Descrição de chapéu Otavio Frias Filho

Jornalismo dentro e fora do Brasil repercute a morte de Otavio Frias Filho

Diretor de Redação da Folha é lembrado como defensor da democracia cujos valores farão falta

São Paulo

​​​​Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S.Paulo, morreu nesta terça-feira (21) de um câncer originado no pâncreas.​​ Jornalistas repercutiram a notícia.

 

​ ​​João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo

"Convivi cerca de 30 anos com Otavio Frias Filho. Em todo esse período, pude testemunhar sua paixão por um jornalismo técnico, que levasse ao público os fatos com a maior correção possível, sempre num espírito plural. Foi um vitorioso naquilo que traçou para a Folha de S.Paulo e deixa um legado de realizações. Quero destacar o lado pessoal. Firme em suas posições, nunca abandonou seu jeito gentil, de saber ouvir, de se interessar pelo que o outro dizia, mesmo se discordasse. E um aspecto cada vez mais raro nos dias de hoje: apesar da posição de destaque, sempre preferiu a discrição, qualidade dos que sabem que a obra diz mais do que o homem. Fará muita falta, mas os alicerces que plantou dão a certeza de que a Folha seguirá sua trajetória de êxitos. Nesse instante, em nome do Grupo Globo, expresso nossos sentimentos à família e aos colegas da Folha." 

 

Vincent Peyrègne, diretor-executivo da Associação Mundial de Jornais

"Recebo com tristeza a notícia. Em um contexto difícil, ele construiu para si uma reputação excepcional, de grande integridade. Aquele que, com humildade, recusava o título de repórter soube se impor como um pilar nessa profissão. Impressionam-me suas tomadas de posição em prol da informação descritiva, rigorosa, objetiva e apartidária.

Ele sempre se colocava na posição de mediador, favorecendo um diálogo aberto com seus leitores. Nesse sentido, era um pioneiro. Seguindo tais princípios, encampava igualmente os valores de um jornalismo progressivo, que transcende os meros fatos em favor da análise, da contextualização, da investigação, iluminando o debate de opiniões e, dessa maneira, passando de provedor de notícias a conhecimento empoderador.

No momento em que a imprensa busca reconquistar a confiança do público em uma sociedade cada vez mais polarizada, Otavio Frias Filho logrou posicionar a Folha de S.Paulo como alicerce da nova paisagem da informação no Brasil. A Associação Mundial de Jornais e seus colegas do Fórum Mundial de Editores prestam tributo à obra dele."

 

Vera Brandimarte, diretora de Redação, e equipe de jornalistas do Valor Econômico 

"Com muita tristeza recebemos a notícia do falecimento de Otavio Frias Filho. Nós, jornalistas, aprendemos a respeitar o diretor de Redação discreto, culto, que incentivava a pluralidade de ideias, o jornalismo independente e imparcial e não temia a inovação. A Folha de S.Paulo é um reflexo do seu espírito inquieto. Desde a criação do Valor, que nasceu de uma parceria dos grupos Folha e Globo, testemunhamos seu rigor em preservar a necessária independência editorial para a defesa dos interesses da sociedade. À família Frias e aos amigos da Folha, nossos mais sinceros sentimentos."

 

Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do Estado de S. Paulo

"Ele criou na Folha um novo jornalismo, inovador e corajoso, que serviu de exemplo para várias empresas do setor. Uma grande perda para todos."

 

 

Luiz Claudio Costa, presidente da TV Record

"A imprensa brasileira perde um de seus ícones, que revolucionou um jornal que já era importante quando ele assumiu, teve iniciativas revolucionárias como o Manual da Folha, que é uma referência. Ele deixa um legado importantíssimo, a Folha não é apenas um veículo de comunicação, é um conceito de qualidade de conteúdo."

 
 

João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação

"Conheço Otavio desde moleque, nossas famílias eram amigas, então fico profundamente triste pelo lado pessoal e profissional. O Brasil perde uma ótima pessoa, um grande jornalista e empresário. Conseguiu atravessar tormentas com dignidade. Vai fazer muita falta."

 

Ali Kamel, diretor-geral de jornalismo da TV Globo 

"A morte prematura de Otavio Frias Filho representa um golpe para o jornalismo brasileiro. Transformou a Folha no jornal que é hoje, enfatizou a necessidade do método na apuração jornalística e foi radical na busca pela pluralidade e isenção. Nesse momento por que passa o jornalismo no Brasil e no mundo, em tempos de redes sociais manipuláveis, quando a atividade se torna alvo de ataques dos que detestam a verdade dos fatos, preferindo apenas as suas versões, a ausência de Otavio, um formulador, será especialmente sentida. Mas o jornalismo, de cuja profissionalização ele foi um dos motores, seguirá cumprindo a sua missão. O legado de Otavio será essencial. Meus respeitos à família e aos colegas da Folha nesse momento triste."

