Descrição de chapéu Eleições 2018

Democrata desiste de candidatura em MG para unificar palanque de Alckmin

Rodrigo Pacheco será candidato ao Senado na chapa do tucano Antonio Anastasia

Carolina Linhares
Belo Horizonte

Um dia depois de confirmar sua candidatura em convenção e afirmar que resiste a pressões, o candidato ao governo de Minas pelo DEM,​ Rodrigo Pacheco, anunciou nesta segunda-feira (6) que abre mão da disputa e integrará a chapa de Antonio Anastasia (PSDB) como candidato ao Senado, como adiantou o Painel.

O anúncio foi feito em Belo Horizonte ao lado do próprio Anastasia, do candidato a presidente de República pelo PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Desde que o DEM acertou apoio a Alckmin nacionalmente, Pacheco tem sido pressionado a desistir para unificar o palanque do tucano e beneficiar Anastasia. 

Ao lado de Rodrigo Maia (DEM), Antonio Anastasia (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Pacheco (DEM) abriu mão de candidatura ao governo de Minas Gerais
Ao lado de Rodrigo Maia (DEM), Antonio Anastasia (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM) abriu mão de candidatura ao governo de Minas Gerais - Carolina Linhares/Folhapress

Até agora, porém, ele insistia na candidatura e chegou a convocar a imprensa para reafirmá-la em mais de uma ocasião. Pacheco dizia que seu partido desobrigou os estados de cumprirem o acordo nacional e que ainda considerava qual presidenciável iria apoiar. Houve, inclusive, aproximação com o PDT, de Ciro Gomes. 

Em entrevista à imprensa, Pacheco afirmou que atendeu a um apelo do seu partido para viabilizar de maneira definitiva um projeto nacional. "É nesse ato de desprendimento, com sacrifício de um projeto em que eu acreditava, de um sonho que é adiado, é que anuncio a minha disposição e o meu nome como candidato a senador", disse.

"Não podemos correr o risco de errarmos, de termos um desalinhamento histórico em Minas Gerais com o governo federal. Não podemos errar no voto para presidente da República e isso me moveu", completou, afirmando que a convergência de um palanque único dará a vitória a Alckmin no estado.
 

"O grande mote dessa nossa composição é realmente garantir que o presidente da República seja Geraldo Alckmin. Não queria ter sobre meus ombros a responsabilidade de frustrar esse projeto nacional em função de uma divisão da política em Minas Gerais", disse Pacheco.
 
O democrata, que está em seu primeiro mandato como deputado federal, se apresentava como uma opção de renovação e de terceira via em Minas, com o slogan de "nem um, nem outro" em referência a Anastasia e ao governador Fernando Pimentel (PT), que tenta reeleição.
 
Questionado sobre seu slogan, Pacheco disse ser algo natural da pré-campanha e da política, mas que nunca criticou a pessoa de Anastasia. Ele lembrou, inclusive que o tucano fomentou sua candidatura quando ainda relutava em concorrer.

Anastasia agradeceu o gesto de Pacheco: "Tenho falado desde o início no sentido de termos convergência entre Minas e o governo federal. Essa possibilidade está cada dia mais concreta".

Já Alckmin falou em resgatar a dívida que o país tem com Minas e também exaltou o movimento de Pacheco. "Um grande gesto de generosidade, uma luz importante mostrando para o Brasil inteiro a importância da conciliação."

Pacheco já tinha nomes para vice, Ana Paula Junqueira (PP), que agora será candidata a deputada federal, e para o Senado, Renzo Braz (PP), que será seu suplente. Antes na composição de Pacheco, o PP e o Patriotas também migram para a aliança tucana. 
 
Com a entrada de Pacheco na chapa do PSDB, o candidato ao Senado Carlos Viana (PHS) perdeu seu lugar. O PHS apoia Anastasia e tinha esperança de emplacar seu candidato. O outro nome para o Senado, porém, é Dinis Pinheiro (Solidariedade) e o vice é Marcos Montes (PSD).

Interferência

No domingo (5), Pacheco teve a candidatura confirmada em convenção, mas sem a presença dos caciques do DEM. Na ocasião, disse que mantinha a candidatura e que não havia chance de desistir.

"Não há pressões que eu tenha sentido. Obviamente que há sugestões, algum tipo de interferência. [...] Nós não aceitaremos qualquer tipo de interferência nesse sentido. [...] Nós não buscamos hora nenhuma essa perspectiva de desistência", disse.

Maia negou que o Democrata tenha feito uma intervenção na eleição mineira. Ele afirma que não houve uma determinação para a retirada da candidatura, mas "um pedido muito forte" para que Pacheco refletisse.

Segundo Maia, Anastasia pode vencer ainda no primeiro turno. Ele é o mais bem colocado nas pesquisas, seguido de Pimentel. "O que nós fizemos, desde sexta (3), foi um pedido de reflexão para o deputado Rodrigo Pacheco da compreensão de que essa vai ser uma eleição curta, difícil e onde Minas terá peso decisivo. E que ele entendesse que talvez todo nosso campo junto pudesse garantir  a vitória de Anastasia já no primeiro turno."

Maia comentou ainda a questão do PSB, cuja direção nacional comunicou a Marcio Lacerda, o candidato ao governo do partido, que ele não mais concorreria para atender a uma demanda do PT. Lacerda, porém, resiste e levou a questão para a Justiça.

"Foi um pedido muito forte, mas o DEM, diferente de outros partidos, nunca vai convidar Pacheco para uma reunião para informar que ele não será candidato. Ele deixa de ser candidato por uma compreensão dele, por um pedido forte do partido."

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