Descrição de chapéu Otavio Frias Filho

Leitores da Folha participam de cerimônia em homenagem a Otavio Frias Filho

Cerca de 500 pessoas, entre familiares, amigos e representantes da sociedade, estiveram em ato

São Paulo

​Maria Inovete Padilha Bezerra, 85, aposentada, começou a ler a Folha na época da campanha das Diretas Já, porque, segundo ela, o jornal refletia seus anseios e de boa parte da população brasileira pela volta da democracia.

Quando soube da morte de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha e um dos mentores do apoio do jornal às Diretas Já, ela achou que deveria participar da cerimônia inter-religiosa em homenagem a ele, realizada nesta segunda-feira (27).

“Eu admirava muito o trabalho dele através das páginas do jornal”, disse a leitora, que saiu cedo de sua casa, na av. Nove de Julho, no centro de São Paulo.

O ato, na Matriz Paroquial Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Sumaré, zona oeste de São Paulo, foi celebrado por dom Fernando Antônio Figueiredo, bispo emérito da diocese de Santo Amaro, Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista, e Priscila Veltri, do centro budista Chagdud Gonpa Odsal Ling, em São Paulo.

Cerimônia inter-religiosa em homenagem a Otavio Frias Filho, nesta segunda-feira (27), na Matriz Paroquial Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em SP
Cerimônia inter-religiosa em homenagem a Otavio Frias Filho, nesta segunda-feira (27), na Matriz Paroquial Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em SP - Danilo Verpa/Folhapress

Jornalista, dramaturgo e ensaísta, Otavio (1957-2018) foi vítima de um câncer. Durante 34 anos, ocupou o cargo de diretor de Redação da Folha, período em que o jornal se tornou o maior e mais influente do Brasil. Foi mentor do Projeto Folha, que modernizou o jornalismo brasileiro na década de 1980. 

Sob a gestão de Otavio, o veículo consolidou-se como uma referência no jornalismo apartidário, pluralista, crítico e independente. 

Outro leitor presente, Fernando Freire, 62, psicólogo, tornou-se assinante da Folha quando cursava graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) no Rio de Janeiro. Sempre teve o caderno Ilustrada como uma referência e se lembra com exatidão da cobertura feita pelo jornal do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.

“Eu acompanhava os textos do Otavio. Como somos da mesma idade, também me reconhecia no trabalho que ele realizava”, disse Freire.

Karin Bakke de Araújo, 72, professora, decidiu comparecer à cerimônia em homenagem a Otavio quando soube que seria um ato inter-religioso. Para ela, isso é um reflexo do que mais gosta nas páginas da Folha: o pluralismo.

Karin costuma utilizar o Manual de Redação da Folha em suas aulas de literatura e língua portuguesa, porque o considera um das melhores referências da linguagem jornalística e de sua diferença para a linguagem literária.

Suely Maria Silva, 69, aposentada, cresceu vendo o pai ler a Folha todos os dias. Quando ele morreu, 30 anos atrás, ela manteve a assinatura, porque considera que já fazia parte de sua história. “Não sei ficar um dia sem abrir o jornal”, disse.

Ela conta que se assustou quando leu sobre morte de Otavio, porque não sabia que ele estava doente. Não conseguiu ir ao velório, mas compareceu à cerimônia em sua homenagem.

Galeno Palma Cardoso, 71, engenheiro, e Carmem Palma Rennó, 65, artista plástica, passavam na frente da igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima, próxima de sua residência, quando viram a movimentação e entraram. Ao descobrir que seria uma homenagem ao diretor de redação da Folha, o casal decidiu ficar. São assinantes da edição digital do jornal.

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