 

 

Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band

"Otavio foi um jornalista fundamental na luta pelo jornalismo de qualidade, além disso, foi um intelectual que conseguia fazer com igual competência uma palestra sobre jornalismo ou um ensaio sobre Dostoiévski."

 

Flávio Mello, superintendente da EBC em São Paulo

"Ao assumir a Folha, Otavio Frias Filho modernizou e estabeleceu um novo marco no jornalismo brasileiro. Com o estímulo aos debates e à abertura de espaço para colaboradores com pensamentos antagônicos, contribuiu decisivamente para o restabelecimento da democracia no Brasil. À família, parentes, amigos e a toda a equipe da Folha os meus sinceros sentimentos."

 

Jornal "Clarín" (Argentina)

“O Brasil e o continente americano perderam nesta terça um de seus jornalistas mais lúcidos, críticos, incisivos e apaixonados. (...) Advogado, jornalista, escritor e dramaturgo, Otavio Frias Filho transformou a Folha de S.Paulo em um perfeito reflexo de uma obsessão nacional: a de tornar o Brasil em uma nação desenvolvida e moderna.

Foi, de fato, um modernizador. Em plena ditadura militar, e durante os anos duros do regime que governou o Brasil entre 1964 e 1985, abriu as páginas do jornal a personagens de todos os setores políticos para que escrevessem seus artigos. Sentou também novas bases editoriais para o diário, apoiadas em princípios como informação verídica e verificada, interpretação adequada e pluralismo.”

 

Roberto Gazzi, diretor de jornalismo do jornal Correio, da Bahia 

"A morte precoce de Otavio Frias Filho é uma perda enorme para o jornalismo brasileiro e para o Brasil. Nesta fase de radicalidade, fará falta a seriedade, o caráter e a inteligência de Otavio, mas principalmente a busca da pluralidade que ele sempre pregou e buscou. Trabalhar a seu lado nos primórdios do Projeto Folha serviu de inspiração em toda minha carreira. Deixa um legado inesquecível para o jornalismo brasileiro."   

 

 

Boris Casoy, jornalista, ex-diretor de Redação da Folha

"Eu conheci o Otavio muito jovem. E depois passei o bastão da direção da Folha para ele. Era uma figura iluminada, com uma visão política generosa. Ele morre no auge da luz que ele produzia, como analista político, como intelectual, como escritor. O Otavio que eu conheci não era o Otavio sisudo que muita gente conheceu. Eu privei com ele boas risadas. Eu conheci a face alegre."

 

Reinaldo Azevedo, colunista da Folha

"Otavio Frias Filho era um dos homens mais cultos e talentosos do país. Dramaturgo de primeira, jornalista rigoroso, ensaísta ousado, era dono de uma inteligência fulgurante e de uma discrição como não se vê por estas plagas. Avesso a rapapés, a solenidades balofas, a formalismos vazios, desenvolveu, no entanto, um senso de decoro que era difícil de acompanhar.

Os que o amavam, os que admiravam o seu trabalho no jornal, os que apreciavam o seu rigor intelectual, bem, estes todos sabemos a falta que fará. É claro que não havia boa hora para que nos deixasse. Mas também é verdade que se vai num de nossos piores momentos. A sua precisão e o seu rigor poderiam ser a trilha clara num país que flerta com obscurantismos desiguais e combinados.

E deixa uma grande obra. E pela obra se conhecem os homens.

Tomara que, num particular ao menos, ele estivesse errado, e eu, certo. E, nesse caso, ele experimenta o Bem d’Aquele que o amou com a discrição necessária para mantê-lo por perto."

 

Maria Inês Fornazaro, presidente da ABO Nacional 

"A Associação Brasileira de Ouvidores/Ombudsman lamenta profundamente a partida precoce de Otavio Frias Filho, brilhante intelectual, jornalista, dramaturgo e pensador de um Brasil mais igualitário. Otavio tomou providências reais neste sentido, como o Projeto Folha, o amplo espaço à diversidade de opiniões e a instituição pioneira do ombudsman, sempre com independência para o exercício de suas atividades. Perde o Brasil uma mente jovem, arguta e inovadora. Mas sua história sempre será lembrada, pois marcou a democracia, a comunicação e a arte brasileira. É o consolo que fica para todos nós que o admiramos muito."  

 

Victor Civita Neto, presidente do conselho editorial da Editora Abril

“Otavio Frias Filho foi o grande responsável por reformular o jeito de fazer jornalismo e modernizar a profissão. Foi um jornalista muito à frente do jornalismo de sua época, influenciando profundamente as gerações seguintes. Vai fazer muita falta.”

