Em convenção austera, Alckmin defenderá reformas e geração de empregos

Aliviado por resolver novela de vice, tucano ainda não vai apresentar diretrizes de programa de governo no evento de sábado (4)

Geraldo Alckmin de mãos dadas com outros políticos
Geraldo Alckmin participa de convenção Nacional do PRB que confirmou apoio à candidatura do tucano à Presidência - Pedro Ladeira - 01.ago.2018/Folhapress
Daniel Carvalho
Brasília

Em uma convenção em que o PSDB pretende gastar, no máximo, R$ 1 milhão, o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), ao lado de lideranças do centrão, vai defender em seu discurso neste sábado (4) a realização de reformas e a retomada da geração de empregos.

No evento que vai oficializar a candidatura do ex-governador de São Paulo à Presidência da República, não haverá ainda a divulgação das diretrizes do programa do governo. Este capítulo, assim como o início da arrecadação de doações online, a chamada vaquinha virtual, serão iniciados somente a partir da semana que vem.

A convenção ocorrerá em um centro de convenções em Brasília, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de representantes dos partidos do centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) e de PTB, PPS e PSD, integrantes da aliança.

A recém-escolhida vice da chapa, senadora Ana Amélia (PP-RS), vai participar da convenção. A presença dela era incerta porque seu partido faz convenção no Rio Grande do Sul no mesmo dia.

Já a presença do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) não está confirmada. Desgastado pela Lava Jato, ele tentará apenas uma vaga de deputado federal.

Um dos problemas que Alckmin terá que enfrentar em sua campanha é justamente o envolvimento de aliados em esquemas de corrupção, o que abalou a imagem do partido e esvaziou parte das críticas que eram feitas mais contundentemente ao PT, rival histórico.

Ele também terá que se esforçar para dissociar sua imagem da do governo Michel Temer. O presidente chegou ao poder com apoio dos tucanos, fiadores do impeachment de Dilma Rousseff, e o partido ocupou ministérios importantes na gestão do emedebista.

Em meio às críticas que passou a receber desde que fechou o apoio com o centrão, Alckmin vai defender em seu discurso alianças e capacidade de diálogo para gerar consensos e boa governança.

Antes de ir à convenção do PSDB, Alckmin vai nos eventos de dois partidos aliados que realizam encontro neste sábado, PR e PPS.

No ato em Brasília, os tucanos querem passar imagem de austeridade, em um evento R$ 500 mil mais barato do que o valor orçado para o ato de lançamento de Henrique Meirelles como presidenciável do MDB. O cenário será simples, apenas com um palanque e um telão. O maior gasto será com cerca de 200 passagens e hospedagem de integrantes do partido.

A convenção começa às 8h30, mas o resultado da votação em que o nome de Alckmin será confirmado só deve sair no fim da manhã.

Em seu discurso que ainda passa por ajustes nesta sexta (3), o presidenciável pretende focar também em inovação e educação.

O tucano vai tratar ainda de agenda internacional, abordando questões de competitividade e crescimento produtivo e a necessidade de desarmar a bomba de efeito retardado gerada pelo rombo do déficit fiscal. Na agenda social, vai dar ênfase em segurança.

Desde que lançou sua pré-candidatura, o paulista de 65 anos nascido Pindamonhangaba já apresentou promessas como unificar IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins em um imposto único, o IVA (imposto sobre valor adicionado), reduzir o imposto de renda de pessoa jurídica, zerar o déficit primário em menos de dois anos, dobrar a renda do brasileiro, fazer, já nos seis primeiros meses, as reformas tributária, da Previdência, de Estado e política, reduzir dez ministérios, reduzir o número de senadores de 81 para 54 e cortar 120 dos atuais 513 deputados, criar guarda nacional subordinada às Forças Armadas e corrigir a tabela do SUS.

Alckmin foi escolhido candidato do PSDB à Presidência sob constante ameaça de seu apadrinhado político João Doria (PSDB), ex-prefeito de São Paulo que disputará o governo do estado.

Durante toda a pré-campanha, patinou nas pesquisas, alcançando, no máximo, 7% das intenções de voto. A esta dificuldade sempre respondeu que a campanha ainda não havia começado e que a população não sabia que ele disputaria a eleição.

Depois de muita negociação, conseguiu, com participação importante do comandante do PR, Valdemar Costa Neto, o apoio do centrão, o que garante ao tucano 40% do tempo de TV.

Também pesou a caneta do presidente Michel Temer, que ameaçou tomar cargos de integrantes do bloco que aderissem à campanha de Ciro Gomes (PDT), extremamente crítico do atual titular do Palácio do Planalto.

Conquistada a aliança, começou uma nova novela, a escolha que quem ocuparia o posto de vice em sua chapa.

O primeiro indicado pelo centrão, o empresário Josué Alencar (PR), postergou o quanto pôde sua decisão e acabou rejeitando a parceria.

Iniciou-se, então, a articulação por um novo vice. Foi aí que surgiu o nome de Ana Amélia, gaúcha, crítica do PT e ligada ao agronegócio, perfil que agrada ao eleitorado de Jair Bolsonaro (PSL), principal adversário de Alckmin no campo da direita.

Alckmin é médico anestesista, já foi vereador e prefeito em sua cidade natal. Foi deputado estadual e federal. Depois, governou São Paulo por quatro vezes.

Viciado em café —toma até 15 por dia, com açúcar— é conhecido entre aliados por gostar de contar causos, piadas politicamente corretas e por adotar citações em seus discursos. Uma das mais constantes é em latim: sublata causa, tollitur effectus (suprima a causa que o efeito cessa).

 
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