Descrição de chapéu Eleições 2018

Em horário nobre, Dilma mescla sua imagem com a de Lula

Ela criticou o impeachment e a prisão de Lula, enquanto defendeu a luta pela democracia e desigualdade

Carolina Linhares
Belo Horizonte

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), candidata ao Senado em Minas Gerais, usou seu programa eleitoral em horário nobre para defender os programas sociais dos 13 anos de PT no governo federal. A petista intercalou fotos suas no meio do povo com fotos do ex-presidente Lula, preso em Curitiba e candidato ao Planalto. 

Ao contrário do programa exibido durante a tarde, quando Dilma priorizou seu jingle, a propaganda da noite teve discurso da ex-presidente. Ela criticou o impeachment e a prisão de Lula, enquanto defendeu a luta pela democracia e desigualdade. 

O programa trouxe também uma fala de Lula, qualificando Dilma como uma pessoa séria, competente e de confiança. Outra novidade em relação à peça exibida à tarde foram entrevistas com beneficiários de programas sociais. 

Governador de Minas e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT), também alterou seu programa para o horário nobre, incluindo sua biografia e falas de eleitores que o apoiam. Permaneceu, porém, a intenção de colar sua candidatura aos nomes de Lula e Dilma. 

Pimentel incluiu ainda uma crítica ao presidente Michel Temer (MDB), afirmando que seu próximo mandato em Minas será melhor que o atual porque o país terá um governante compromissado e do seu campo de esquerda. "O pesadelo do Brasil, que é esse governo Temer, acaba agora, dia 31 de dezembro."

Na propaganda exibida à noite, porém, Pimentel não atacou seus adversários, os senadores Antonio Anastasia (PSDB), candidato ao governo, e Aécio Neves (PSDB), candidato a deputado federal. A peça anterior responsabilizava os tucanos pela crise financeira do estado. 

Já Anastasia subiu o tom em relação ao programa exibido à tarde. Ele incluiu uma crítica às obras paradas no estado e responsabilizou Pimentel por não ter entregado sete hospitais.

PRIMEIRO PROGRAMA

Em seu primeiro programa eleitoral na TV, Dilma usou seu jingle que fala em "mulher valente e guerreira". A ideia de resistência, luta e firmeza foi o mote da propaganda. 

Não foram exibidos discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência e preso em Curitiba pela Operação Lava Jato. O petista apareceu, contudo, em diversas imagens ao longo do programa. 

Também não houve uma fala de Dilma ao público, mas poucos trechos de discursos sobre o enfrentamento da ditadura e do impeachment. "O que mais dói é a injustiça", diz a ex-presidente.

Foi no programa do governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição, que a voz de Dilma apareceu por mais tempo. O petista usou seu discurso e o da ex-presidente na convenção partidária que confirmou as candidaturas, no início do mês. 

Pimentel colou sua candidatura às figuras de Lula e Dilma, repetindo que está do lado certo, do lado do povo. Ele também usou trechos de seu discurso e da ex-presidente em que atacam os principais adversários em Minas, os senadores Antonio Anastasia (PSDB), candidato ao governo, e Aécio Neves (PSDB), candidato a deputado federal. 

De 2003 a 2014, Aécio e Anastasia governaram Minas. O programa petista afirma que Anastasia destruiu as finanças do estado e entregou um governo falido a Pimentel. Desde 2016, o governo paga o funcionalismo de forma parcelada e acumula dívidas de repasses às prefeituras. 

Anastasia, por sua vez, em seu programa, diz que o desgoverno da atual gestão é que colocou o estado em crise e que não será tarefa fácil resgatar as finanças de Minas. O tucano tem o maior tempo na TV. 

O nome de seu padrinho político, Aécio, foi mencionado apenas uma vez, quando a narração fala sobre a trajetória política de Anastasia. "Em 2003, foi chamado por Aécio para resolver a crise em Minas", diz. 

Réu sob acusação de corrupção e obstrução de Justiça, Aécio não participou de nenhum ato da campanha de Anastasia e desistiu de concorrer à reeleição no Senado, evitando assim fazer parte da chapa do candidato a governador. 

No programa, Anastasia reforça de forma implícita a ideia de que não terá influência de Aécio em um eventual governo. "Anastasia sempre foi Anastasia. [...] Sempre tomou as próprias decisões", diz a narração.

"Sob a minha liderança, a minha responsabilidade, os meus princípios e a equipe que eu escolher. Porque cada vez que eu assino alguma coisa, é o meu nome que está ali", completa o candidato.

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