não aconteceu”, reconheceu.
Em entrevista, Câmara declarou que foi muito cobrado e que terá oportunidade de mostrar, durante a campanha, tudo o que fez. Ele acusou Armando de tentar enganar o povo pernambucano ao ligá-lo a Temer.
“Pernambuco foi retaliado. É só olhar a autonomia de Suape, que foi marcada a data. E, como nós nos posicionamos contra a reforma trabalhista, ele cancelou e, até hoje, a autonomia não aconteceu."
Armando ressaltou não ver contradição de declarar voto em Lula e ter dois ex-ministros de Temer no palanque. Ao falar de Bruno Araújo e Mendonça Filho, o senador ressaltou como qualidade dos dois o fato de serem ficha limpa.
“Considero que, no caso do presidente Lula, ainda não esgotamos todas as instâncias.” O petista foi condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro. A Lei da Ficha Limpa impede pessoas condenadas por órgãos colegiados se candidatarem a cargos eletivos.
Participaram também do debate os candidatos Maurício Rands (Pros) e Dani Portela (PSOL).
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