Descrição de chapéu Otavio Frias Filho

Atores, diretores e escritores lamentam a morte de Otavio

Jornalista, dramaturgo e ensaísta, que modernizou o jornalismo brasileiro e comandou a Folha por 34 anos, foi vítima de câncer

Otavio Frias Filho em leitura da peça “Rancor”, de sua autoria, na Oficina Oswald de Andrade, em 1993 
Otavio Frias Filho em leitura da peça “Rancor”, de sua autoria, na Oficina Oswald de Andrade, em 1993  - Lenise Pinheiro/Local Foto/Folhapress
São Paulo

​​Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo, morreu nesta terça-feira (21) de um câncer originado no pâncreas.

Atores, diretores de teatro, escritores e editores, além de amigos, repercutiram a notícia.

Bete Coelho, atriz e amiga, atuou recentemente em "O Terceiro Sinal", peça de Otavio 

"Ele deixa um buraco sem tamanho no país, por ser um homem digno. Uma inteligência que conseguiu permear o país através do que escreveu no jornal, nos ensaios, na dramaturgia. Vai fazer uma falta enorme no pensamento do Brasil. Um homem desses, generoso, carinhoso, e eu tive o privilégio de ser sua amiga. A última peça, 'O Terceiro Sinal', no Oficina, foi muito feliz. Ele viu várias vezes, estava bem presente." 

 

Giulia Gam, atriz, amiga e ex-namorada

"É o homem mais brilhante que conheci. Namoramos por quatro anos nos anos 1990. Foi uma grande oportunidade ter convivido com o Otavio. Ele faz parte absoluta da minha formação, o que nos unia era a paixão pelo teatro. A ligação dele com o jornal era fantástica. Eu brincava que, assim como tinha implantado [o cargo de] ombudsman na Folha, ele também tinha uma autocrítica severa. Viveu uma vida muito íntegra. Foi alguém muito autêntico e peculiar. Dos intelectuais mais verdadeiros e incansáveis que eu conheci. Não imaginava estar no mundo sem ele."

 

Mika Lins, atriz, diretora de teatro e amiga

"Ele foi muito importante para o país, para a democracia e para o jornalismo. E tinha um amor pelo teatro. Era também muito amoroso, solidário e presente como amigo. Tinha um espírito livre e um profundo interesse pela cultura. Aprendi muito com o autor de teatro brilhante que era. Ia ver meus ensaios, dava opinião. Foi uma pessoa de pensamento livre, curiosa e que buscava viver da maneira como pensava."

 

Zé Celso, diretor do Teatro Oficina e amigo

"Eu amava muito o Otavio. Eu tenho uma lembrança antiga dele até porque, quando ele era jovem, ele foi à Europa e conheceu minhas sobrinhas, Ana Helena e Ana Flora, e ficaram muito amigos. Eu senti [a morte dele] como se fosse meu parente. Ele fez muito pelo teatro, as melhores entrevistas que eu dei foram para ele. Ele, inclusive, esteve no Oficina, fez dois papéis, em ‘Cacilda’ e em ‘Boca de Ouro’. Ele tinha uma vocação enorme para teatro, escreveu muitas peças maravilhosas, como ‘Rancor’.

Ele poderia ter ido longe. E, num certo sentido, teve que sacrificar um pouco do teatro para dirigir a Folha. E teve um determinado momento em que ele escreveu um texto ['O Terceiro Sinal'] sobre a estadia dele no Oficina, e a Bete [Coelho] até fez a peça recentemente. Aí eu mostrei para ele um buraco que tinha no fundo do teatro, que era a nossa briga com o Grupo Silvio Santos [o imbróglio sobre o terreno vizinho ao Teatro Oficina, área que pertence ao grupo do apresentador]. E falei pro Otavio: 'Que pena que você não mencionou o buraco no texto’. Ele ficou um pouco reticente comigo e depois desse acontecimento ficou um certo distanciamento, mas eu não deixei de gostar dele um minuto.

