Descrição de chapéu Eleições 2018

Haddad, Dilma e Pimentel atacam adversários do PSDB em Minas Gerais

Ato petista foi repleto de ironias contra os senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia

Carolina Linhares
Belo Horizonte

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT), vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT), partiu para o ataque aos tucanos em ato nesta terça-feira (28), em praça de Belo Horizonte. Foi a primeira visita ao estado desde o início da campanha eleitoral. 

Falando do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Haddad afirmou que nunca imaginou que o neto de Tancredo Neves, a quem chamou de mártir da democracia, atentaria contra a democracia.

“No mesmo dia em que Dilma foi reeleita, começaram a desestabilizar o Brasil, as instituições. E infelizmente as pessoas que desestabilizaram as instituições brasileiras eram da oposição lideradas por Aécio Neves.”
 

Candidato a vice pela chapa do PT, Fernando Haddad, durante campanha
Candidato a vice pela chapa do PT, Fernando Haddad, durante campanha - Silvia Izquierdo - 28.ago.2018/AP

Ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado em Minas, e do governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição no estado, Haddad também criticou o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que concorre ao governo de Minas.

"O parceiro do Aécio nesse atentado chama Anastasia. 'Anastaécio' é uma coisa só, que trouxe muito mal para Minas Gerais", afirmou.

Haddad ainda ironizou o fato de Aécio ter desistido da reeleição ao Senado para concorrer a deputado federal. "O valentão de Minas correu pro mato, literalmente fugiu da briga."

O ex-prefeito mencionou uma reunião de apoiadores de Aécio no último sábado (25), feita em uma fazenda de Teófilo Otoni, a 450 km de BH, a qual só se chegava após 2 km de estrada de terra. “Ele fugiu pra tão longe que até publicou um mapa para localização de um ato em defesa dele. É uma coisa tão escondida, escondidinho de tucano, como dizem, que eu fui seguir o mapa e acabei no Rio de Janeiro”, disse.

A expressão “escondidinho de tucano” foi uma invenção do ex-presidente Lula em carta enviada a Minas Gerais no lançamento das candidaturas de Pimentel e Dilma.

O governador também comprou a briga com os tucanos, chamando Anastasia de "promotor do golpe" e "arquiteto dessa tragédia". Anastasia foi relator do impeachment de Dilma no Senado.

Pimentel ainda "expulsou" Aécio: "xô daqui nós não queremos essa gente aqui, vai pro Rio, vai pra Miami, sai do nosso pé, sai desse estado que não te pertence". 

Segundo o governador, Minas é a “principal trincheira da resistência democrática”, onde Dilma venceu Aécio em 2014. “A derrota dos golpistas vai começar em Minas Gerais, onde começou da outra vez”, disse.

 

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta (22), Lula e Dilma lideram no estado. Pimentel, porém, está atrás de Anastasia na intenção de votos. O governador enfrenta uma grave crise fiscal e parcela salários de servidores desde 2016. No ato, os petistas atribuíram a crise a um cerco do governo federal.

DOIS LADOS 

Em seu discurso, Dilma também ironizou Aécio, dizendo que deixou Minas Gerais na juventude por ter sido perseguida pela ditadura e não para “passear em São Paulo nem no Rio de Janeiro”. “Não fiquei lá nas praias do Rio me banhando no mar”, afirmou.

A ex-presidente condenou o impeachment e a prisão de Lula, dizendo que essa é uma eleição de dois lados e “não cabe ficar em cima do muro”.

"Um golpe que foi capaz de prender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem crime. Prendeu um inocente. E como disse quando sofri o impeachment. Você pode ter várias dores, mas tem uma dor que é insuportável, é a dor da injustiça”, disse.

“Quando você sabe que está sendo ferido não porque tenha cometido qualquer crime. Pelo contrário. Lula está preso pelas suas qualidades", completou.

A deputada estadual Manuela D’Ávila (PC do B-RS) também discursou no evento. “Minas tem a responsabilidade de devolver a Brasília a presidenta eleita do Brasil, de colocar Dilma no Senado”, disse.

A candidata a vice-governadora de Pimentel, Jô Moraes (PC do B), afirmou que Lula, Haddad e Manuela são “o tríplex mais amado do Brasil". 

O deputado federal Miguel Corrêa Jr (PT-MG), cujas empresas estão envolvidas no pagamento de influenciadores digitais para fazerem campanha para petistas, não foi anunciado no palco. Ele também é candidato ao Senado na chapa de Pimentel e Dilma.

Não houve entrevistas à imprensa após o evento. Na quarta (29), Haddad tem compromisso na capital mineira e concederá uma entrevista coletiva. 

ONU

Dilma e Haddad mencionaram ainda a chancela da ONU (Organização das Nações Unidas) para que Lula seja candidato. A ex-presidente afirmou que o Brasil assinou todos os tratados internacionais e que o Judiciário reconhece que se deve respeitá-los.

“Diziam o PT sabe que está errado. Sabe que não tem direito a essa candidatura. O PT está fazendo jogo de cena. E isso foi publicado de janeiro até agosto. E aí vem uma aula de democracia de fora, da ONU, dizendo o PT está certo em defender a honra do Lula e o direito de ele ser candidato”, disse Haddad.​

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