 

Giancarlo Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril

“Otavio foi um defensor das grandes causas brasileiras: a democracia, o debate franco, a informação de qualidade. Deixa um legado imenso ao jornalismo e ao Brasil. Ficamos muito tristes com sua morte, ainda tão jovem. Um conforto à família nesta hora difícil.”

 

Bruno Blecher, diretor de redação da Globo Rural

Troquei o Estadão pela Folha no começo dos anos 90 para ser repórter de uma área de alto risco --o caderno Agrofolha. Quem trabalhava lá, rezava a lenda, pisava em ovos e tinha vida curta. O velho Frias, dono do jornal e proprietário de uma granja no Vale do Paraíba, não perdoava deslize no noticiário agropecuário.

Não tive muitos problemas. Como poucos entendiam de agro no jornal, eu decidia a pauta com a equipe. Naquela época, a gente ainda batucava as pretinhas nas Olivetti. A Redação estava começando a se informatizar com terminais que pareciam caixas de abelhas. Os poucos computadores eram disputados à tapa.

Tudo era precário e feio naquele prédio da Barão de Limeira, exceto a alma da Redação. A imagem pública da Folha, de jornal moderno, crítico e inovador, não combinava com a mobília. Minha liberdade no Agrofolha não durou muito. Otavio tinha o hábito de fazer a dança das cadeiras --escalava gente de cultura na política, da economia em ciências, de cidades na cultura.

Nascido em Barretos, Matinas Suzuki veio mudar o Agrofolha. “Temos que explorar esta onda sertaneja”, disse, me fitando com aqueles óculos de aros grossos e pretos, sua marca registrada. A contragosto, ele me fez publicar um ensaio de cachorros vestindo botas, uma “epopeia” do Arnaldo Jabor sobre a Festa do Peão de Boiadeiro (ele comparava os peões de Barretos a cavaleiros medievais) e uma entrevista com uma minhoca, feita pelo físico Rogério Cerqueira Leite. O pior é que foi um sucesso --Jô Soares convidou o físico para falar sobre minhocas no seu programa de TV.

Quando Rogério me entregou outra entrevista, desta vez com uma ameba, resolvi apelar ao Otavio, que encerrou a série de bizarrices. Mas os experimentos de Matinas no Agrofolha fizeram com que o jornal passasse a dar mais valor para o caderno. A partir daí emplacamos algumas manchetes na Folha.

O agro também entrou na pauta do jornal durante a fase de “desestatização”, uma sacada do Otavio. Ele queria libertar a pauta do jornal da sucursal de Brasília e retratar o que acontecia nas ruas das cidades, no campo, na sociedade, inclusive na primeira página. O jornal passou a enxergar os interiores do país, coisa rara na imprensa brasileira. Infelizmente durou pouco. Brasília foi mais poderosa. Dezesseis anos depois de sair do jornal, me vejo ainda seguindo as normas do "Manual da Redação" e sinto aquela estranha e saudável inquietude dos tempos da Folha no exercício diário do jornalismo.

 

Caio Túlio Costa, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"A morte do Otavio é muito triste não só para o jornalismo como, sem nenhum exagero, para a democracia brasileira. Vai-se um homem de imprensa que dedicou sua vida para o jornalismo correto, plural, independente e crítico. Para o ofício realizado com método. Nas suas mãos, a Folha virou este órgão de imprensa temido, elogiado e odiado, tão pronto a descontentar quanto, ao mesmo tempo, contentar as mais diferentes correntes de opinião. Parece contraditório, mas é esta personalidade capaz de 'atirar' para todos os lados que ajudou em muito a fortalecer a nossa democracia. O Otavio era ainda um homem de múltiplos talentos. Vai fazer muita falta no jornalismo, no teatro, na ficção, na vida de todos nós."

 

Junia Nogueira de Sá, ex-ombudsman da Folha

"O destino colocou uma oportunidade diante do Otavio, e ele soube aproveitá-la da melhor forma possível. Ele mudou o rumo do jornalismo no Brasil. Vamos levar um tempo até conseguir medir toda a dimensão dessa contribuição. Ele sempre procurou se cercar de profissionais de excelência e dava a eles total liberdade para trabalhar. Nunca recebi um telefonema dele me tolhendo. Pelo contrário. Sempre incentivava as pessoas a ir além."

 

Marcelo Leite, colunista da Folha e ex-ombudsman

"Conheci poucos espíritos com a coragem e o desassombro de Otavio, fontes de seu texto brilhante e da liderança sóbria que exercia no jornalismo."

 

Renata Lo Prete, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"Sou testemunha da seriedade com que o Otavio tratou a autonomia e a independência da função do ombudsman, principalmente nas ocasiões em que discordou das minhas posições. Com ele descobri o valor do pluralismo genuíno, da escuta atenta e também de uma boa briga. Que é com o erro que a gente aprende, e na adversidade que a gente cresce."

