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Em fazenda de Goiás, Marina Silva acena ao agronegócio e critica lei do agrotóxico

Candidata prometeu facilitar crédito no Plano Safra e defendeu o agronegócio sustentável

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Ipameri (GO)

Em visita a fazenda modelo no interior de Goiás, a candidata Marina Silva prometeu nesta sexta-feira (24) crédito para produtores e criticou projeto que facilita a regulamentação de agrotóxicos proibidos em outros países.

A candidata da Rede à Presidência fez um aceno ao agronegócio ao visitar a fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no interior de Goiás.

A candidata à presidência da república Marina Silva (REDE) visita a fazenda Santa Brígida, nas proximidades da cidade de Ipameri, em Goiás. - Pedro Ladeira - 24.ago.2018/Folhapress

A propriedade é modelo da Embrapa em integração lavoura-pecuária-floresta, uma das técnicas de agricultura de baixa produção de carbono defendida no programa da candidata.

“O projeto [agrotóxicos] não é adequado para o Brasil se tornar um país cada vez mais competitivo na agricultura. Nós temos um potencial de exportações muito grande, e quanto melhores forem as nossas práticas maior será a abertura para os mercados”, afirmou a candidata ao ser questionada se vetaria o projeto de lei. 

Patrocinado pela bancada ruralista na Câmara, o texto aprovado em comissão neste ano derruba restrições à aprovação e uso de agrotóxicos no Brasil, incluindo os mais perigosos, que tenham características teratogênicas —causadoras de anomalias no útero e malformação no feto—, cancerígenas ou mutagênicas.

Também altera toda a legislação relativa a agrotóxicos, criando um rito bem mais sumário para a aprovação de novos produtos.

“Não é necessário que a nossa agricultura utilize agrotóxicos condenados nos Estados Unidos e na Europa”, disse a candidata. “O que não é bom para eles, também não é bom para os brasileiros, e isso só dificultará a entrada dos nossos produtos nos mercados europeus.” 

Ela prometeu ampliar e facilitar o acesso a crédito no Plano Safra e ampliar tecnologias da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

“O agronegócio não é homogêneo, não venham generalizar como se todos fizessem errado”, afirmou a candidata, ambientalista. 

Marina criticou o agronegócio tradicional e disse que aqueles que não fazem agricultura sustentável terão que “se adaptar ao processo produtivo”.

A ex-senadora enfrenta resistências com o setor, um dos mais poderosos da economia e do Congresso Nacional. Em 2013, por exemplo, antes de sua segunda tentativa de chegar ao Planalto, a então pessebista foi chamada de preconceituosa por entidades de ruralistas.

Questionada sobre como seria o relacionamento com a bancada ruralista no Congresso, que patrocina projetos como o do agrotóxico, Marina disse que seu governo pretende lidar direto com os produtores.

“Não podemos achar que os produtores vão terceirizar a sua relação com o governo, eles terão canal aberto de diálogo, sem nenhum tipo de discriminação”, afirmou. 

Marina Silva saiu de Brasília, a cerca de 300 km de Ipameri, às 7h desta sexta. De van, a candidata viajou as quatro horas com coordenadores de campanha, equipes de filmagem e fotografia e também maquiador. 

Parou no meio da viagem para fazer a maquiagem em um posto de estrada, gerando perguntas dos funcionários para a comitiva que a acompanhava. Um deles quis saber se o grupo, composto também por jornalistas, ia a um casamento, porque “estão maquiando uma moça ali”.

Na fazenda, ouviu as falas de pesquisadores e da dona da fazenda, Marize Porto, que defendeu o uso de agrotóxicos na produção em quantidades moderadas. “A aspirina é um tóxico. A diferença entre remédio e tóxico é a quantidade, e remédio é caro, nenhum produtor é burro de usar doses a mais”, afirmou. 

O agrônomo Roberto Freitas, consultor da fazenda, também afirmou que é preciso mudar a imagem do agronegócio. “Eu sei o que os grandes centros pensam, o que a sociedade pensa do agronegócio. A gente tem que mudar essa imagem”, afirmou. 

Depois, a candidata visitou as pastagens da propriedade e um parreiral, onde posou para fotos cortando cachos de uva. Com pouca familiaridade com a tesoura usada, brincou com o passado de seringueira: “Se fosse cortar seringa, deixa comigo!”

*A jornalista viajou a convite da campanha.

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