Descrição de chapéu Eleições 2018

Militantes usam trens da CPTM para recolher assinaturas para novo partido

Unidade Popular pelo Socialismo (UP) realiza campanha em São Paulo e em outros 17 estados

Katia Flora
São Paulo

Com a promessa de criar um novo partido de trabalhadores, um grupo de movimentos sociais realiza pelo país uma campanha para a criação da Unidade Popular pelo Socialismo (UP).

De olho no eleitorado da periferia, cinco vezes por semana os integrantes circulam entre os vagões dos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos em São Paulo, arrecadando assinaturas para criar a nova legenda.

Militantes recolhem assinaturas em trem da CPTM para criar o partido Unidade Popular pelo Socialismo
Militantes recolhem assinaturas em trem da CPTM para criar o partido Unidade Popular pelo Socialismo - Kátia Flora/Folhapress

São necessárias, segundo a legislação, 500 mil assinaturas para pedir o registro do partido. Os organizadores dizem já ter 315 mil assinaturas conferidas, e mais 277 mil estão em análise por cartórios. 

O nome da legenda é inspirado na experiência da esquerda chilena na década de 1970, que se chamava Unidade Popular e teve à frente o presidente Salvador Allende, derrubado por um golpe em 1973.

Um dos ativistas que recolhem assinaturas é o metroviário Ricardo Senese, 31, que foi demitido em 2014 após uma greve. Ele retornou ao trabalho após quatro anos, em abril.

"Sou um dos demitidos acusados de atos de vandalismo pelo governo anterior. Durante esses quatros anos os demitidos mantinham-se com a solidariedade de contribuição da categoria para receber parte do salário", diz.

O grupo tem uma sede alugada no Jabaquara, que divide moradia com alguns ativistas. 

Em outros estados, coletivos, sindicatos e entidades cedem as salas para reuniões e organização do trabalho.

Além de São Paulo, o partido realiza campanha em 17 estados. Em cada local, há um presidente estadual e coordenador da legenda.

Na capital paulista, a presidente é Vivian Mendes, 37. "Os movimentos não se sentem representados por esses partidos que existem. Temos que ter representação realmente da maioria da nossa população", diz.

Eles dizem acreditar ser possível construir outra política no Brasil. Segundo Mendes, a UP quer ser construída "no meio do povo" —a ideia é priorizar a organização popular, com plenárias para mobilização.

O presidente da Executiva Nacional, Leonardo Péricles Vieira Roque, 36, mineiro de Belo Horizonte, foi o presidente-fundador da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (AMES-BH).

O novo partido, diz ele, não tem "figurões da política, caciques, nem grandes empresários". "Queremos formar milhares de lideranças populares, vindos das periferias e das lutas sociais, única possibilidade em nossa opinião, de vermos mudança efetiva na política brasileira".

Para ele, a eleição sem Lula não é democrática e terá altos índices de votos brancos e nulos.

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