A grande coisa que eu descobri [com a morte de Otavio] em mim é que eu amo muito ele e vou levar esse amor para a vida toda. A morte dele libertou esse amor recalcado, como se fosse meu irmão, meu filho. A gente tinha diferenças políticas, mas ele tinha uma vocação democrática. Eu não sei o que dizer, só sei que eu sinto um grande amor por ele."

 

Maria Manoella, atriz e ex-namorada

"Otavio era uma figura muito ácida, brilhante e um amigo muito leal. Nos últimos anos, ele se afastou um pouco do teatro, mas estava preparando uma peça infantil. Era tão inteligente. Ele sabia de tudo.”

 

Renato Borghi, ator, participou dos espetáculos "Rancor" e "Sonho de Núpcias"​, de Otavio

"Eu conheci o Otavio bem mais intimamente quando fui apresentado a ele pela Bete Coelho e fui convidado a fazer 'Rancor'. Achei a peça interessantíssima, foi um dos trabalhos que tive mais prazer de fazer. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi que nos ensaios o Otavio, às vezes, pedia para dar um palpite e fazia para a gente uma cena, um personagem, do jeito que ele achava que tinha que ser. E ele era um ótimo ator, tinha um talento. Se ele quisesse, poderia ter sido ator. E como dramaturgo ele também era muito interessante. Era um homem que, realmente, se via que tinha uma formação muito sólida.

Ele não era um homem de grandes gargalhadas, era uma pessoa séria, mas dentro disso ele era profundamente amigo. Ele nunca se recusou em dar declarações a meu respeito, quando eu fiz 35 anos de teatro, por exemplo. Eu sou muito grato ao Otavio pelas peças dele que eu fiz e pela pessoa que ele era. Estou profundamente entristecido."

 

Sergio Mamberti, ator, participou da peça "Rancor", escrita por Otavio

"Estou muito triste com a partida do Otavio. Interpretei o Berucci, do ‘Rancor’ [texto de Otavio], num momento inicial da carreira dele. A vida nos distanciou, Otavio assumiu responsabilidades muito grandes. Acredito que o jornalismo, de uma certa maneira, roubou um pouco do autor promissor que ele certamente deixou entrever nas obras que fez inicialmente.

Embora politicamente a gente tivesse posições diferentes, acho que, nesses momentos, essas diferenças se apagam. Tive uma relação muito carinhosa com ele, muito afetiva, que era bastante correspondida."

 

Luiz Schwarcz, editor e presidente do Grupo Companhia das Letras

"Otavio Frias Filho foi a mente mais brilhante da minha geração. Homem de poucas palavras, sempre encontrava as melhores para apoiar os bons livros e os amigos. Ele anteviu o crescimento da minha editora e me deu conselhos fundamentais. Não há palavras para suprir sua perda."

 

Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP

"Para nós, é uma perda irreparável. Otavio era um homem do jornalismo democrático, uma pessoa que sempre abriu caminhos para todas as tendências. Gerava polêmica porque contemplava todas as tendências do pensamento, mas sempre com uma visão humana, civilizadora. E tinha também as incursões no campo da dramaturgia. Tivemos a oportunidade de abrigar algumas das suas produções aqui no Sesc. Tinha com ele, portanto, uma relação de muita consideração e respeito."

 

Maria Arminda do Nascimento Arruda, socióloga e diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

“Consternados, recebemos a notícia do falecimento de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo. Em nome da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, lamentamos muitíssimo esta perda irreparável do jornalista, intelectual e ex-aluno da nossa instituição.”

 

Laerte, cartunista da Folha

"Abraço, Otavio Frias. Chateada aqui."

 

Fernanda Torres, atriz e colunista da Folha

"Eu ficava meio surpresa com o fato de que um jornalista daquela dimensão tivesse esse interesse por dramaturgia. Sempre me surpreendeu que alguém com o poder dele visse no teatro e na literatura algo relevante. E que se jogasse nas experiências de escrever com o interesse que ele tinha. É uma loucura a perda dele, uma coisa muito grave. O Brasil só piora."

