Eleito em junho deste ano para cumprir um mandato-tampão como governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS) afirma que a descrença do eleitor brasileiro com a política é natural, diante de tantos casos de corrupção.

Essa descrença ficou clara nas últimas eleições do estado, quando mais da metade não quis escolher um candidato no segundo turno: 34,9% dos eleitores não compareceram, 23,46% dos votos foram nulos e outros 2,59%, em branco. 

Dentre os votos válidos restantes, Carlesse foi eleito com 75% e derrotou Vicentinho Alves (PR).

Carlesse, que era presidente da Assembleia Legislativa, já comandava o estado de forma interina desde março, quando o mandato do então governador Marcelo Miranda (MDB-TO) fora cassado por acusação de uso de caixa dois.

Mesmo eleito, o governador corre risco de ter também seu mandato cassado. 

Ele é investigado por supostamente usar a máquina pública para se eleger e liberar de forma irregular emendas parlamentares às vésperas da eleição suplementar.

Durante seu período como interino, foi alvo de uma operação da Polícia Federal, no dia 14 de junho, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão em órgãos públicos.

"Você vê falar mal dos políticos todos os dias, e com razão. É natural não acreditar mais em política", disse ele, em entrevista à Folha.

Carlesse, cuja candidatura à reeleição foi oficializada no sábado (4), nega as acusações e diz que as investigações foram "eleitoreiras". 

"Eu acho ridículo, em época de eleição, colocar o estado nessa condição sem prova alguma.
Primeiro se investiga, prova e depois coloca público. Tenho tranquilidade de dizer que não fizemos nada de errado. Não tenho preocupação", afirmou.

Em relação à divulgação de uma lista com 73 processos nos quais Carlesse figurava como réu, ele diz que "deve responder a uns 80 [processos]", mas que "em 99,9% não houve nenhuma condenação" e nenhuma envolveu uso irregular do dinheiro público.

"[Esses processos] São coisinhas... Um trabalhista que entrou contra o Carlesse. Um homem que foi empresário desde os 18 anos, você acha que é normal não ter processo? Só quem é político que não tem [processo], porque nunca teve nada, nunca fez um investimento. É normal", disse.

Com um mandato que se encerra neste ano, o governador afirma que a prioridade é manter a estabilidade durante o período. Ele se define como um "empreendedor rural" e destaca a importância de atrair investimentos privados ao estado, em áreas como energia e agronegócio.

"Se Deus nos permitir e nós passarmos de outubro, a gente tem um objetivo de fazer com que Tocantins seja olhado diferente. [...] Vamos apresentar o estado de forma positiva e não como um estado que só tem governador corrupto."