Diante da contrariedade dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), o presidente da República, Michel Temer, fez um acordo com os dois e vai levá-los na viagem que fará ao Paraguai no próximo dia 15, para a posse do presidente eleito do país, Mário Abdo Benítez.
A informação foi confirmada por assessores dos três presidentes. Eles viajarão no mesmo avião e voltam no mesmo dia. Enquanto eles estiverem fora, quem assume o Palácio do Planalto é a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia.
A viagem de Temer ao Paraguai transformou-se em uma novela com idas e vindas. Primeiro, o presidente havia decidido viajar, mas recuou diante da pressão de Eunício e Maia, que não queriam deixar o país novamente durante a campanha eleitoral. Nesta quarta-feira (8), Temer voltou atrás e resolveu viajar, mas convidou os dois congressistas para irem com ele.
Os presidentes do Legislativo conversaram na terça-feira (7) e Maia foi ao Palácio do Alvorada nesta manhã para dialogar com Temer.
O presidente da República havia desistido da viagem da próxima semana e também de uma que faria no dia 7 de agosto para a Colômbia, onde participaria da posse do sucessor de Manuel Santos na Presidência, Iván Duque, eleito em abril.
Toda vez que Temer viaja, Maia e Eunício são os sucessores na linha presidencial já que o país não tem atualmente um vice-presidente.
Entretanto, pelo calendário eleitoral, desde abril, eles estão impedidos de ocupar interinamente o Palácio do Planalto para não se tornarem inelegíveis para novos mandatos como deputado e senador. Ambos tentam a reeleição.
Nesses casos, quem tem assumido o cargo é Cármen Lúcia.
Os dois congressistas já foram forçados a fazer quatro viagens para o exterior deste abril deste ano.
Na terça-feira, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) já havia indicado que Temer poderia mudar de ideia e viajar, o que foi confirmado pelo Planalto nesta manhã.
“Sabemos do transtorno que hoje representa para os presidentes da Câmara e do Senado, não só pessoalmente, mas para o funcionamento das Casas, uma viagem presidencial”, afirmou Marun.
“Todavia, haja vista o nível das relações entre Brasil e Paraguai, haja vista esta longa história de amizade e cooperação, o presidente está, sim, avaliando a possibilidade e até a necessidade de estar presente na posse do presidente eleito” disse o ministro.
Segundo auxiliares do presidente, Temer havia decidido viajar após ver que o esforço concentrado de Maia e Eunício não inclui propostas consideradas polêmicas, como o projeto de lei que viabiliza a privatização de distribuidoras da Eletrobras, em discussão no Senado.
Na entrevista concedida na terça, Marun afirmou que os projetos das distribuidoras e de cessão onerosa continuam sendo as prioridades do governo, que quer que os textos sejam votados ainda em agosto.
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