 

Zeca Camargo, apresentador de TV e colunista da Folha

“Leio na própria Folha de S.Paulo a notícia da morte do diretor de redação do jornal. O jornal, diga-se, onde eu comecei a exercer a profissão. E onde, sob o comando de Otavio Frias Filho, tive a minha formação como jornalista. Comecei lá em 1987. A possibilidade então de ler uma notícia dessas num suporte que não fosse de papel era coisa de ficção científica. Mas se muita coisa mudou de lá para cá, os princípios do bom jornalismo que aprendi lá estão intactos até hoje. Assim como minha admiração pelo Otavio.”

 

Gabriel Villela, diretor de teatro

"Era um homem que saía da Redação e acompanhava os ensaios com um nível de curiosidade e uma agudeza de espírito muito fortes. Quando fizemos 'A Vida é Sonho' [peça de Calderón de la Barca], ele se envolveu nessa montagem. Era uma presença silenciosa [nos ensaios], que acompanhava tudo e não perdia nada. Apesar de ele ter tido duas experiências como ator, a lembrança que fica é a de alguém que ficava à vontade como dramaturgo, um amigo da palavra."

 

Gerald Thomas, diretor de teatro, dirigiu "Don Juan", peça escrita por Otavio 

"Tenho muito a dizer, mas não quero. Não posso. Nesse momento, somente isso: LOVE."

 

Jô Soares, humorista, ator e diretor teatral

“Foi um homem da maior integridade e estava sempre na vanguarda. Eu me sinto meio viúvo também, era um amigo pessoal, tinha um senso de humor muito refinado. É complicado falar alguma coisa a mais do que a dor e a saudade que ficam, a falta que eu tenho certeza que ele vai fazer.”

 

Walter Salles, cineasta

"Otavio era uma das pessoas mais brilhantes que tive a sorte de conhecer. Um democrata, que prezava a convivência dos contrários. Um articulista e escritor de mão cheia, cujos textos me marcaram profundamente. O jornal que ele idealizou formou gerações de pessoas que se acostumaram a pensar e questionar a realidade brasileira. Otavio deixa uma sensação de vazio enorme, que se torna ainda maior em um momento tão grave e delicado quanto o atual.​

O vazio que fica é imenso.  No entanto, as geracões formadas pela Folha que Otavio arquitetou portam algo único:  uma semente plural, resiliente,  que não pode ser facilmente destruída. Que legado, e que presente para o futuro. "

 

João Moreira Salles, cineasta

"Conheci pouco o Otavio. Mas li a Folha, que fez parte da formação de minha ideia de mundo. Como o jornal era um reflexo do Otavio, posso dizer que, mesmo sem conhecê-lo, sou em parte aquilo que ele me fez.”

 

Antonio Cicero, poeta, compositor, crítico e imortal da Academia Brasileira de Letras

“Gostava muito dele. Sobretudo sempre o admirei, porque ele era um homem de princípios no trabalho jornalístico e, com esses princípios, conseguiu fazer o jornal ter a maior circulação do Brasil. Vi na prática isso, quando tive o prazer de escrever para a Folha. Era uma pessoa muito séria e respeitável. Lamento sinceramente a morte dele.”

 

Lenise Pinheiro, fotógrafa e amiga

“Desde ontem procuro fotos do Otavio e encontro saudades. Olhares profundos. Em diferentes armações, tinha óculos o meu amigo. Das imagens, muitas lembranças carregadas de inspiração.”​

 

Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Planeta Brasil, trabalhou por 12 anos na Folha

"Otavio tinha algo de um mestre zen. Gestos contidos, poucas palavras, lições importantes. Talvez ele preferisse que não se dissesse mais do que isso sobre ele."

