Descrição de chapéu Lava Jato

Entusiasta de Moro, Alvaro Dias foi autor de projetos anticorrupção no Senado e foi citado em delações

PGR não encontrou indícios para apurar citação sobre parlamentar em delação

Ana Luiza Albuquerque
Curitiba

No Senado, o presidenciável Alvaro Dias (Podemos) tem focado na pauta anticorrupção. Na oficialização de sua candidatura ao Planalto, anunciou que convidará o juiz Sergio Moro para ser ministro da Justiça.

"Eu posso querer, eu tenho o direito de querer. E eu posso convidá-lo. Outros não podem", afirmou em sabatina com representantes do agronegócio nesta quarta (29).

Dias, de fato, apresentava propostas de combate à corrupção antes de ser deflagrada a primeira fase da Lava Jato, em 2014.

O candidato à Presidência Alvaro Dias (Pode) durante entrevista à Folha de S.Paulo
O candidato à Presidência Alvaro Dias (Pode) durante entrevista à Folha de S.Paulo - Rafael Hupsel - 20.ago.2018/Folhapress

Ele é autor, por exemplo, da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) contra o foro privilegiado, protocolada em 2013. Aprovada no Senado, a proposta agora tramita na Câmara dos Deputados.

Em 2012, foi relator do projeto de lei que busca incluir a corrupção no rol de crimes hediondos, também em tramitação na Câmara.

Dias presidiu, ainda, a CPI do Futebol (2000) e foi membro titular da CPI dos Correios, em 2005.

O candidato à Presidência não foi acusado formalmente no âmbito da Operação Lava Jato, mas foi citado em algumas delações, como a de Pedro Novis, da Odebrecht.

Novis disse que a empreiteira pagou propina a pessoas ligadas a Dias, quando governador.

A PGR (Procuradoria-Geral da República), no entanto, não encontrou indícios suficientes para abrir uma investigação.

Dias é próximo do empresário Joel Malucelli, dono do grupo J. Malucelli. A empreiteira do conglomerado foi alvo da 49ª fase da Lava Jato. O amigo de Dias é presidente do Podemos no Paraná e foi seu suplente no Senado até o início de julho, quando pediu licença.

A construtora integra o Consórcio Norte Energia, que venceu o leilão para a construção da hidrelétrica de Belo Monte em 2010. Segundo investigações, o governo federal teria atuado indevidamente para garantir a vitória do consórcio. Em nota, o grupo negou ter feito pagamentos indevidos.

O senador também foi acusado de ter se beneficiado de recursos públicos da prefeitura de Maringá (PR) para financiar sua campanha em 1998. A assessoria do ex-governador ressalta que a denúncia foi arquivada.

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