Descrição de chapéu Eleições 2018

Doria denuncia servidores de França por usar o Palácio para fazer campanha

Tucanos pouparam, porém, aliado de Alckmin que chefia pasta onde trabalhava secretária acusada

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São Paulo

​​A campanha do candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, João Doria, convocou nesta terça-feira (21) uma coletiva para denunciar a atuação eleitoral de uma funcionária do Palácio dos Bandeirantes, que usou email oficial para tratar de tema de campanha. 

A equipe de Doria vai acionar a Justiça para responsabilizar duas funcionárias e o governador Márcio França (PSB), mas poupará o titular da pasta onde as servidoras atuam, o tucano Saulo de Castro. 

O email foi trocado entre duas servidoras da Subsecretaria de Ações Estratégicas, vinculadas à Secretaria de Governo, que tem Saulo como titular. Ele é historicamente ligado ao ex-governador e presidenciável tucano, Geraldo Alckmin. 

Os tucanos apresentaram um email oficial mandado pela funcionária comissionada Gabriela Haddad Bizzotto, destinado a sua coordenadora, Vivian Satiro. O email, que faz apontamentos sobre o programa de governo de Doria, foi enviado sem querer para uma ex-funcionária do governo que hoje atua na campanha do tucano. 

A mensagem, intitulada “Pobreza – Documento JD”, diz que a campanha do Doria não contempla propostas em relação ao tema da pobreza. O email curto cita pesquisa do IBGE que registra aumento da pobreza, e ressalta que o plano também não menciona "garantia de direitos e acesso à cidadania das minorias”.

A mensagem foi mandada às 17h27 do dia 16, quando ocorreria o primeiro debate entre os candidatos a governador na TV Bandeirantes. 

Email recebido pela equipe de João Doria, mandado por funcionária do Palácio dos Bandeirantes
Email recebido pela equipe de João Doria, mandado por funcionária do Palácio dos Bandeirantes - Reprodução

Sem a presença de Doria, a coletiva foi dada no escritório da campanha tucana nos Jardins, com a presença do vice da chapa e coordenador da campanha, Rodrigo Garcia (DEM), e de advogados do PSDB.

“Está evidente agora que o Palácio dos Bandeirantes está se transformando em comitê eleitoral”, disse Rodrigo Garcia. Ele definiu a mensagem como "a ponta do iceberg, que reproduz de maneira simplista o que tem atrás disso". A campanha de Doria tem feito uma série de ofensivas na Justiça, acusando França de uso da máquina pública, conforme a Folha revelou. 

Segundo o advogado do PSDB, Flavio Henrique Costa Pereira, sua equipe entrará com representação por improbidade administrativa no Ministério Público e também no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por prática vedada. Ele afirma que será pedido um rastreamento dos computadores do setor onde trabalham as servidoras do governo, para verificar o eventual uso da máquina.

Questionado sobre o fato de as ações pouparem Saulo de Castro, Pereira afirmou que há apenas condutas das funcionárias e o governador como beneficiário. “Não há nenhum elemento que ligue ele [Saulo] a qualquer conduta da qual nós estamos tratando."

O advogado afirmou, porém, que se aparecer qualquer conduta de Castro no caso fará “o que for necessário”.

Mais cedo, em França criticou a campanha de Doria por uma estratégia imatura e inocente. 

“Todos os dias ele tem feito um jeito de polemizar comigo. Ele cada vez mais me coloca como se eu fosse um anti-Doria”, afirmou França, após cumprir agenda de campanha em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

“Acho tudo dele muito fake. A secretária que ele tá falando é uma secretaria de Secretaria de Governo, do Saulo de Castro, que é membro efetivo do diretório estadual do PSDB”, disse o governador.

Jonas Donizette, presidente estadual do PSB/SP e Coligação São Paulo Confia e Avança, afirmou que Doria perdeu uma oportunidade de corrigir seu plano de governo. "Uma servidora pública, de vários anos, manda um email para assessora do próprio Dória alertando que no seu plano de governo não constam propostas para soluções de pobreza e minorias. Engraçado, em vez de procurar arrumar o erro de seu de seu programa, se interessa mais em saber quem descobriu o erro", diz. 

Ele ainda afirma provoca o adversário de campanha, ao citar que Saulo de Castro "nomeado e de confiança do presidente do PSDB nacional, Geraldo Alckmin, deve saber perfeitamente porque, como tantos e tantos tucanos, não está apoiando João Dória".

A direção do PSDB rebateu a nota afirmação de Donizette, Segundo o partido, ele não tem "compreensão da gravidade de utilizar funcionários públicos para fins partidários, uma vez que ele próprio responde a uma ação na Justiça pedindo a cassação do seu mandato sob a mesma acusação:  uso da máquina pública".

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