 

Boris Fausto, historiador

“Com muita emoção, venho manifestar minha tristeza pelo falecimento de Otavio Frias Filho, o sempre jovem Otavinho, assim chamado enquanto seu pai viveu. Nos muitos anos que colaborei em várias seções da Folha, muito admirei sua coragem, independência e delicadeza no trato. No caso dele, não é um chavão dizer que a empresa sofre uma perda irreparável, e o Brasil um jornalista de grande qualidade, nestes tempos de atropelo social e político.”​

 

Miguel de Almeida, escritor e jornalista, dirigiu “Não Estávamos Ali para Fazer Amigos”, documentário sobre a Ilustrada e a cultura urbana na década de 1980

"Por causa de minha profissão, felizmente, tenho convivido, e muitas vezes ficado amigo, de gente vivaz, encantadora, poderosa e criativa. Otavio Frias Filho se encaixa nessas categorias, com um acréscimo importante: jamais conheci alguém tão influente e ao mesmo tempo tão candidamente discreto e gentil.

Uma vez, após um de nossos almoços de trabalho, me ligou para perguntar qual era mesmo o adjetivo que eu empregara há pouco numa discussão com um sinistro intelectual da USP. Pecaminoso, Otavio, a ideia dele era pecaminosa. Do outro lado ouvi sua risada pouco mais do que silenciosa. Dias atrás enviei a ele o link do meu novo filme, 'Tunga, o Esquecimento das Paixões', cujo pai, Gerardo Melo Mourão, poeta e escritor, foi correspondente da Folha, na China. Disse que assistiria em breve. Uau, como sentirei falta de seu brilho e amizade.”

 

Nelson Ascher, crítico, poeta e tradutor

“Conheci na primeira metade dos anos 1980. Trabalhei na Folha rapidamente como editorialista, depois responsável pela parte de livros e pelo [antigo caderno] Folhetim. Ele se interessava muito pela qualidade do texto, na literatura. E sempre era muito humilde, chegava e dizia que não entendia de algo, mas entendia muito mais do que as outras pessoas. Não se fazia de intelectual, agia entre o modesto e o zombeteiro. Era uma coisa curiosa, porque na época ninguém ousava dizer 'não entendo'.

Ele escrevia muito bem também. Era um bom estilista, que foi melhorando com o tempo. Essa é uma das grandes penas, porque tudo indicava que ele fosse com o tempo passar a escrever mais sobre tudo. Escrever mais ensaios. Como os pais de Otavio morreram nonagenários, eu achava que ele tinha tanto pela frente, numa época em que as pessoas fazem pouco caso de escrever de uma maneira inteligente e criativa a ensaística.”

 

Nilton Bicudo, ator, diretor de teatro e amigo

"Foi um dos homens mais inteligentes com quem já conversei, um grande amigo. É uma perda inestimável para o país e para o teatro porque ele era um homem moderno e inteligentíssimo. A peça ‘Rancor’, que ele escreveu, é um texto maravilhoso. Foi um amigo gentil, querido, educado, perspicaz. Vai deixar muitas saudades."  

 

Jacob Pinheiro Goldberg, psicanalista

"Escrevi certa vez, por sugestão de Otavio, um artigo sobre assunto polêmico. Com o texto em mãos, ele pediu que eu o revisse. Preocupado, perguntei se ele tinha achado o texto agressivo. Para minha surpresa, respondeu que eu poderia ser mais contundente, objetivando maior clareza para o leitor. Este foi o traço do 'chevalier sans peur et sans reproche' que conheci durante anos de diálogo. Fica na minha memória, ao lado de seu pai, uma dinastia de honra."

 

Martha Nowill, atriz e escritora, atuou em "Rancor", peça do jornalista 

"Eu conheci o Otavio no teatro e ficamos amigos. Depois fiz 'Rancor'. Ele era apaixonado pelo teatro, um dos amores da vida dele, ao lado do jornalismo. Eu sempre ficava comovida com a relação dele com o teatro. Aquele cara engravatado na verdade gostava de coxia e de palco."  

 

Milú Villela, presidente do Itaú Cultural

"Otavio Frias Filho deixa um legado inestimável e soube como poucos modernizar a produção da notícia no país. Sob sua gestão, a Folha se converteu num farol para a democracia brasileira com seu pluralismo, seu olhar atento para as desigualdades, seu poder de investigação. Otavio nos deixa em momento particularmente delicado. Sua energia e coragem farão falta neste período de transição. Que o espírito que ele tão bem soube imprimir ao jornal desde as Diretas Já siga vivo nas veias dos jornalistas de todo o país.”

