Descrição de chapéu Eleições 2018

Marina foi a mais interrompida em entrevista com tempo equilibrado no JN

Globo ouviu candidatos à presidência da Rede, PDT, PSDB e PSL

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Débora Sögur Hous
São Paulo

Na série de entrevistas com os candidatos à Presidência da República, William Bonner e Renata Vasconcelos, editores e apresentadores do Jornal Nacional, ocuparam em média mais de um terço dos  27 minutos dados a cada candidato. A Globo convidou Marina Silva (Rede), na quinta (30), Geraldo Alckmin (PSDB), quarta (29), Jair Bolsonaro (PSL), terça (28), e Ciro Gomes (PDT), na segunda (27).

Levantamento da Folha aponta que a diferença de tempo que cada candidato usou variou menos de 1 minuto. Marina Silva (Rede) falou por 16 minutos e 42 segundos.

Única mulher entre os candidatos, a ex-ministra foi interrompida mais vezes pelos jornalistas da Globo. Foram 26 cortes enquanto Marina Silva falava. Foi seguida por Geraldo Alckmin (PSDB), com 19, Ciro Gomes (PDT), 17 e Jair Bolsonaro (PSL), 15.

O levantamento considerou como interrupção quando o candidato, ou os entrevistadores, não conseguiram finalizar seu raciocínio porque foram cortados. Falas que prosseguiram até a conclusão, ignorando a tentativa de interrupção, com interlocutores falando ao mesmo tempo, foram consideradas finalizadas.

Das 26 interrupções na fala de Marina, 16 foram feitas por Bonner e 10 por Renata Vasconcelos. Em média, a jornalista que divide a bancada do jornal foi quem menos falou durante as entrevistas, ocupou 13,3% do tempo. Bonner falou cerca 27,6% do tempo das entrevistas. O tempo utilizado por Marina Silva, durante os 27 minutos regulares nas quatro noites de exibição, foi similar ao dos outros candidatos.

Marina falou por 16 minutos e 42 segundo, em contagem realizada pela Folha; Bolsonaro ficou com 16 minutos e 22 segundos; Alckmin usou 16 minutos e 43 segundos em suas respostas; Ciro Gomes, 15 minutos e 39 segundos.

Marina avançou em suas respostas sem ceder a diversas tentativas de interrupção durante o Jornal Nacional. Vasconcellos e Bonner precisaram, porém, confrontar a candidata por causa de respostas mais longas do que as dos concorrentes. Os jornalistas insistiram com Marina duas vezes que era preciso dar prosseguimento à entrevista com temas diversos.

A questão que mais causou interrupções, no caso da candidata, recaiu sobre as coligações de seu partido, a Rede, com outras legendas, em particular nas eleições estaduais. Para os jornalistas, as coligações com PT, PSDB e PMDB tornam contraditórias antigas críticas de Marina a respeito das alianças políticas. Ela se defendeu dizendo que “pessoas boas têm em todos os partidos”.

Alckmin foi contestado, entre outros pontos, porque o PSDB, não afastou políticos denunciados por corrupção, entre eles, Aécio Neves. Alckmin lembrou que Aécio foi afastado da presidência do partido. Também bateu na mesma tecla, diversas vezes, de que a Justiça precisa ser respeitada e que é preciso esperar o julgamento dos políticos acusados. Em um momento tenso da entrevista, disse que são mentirosas as delações da Odebrecht na Operação Lava Jato que o mencionam.

Os entrevistadores também questionaram o ex-governador de São Paulo sobre sua aliança com o chamado centrão, exemplificado com um suposto apoio do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC) ao tucano. PTC e PSDB são coligados no âmbito estadual, mas não no nacional, em que o PTC apoia a candidatura de Alvaro Dias (PODE).

Ciro Gomes foi confrontado especialmente sobre a divulgação em campanha do programa para tirar o nome de endividados do SPC. "O Meirelles aderiu", disse, mencionando que a proposta está sendo copiada por adversários.

O pedetista foi o candidato que menos falou na entrevista. Com as constantes interrupções, Ciro chegou a fazer "psssssiu!" a William Bonner para tentar explicar sua proposta. Gomes também teve dificuldade em explicar sua visão sobre o enfrentamento da violência e sobre sua estratégia política com uma chapa puro-sangue.

Bonner, ao dizer que Ciro teve uma trajetória partidária bem variada, foi interrompido pelo candidato no "variada". "Trágica", corrigiu Ciro. Ciro interrompeu os entrevistadores nove vezes.

Bolsonaro foi interrompido ao tentar mostrar o livro “Aparelho Sexual e Cia.”, quando criticava a ação de ativistas gays no Congresso e no governo.

O presidenciável apresentou a publicação como parte do "kit gay", distribuído pelo governo federal em bibliotecas escolares. O Ministério da Educação afirma que jamais encomendou o título. O Ministério da Cultura adquiriu 28 exemplares para bibliotecas públicas, não para escolas.

Segundo a Globo, foram convidados “os principais candidatos da pesquisa da semana anterior que estejam aptos para estar presencialmente no estúdio”. Preso em Curitiba, Lula não foi chamado.

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