Descrição de chapéu Eleições 2018

Marina Silva mira mulheres e fala de saúde e igreja em estreia na rua

Presidenciável visitou ambulatório mantido por médicos voluntários na zona leste de São Paulo

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São Paulo

Foi com a bênção de um padre que a evangélica Marina Silva iniciou a campanha de rua em sua terceira corrida presidencial. Nos discursos, ela mencionou propostas para a saúde e mirou o eleitorado feminino.

“Deus ilumine vocês”, disse o padre Luiz José de Almeida Souza ao abraçar a candidata da Rede, no Cangaíba (zona leste de São Paulo), nesta quinta-feira (16). Ao lado dela, seu vice, o ex-deputado e médico Eduardo Jorge (PV).

“Tempos difíceis, mas estamos aqui para isso”, a ex-senadora falou ao padre antes de visitar o espaço anexo à Igreja Bom Jesus do Cangaíba onde funciona um serviço voluntário de médicos.

Marina Silva (Rede) visita ambulatório da Igreja Bom Jesus do Cangaíba, zona leste de São Paulo
Marina Silva (Rede) visita ambulatório da Igreja Bom Jesus do Cangaíba, zona leste de São Paulo - Diego Padgurschi/Folhapress

O ambulatório, que atende gratuitamente moradores desde a década de 1970, tem entre os fundadores o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), que é candidato a deputado federal e tem base eleitoral na região.

Marina percorreu as salas de consulta e falou com voluntários. Um deles, o médico Rogério Bernardo, que atende no local há quatro anos, lhe desejou sorte.

“Se Deus quiser, a senhora vai conseguir”, disse à presidenciável. “Se Deus e o povo brasileiro quiserem”, respondeu ela. A passagem da candidata transcorreu sem tumultos.

Marina disse que escolheu o local por uma simbologia: quis reforçar o compromisso, caso seja eleita, com a saúde pública, que “vive uma situação dramática”. Defendeu “fechar o dreno da corrupção” para conseguir canalizar mais recursos para a área.

“Mudar o Brasil é não permitir que aqueles que criaram os problemas sejam vistos como aqueles que irão resolver os problemas”, afirmou Marina ao lado do aliado Natalini, que fez parte na capital da gestão do PSDB —um dos partidos comumente citados por ela como responsáveis pela crise.

O verde foi secretário de Meio Ambiente do governo do tucano João Doria por oito meses em 2017. Antes de ser demitido, ele denunciou um suposto esquema ilegal na pasta.

A presidenciável disse ainda que quer “tratar da saúde das pessoas e da saúde do Brasil”, já que o “país está quase que numa UTI”.

Após a visita ao posto médico, a ex-senadora discursou no salão paroquial da igreja, dirigindo-se principalmente às mulheres, fatia do eleitorado em que ela obtém mais intenções de voto.

“Nós somos mulheres corajosas, [virando-se para os homens] homens, nos deem licença. Às vezes a gente tem que ficar provando o tempo todo”, afirmou.

“Somos mais da metade da população brasileira. Nós vamos gerar no útero dessa nação um novo Brasil, porque, se as mulheres quiserem, elas podem fazer a diferença”, completou a ex-senadora.

Eduardo Jorge usou o mesmo tom em sua fala. “Mulheres, principalmente, vejam a vida dessa mulher e saibam que ela vem para trabalhar pela vida dos nossos filhos, pela grandeza do nosso país”, afirmou.

Marina Silva (Rede) fala a apoiadores em salão paroquial, no seu primeiro dia de campanha na rua - Diego Padgurschi/Folhapress

Fiel da Assembleia de Deus, a senadora frisou que estava fazendo uma visita institucional à igreja e que no salão também ocorrem atividades da comunidade —ali funciona um centro de convivência para crianças e adolescentes e uma escola de moda.

Ela agradeceu ao padre Luiz e falou que ele não está envolvido na campanha. “Ele é um democrata e está nos recebendo aqui.”

Segundo a presidenciável, o espaço era “muito simbólico” para fazer o lançamento de sua campanha. 

Ela lembrou que foi graças à ajuda de um bispo católico do Acre que, na juventude, conseguiu ser encaminhada para tratamento médico em São Paulo. Buscava a cura para uma terceira hepatite, depois da quinta vez em que contraiu malária.

Marina se disse grata à capital paulista e aos médicos que a trataram gratuitamente, permitindo que ela sobrevivesse e hoje pudesse disputar pela terceira vez a Presidência.

Casamento gay

A jornalistas, Marina disse que não mudou de posicionamento sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo. Seu recém-divulgado programa de governo avançou na pauta LGBT na comparação com o anterior, de 2014.

“Não há uma mudança de posicionamento. Existe uma resolução [de 2013] do CNJ [Conselho Nacional de Justiça] que já estabelece a união homoafetiva. O que está sendo dito [no programa] é que, se isso se transformar em uma iniciativa de lei, será acolhido”, afirmou a candidata.

O plano de governo dela promete: “Acataremos a demanda de que os direitos decorrentes dessa decisão sejam protegidos por lei”. 

Na eleição passada, a hipótese não era considerada e a presidenciável falava apenas em união civil, não em casamento. Ela foi criticada por alterar propostas sobre gênero e orientação sexual menos de 24 horas de divulgar seu programa à época.

Marina afirmou nesta quinta que caberia ao Congresso Nacional apresentar uma proposta “dessa magnitude” e que não há a intenção de que um eventual governo dela tome iniciativa do tipo.

“Vivemos numa democracia e num Estado laico. Os direitos civis das pessoas devem ser respeitados”, disse ela.

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