 

Aimar Labaki, diretor e dramaturgo

"Difícil explicar a importância de Otavio para a mídia –e portanto para toda a mentalidade– de nossa época. Tinha um dos melhores textos de minha geração. Se duvida, basta ler os extraordinários ensaios publicados em 'Queda Livre'. E era –como tive oportunidade de lhe dizer– o caso mais flagrante que conheci de grande talento para a dramaturgia, sem nenhuma vocação. Humores e política à parte, era doce e de uma inteligência cativante, para os poucos que deixava se aproximarem. Good night​, sweet prince."

 

Samir Yazbek, diretor e dramaturgo

"Triste a morte de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha. Sou muito grato por ele ter sido um importante interlocutor de minha trajetória dramatúrgica."

 

Ivam Cabral, ator, diretor, dramaturgo e fundador do grupo teatral Os Satyros

“Espectador assíduo do Satyros e amigo querido. Vai fazer uma falta enorme. Que momento triste para o jornalismo.”

 

Xico Sá, escritor e ex-jornalista da Folha

"Otavio Frias Filho se diferenciava do típico herdeiro de jornal no Brasil: pela inteligência na escrita, no repertório (foi fã de Gramsci e Max Weber), na vocação artística e na angústia filosófica. Descanse em paz."

 

Bob Wolfenson, fotógrafo

"Otavio e eu somos contemporâneos. Acompanhei como leitor e colaborador as transformações que ele empreendeu na Folha e obviamente no jornalismo como um todo. Sempre o vi muito quieto, austero, talvez pela imensa tarefa que tinha de tocar o jornal. Em 1995, fotografei-o junto com seu irmão, Luiz. E, poucos dias antes de sua morte, ele me cedeu, generosamente, o direito de usar a imagem em uma exposição que vou realizar."

 

Frei Betto, teólogo e escritor

“Ele sabia que eu havia sido crítico de teatro da Folha da Tarde entre 1967 e 1968 (e fui assistente de direção de ‘O Rei da Vela’, montado pelo Zé Celso). Em 1991, Otavinho me enviou o texto da peça 'Tutankaton', escrita por ele. Li e dei alguns palpites em um jantar marcado por ele no La Casserole, restaurante do Largo do Arouche. Era a primeira vez que conversávamos pessoalmente.

Durante o jantar, ele se surpreendeu ao saber que eu continuava frade e residia (como ainda hoje) no convento dos dominicanos no bairro Perdizes. ‘Você mora em um convento?’, exclamou. ‘Sim, moro no convento’. ‘E posso ir lá? Nunca entrei em um convento’. ‘Claro, quer almoçar com a comunidade?’ ‘Quero, mas minha vontade é ir lá agora’. Era uma da madrugada. Viemos ao convento em plena madrugada, mostrei as instalações para ele, e na semana seguinte veio almoçar com a comunidade."

 

Marcos Renaux, tradutor e amigo

"Tivemos uma amizade longa, sincera e profícua em muitos aspectos. A perda é irreparável para o jornalismo, para o teatro e para os ensaístas. Fizemos traduções juntos, de Sam Shepard e Harold Pinter, por exemplo. Mas o que mais destaco é a força da amizade."

 

Pedro Corrêa do Lago, editor e historiador da arte

“Otavio fará muita falta e ainda vai exercer influência na vida do país por muitas décadas."

 

Cristovão Tezza, escritor e colunista da Folha

“Lamento profundamente. Não o conheci pessoalmente, mas a inteligência brasileira deve muito ao projeto editorial da Folha consolidado por ele e que hoje é parte fundamental da vida cultural e política brasileira. Toda a minha geração, que cresceu com as Diretas Já, encontrou no jornal, sob sua direção, um espaço generoso de pluralidade, inovação e renovação. Como se não bastasse, escreveu o livro 'Queda Livre', que é maravilhoso.” ​

 

Carlito Carvalhosa, artista plástico

“O livro ‘Queda Livre’ mostra quem o Otavio foi. Ele tinha curiosidade pelas coisas, mas por coisas que não seriam as que naturalmente esperaríamos dele. E isso é muito revelador do talento que ele tinha para se colocar como um observador. Ele sempre soube se pôr nessa posição de desconforto. O grande trabalho dele na Folha refletia esse traço do caráter dele. Foi uma das pessoas mais admiráveis que eu conheci." 

 

Marcelo Tas, jornalista e apresentador

"Otavio Frias Filho, 61, alma da Folha. Criatividade e inteligência a favor do discernimento e da liberdade de expressão. Que perda imensa para o Brasil."

 

Marcelo Rubens Paiva, jornalista, escritor e dramaturgo

"Minha ligação com ele sempre foi de parceiro de noitadas, de conversas. A gente não falava muito de teatro, de jornalismo. A gente falava de relações amorosas. Ele era um excelente consultor amoroso e da vida. E era um cara muito engraçado." 

 

Serginho Groisman, apresentador de TV

"Minha homenagem a Otavio Frias Filho pela dedicação ao jornalismo, pela modernização da Folha de S.Paulo e por lutar sempre pela liberdade de expressão. Fica em paz."

 

Dan Stulbach, ator

"Fui pego de surpresa pela notícia. Eu tinha uma grande admiração pelo Otavio, pela busca que ele tinha, pessoal, por coisas novas, e pela figura democrática, importante, vital para a nossa democracia. Pensava o Brasil e o mundo e pensava muito bem o papel do jornalismo. Tivemos um encontro por conta do teatro, nas peças, nas leituras. Essa paixão que ele tinha pelo teatro é uma das coisas que faziam dele uma pessoa muito especial."

 

Luciano Huck, apresentador de TV 

"Otavio se foi. Gente boa, boa conversa, atencioso, preocupado com o Brasil e com o bom jornalismo. O país perde uma das suas melhores cabeças pensantes. Fará falta." 

 

Fernando Grostein Andrade, cineasta e blogueiro da Folha

“Estou muito triste com a morte do Otavio. Quando o conheci, fazendo o documentário 'Jornal do Futuro' [sobre transformações ocorridas na Folha, em 2010], fiquei impressionado com a inteligência, a elegância e a precisão dele.”

 

Alê Youssef, produtor cultural

“Sempre triste a perda precoce de alguém tão valoroso. Especialmente lamentável por sua clara convicção democrata e libertária. Fará muita falta ao nosso país. Descanse em paz.”

 

Renato Machado, cartunista da Folha

Renato Machado

 

Régis Bonvicino, poeta, juiz e amigo

"Otavio foi um grande incentivador de minha atividade como poeta. Então, diante de sua morte, que me desconcerta, com Fernando Pessoa, digo: 'Acendo um cigarro para adiar a viagem / Para adiar todas as viagens / Para adiar o universo inteiro'." 

 

Luiza Nagib Eluf e Jorge Eluf Neto, amigos

“Sentimos imensamente a perda de Otavio Frias Filho, nosso colega de classe da Faculdade de Direito da USP, grande inteligência, grande intelectual, jornalista, dramaturgo, escritor e, acima de tudo, queridíssimo amigo. Desejamos à Folha de S.Paulo que continue firme nos rumos que ele traçou, na dianteira do jornalismo sério e plural do Brasil.”

 

Modesto Carvalhosa, advogado e ex-professor de Otavio

"Tive o privilégio e a felicidade de contar com Otavio Frias Filho entre meus mais destacados alunos na Faculdade de Direito, tanto que aprofundou seus estudos em Ciências Sociais, assim como revelou, depois, notável talento literário enquanto dramaturgo e ensaísta. No começo da década de 1980, muito jovem, coube-lhe o desafio de assumir a Folha de S.Paulo e, a partir dela, deixar uma decisiva marca na história do jornalismo nacional, ajudando a recolocar o país na trilha da democracia. Brilhante, culto, gentil, Otavio ainda conseguia ser humilde e discreto. Além de configurar irreparável perda para o jornalismo, sua partida tão precoce é motivo de enorme tristeza para amigos e admiradores."

 

Ronaldo Bressane, escritor

"Pode-se discordar de muita coisa na Folha, mas é inquestionável que Otavio Frias Filho mudou a cara do jornalismo brasileiro nos últimos 30 anos –e para melhor. Foi o diretor de Redação mais arrojado do país, o que tomou mais riscos, o que mais inovou. E também o que escrevia melhor –isso nem sempre acontece. Gosto demais de seu livro 'Queda Livre', um marco no jornalismo literário brasileiro, que reli muitas vezes."

 

José Arthur Giannotti, professor de filosofia

Nos frequentamos muito na década de oitenta, depois nos afastamos. Quieto, susceptível. Queria ser escritor. Estudou antropologia com Ruth Cardoso. Discutíamos nossas leituras durante longo jantares. Mostrava-me os originais de suas peças. Quando veio, porém, o encargo de dirigir a Folha, se tornou marechal.

 

Leide Jacob, cineasta e produtora cultural

"Otavio esbanjava ousadia e sensibilidade, sempre com foco nas pessoas, no ser humano. Há dez anos, em 2008, ele abriu as portas do auditório da Folha de S.Paulo para a minha mãe, Leide Moreira, ir de maca e ambulância UTI lançar seu livro 'Poesias Para Me Sentir Viva'. Era a primeira vez que ela saía nessas condições. Este evento foi um marco não apenas nas nossas vidas, mas para a acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência. Lamento por essa —​nossa—​ perda. A humanidade precisa de mais Otavios!" 

 

Editora Companhia das Letras 

“Lamentamos profundamente o falecimento de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha. Otavio construiu uma trajetória ímpar no jornalismo brasileiro e deixa um legado admirável, como o livro 'Queda Livre'."

 

Editora Todavia

“A Todavia lamenta profundamente o falecimento do jornalista, ensaísta e dramaturgo Otavio Frias Filho. Através da Folha de S.Paulo, jornal em que esteve à frente nos últimos 34 anos, Otávio trabalhou pela imprensa livre, pela fiscalização dos desmandos dos poderosos e pela ampliação dos horizontes do nosso jornalismo cultural.”

 

Editora Perspectiva

“A equipe da editora Perspectiva lamenta profundamente a perda de Otavio Frias Filho. Vítima de câncer, o jornalista, dramaturgo e ensaísta esteve a frente do jornal Folha de S.Paulo por 34 anos e foi parte indispensável do Projeto Folha, que modernizou o jornalismo brasileiro na década de 1980. Aos familiares e amigos, nossa solidariedade.”

 

Editora Objetiva

“O Grupo Companhia das Letras lamenta profundamente o falecimento de Otavio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S.Paulo. Otavio construiu uma trajetória ímpar no jornalismo brasileiro e deixa um legado admirável. Pela Companhia das Letras, publicou o livro ‘Queda livre’ em 2003.”​

 

Câmara Brasileira do Livro

“A Câmara Brasileira do Livro recebe com grande tristeza a notícia do falecimento do jornalista, dramaturgo e ensaísta Otavio Frias Filho. Além de mentor do Projeto Folha, que modernizou o jornalismo brasileiro na década de 1980, Otavio também escreveu várias obras, entre elas ensaios, livros infantis e peças de teatro. Entre os livros de ensaio, estão 'De Ponta Cabeça' (2000), 'Queda Livre' (2003) e 'Seleção Natural' (2009). Para Luís Antonio Torelli, presidente da CBL, o Brasil perde, neste dia, um de seus maiores jornalistas e um grande escritor.”

 

Bienal de São Paulo

"A Fundação Bienal de São Paulo manifesta seu profundo pesar e se solidariza com a família, amigos e colaboradores do jornalista Otavio Frias Filho. Que seu legado de defesa da democracia perdure no jornalismo e na sociedade brasileira."

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