 

Bernardo Ajzenberg, escritor e ex-ombudsman da Folha 

"Tive contato com o Otavio em diferentes momentos da minha vida profissional, com diferentes leques de responsabilidades. Ele sempre tratava com rigor e transparência qualquer atividade, de tarefas burocráticas a questões ligadas a conteúdo. A combinação dessas duas características o diferenciava. É algo que aprendi com ele e carregarei para sempre." 

 

Mário Magalhães, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"Otavio Frias Filho foi um grande jornalista, um intelectual brilhante e um homem decente. No balanço sincero da história, é um dos maiores protagonistas do jornalismo brasileiro. Aprendi muito com ele, e nenhum desencontro teve o tamanho da minha gratidão."

 

Carlos Eduardo Lins da Silva, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"Otavio Frias Filho está na história da imprensa brasileira como um de seus expoentes pela ênfase absoluta que deu à prática de um jornalismo independente, pluralista e apartidário, feito com base em método e sempre atento com a precisão das informações publicadas."

 

Suzana Singer, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"Nos meus 30 anos de Folha, o período em que fui ombudsman foi o que tive menos contato com Otavio. Ele respeitava completamente a liberdade de ação do 'representante do leitor'."  

 


Vera Guimarães Martins, jornalista e ex-ombudsman da Folha

"Na Folha, quem vira ombudsman entra na categoria de colunista e, como tal, desfruta da total liberdade de opinião concedida a todos os colunistas. Com um agravante: a tarefa de crítica ao próprio jornal é mais do que uma liberdade, é uma obrigação.

O fato de a instituição do ombudsman não ter sido adotada pelos outros grandes meios dá bem uma mostra do grau de incômodo que ela provoca. Só alguém com convicção muito firme na importância da autocrítica permanente para bancar o desgaste. Otavio tinha essa convicção e fez dela um credo na Redação."

 

Gilberto Dimenstein, jornalista e ex-colunista da Folha

"A Folha foi minha grande escola de jornalismo, onde acertei tudo o que podia acertar —e errei tudo o que podia errar. Era mais do que uma escola: era um laboratório. E esse laboratório tinha, para mim, um grande personagem, exigente, íntegro e ousado: Otavio Frias Filho."

 

Ricardo Kotscho, colaborador da Folha

"Se o velho Frias plantou os alicerces e criou as condições econômicas para que a Folha fosse um jornal independente, apartidário, pluralista e crítico, Otavio Filho, o Otavinho, como era chamado na Redação, deu permanência e sistematizou o projeto em novos patamares nestes 34 anos em que comandou a Redação.

Assim como no resto do país, a passagem de bastão de uma geração para outra não foi pacífica nem tranquila.

Ao implantar o primeiro 'Manual de Redação', o guia para as mudanças que pretendia implantar, em maio daquele ano, o filho teve a coragem de enfrentar a resistência da velha guarda da Redação, à qual eu já pertencia, e tocou em frente.

Por uma questão de justiça, pelos resultados alcançados e consolidados, sou obrigado a reconhecer que Otavio estava certo em sua determinação de mudar, padronizar e estabelecer controles no trabalho da Redação, tanto que o seu projeto serviu de modelo para outros veículos nos anos seguintes."

 

André Singer, cientista político, professor da USP e colunista da Folha

"Otavio Frias Filho teve um papel muito importante na reconstrução da democracia brasileira a partir do momento em que reformulou a ideia do pluralismo da Folha como um projeto a ser seguido de maneira coerente e permanente. Transportando para toda a imprensa brasileira a ideia de que o contraditório e as opiniões divergentes devem ser ouvidos." 

 

Maria Inês Dolci, advogada especialista em direitos do consumidor, colunista da Folha

"Hoje é um dia muito triste para todos nós que acompanhamos, ao longo dos anos, a inquietude intelectual e artística de Otavio Frias Filho. Resta-nos honrar seu legado inovador e democrático, e reverenciar seu compromisso com a comunicação, o teatro e as grandes causas do país. Meus sentimentos aos familiares, colegas e amigos dele."

 

Laura Carvalho, colunista da Folha

"Perdeu muito o jornalismo brasileiro e o país. Meus sentimentos à Fernanda e a toda a família."

 

Juca Kfouri, colunista da Folha

"Mergulhada num cenário sombrio, a imprensa brasileira perde, precocemente, seu melhor diretor editorial."

 

PVC, colunista da Folha

"Como se não houvesse suficientes notícias ruins para o jornalismo brasileiro, morreu nesta madrugada Otavio Frias Filho."

 


Demétrio Magnoli, colunista da Folha

"Recebo a notícia da morte de Otavio Frias Filho como um soco no estômago. Na Folha, Otavio cultivou a improvável combinação de ordem e caos. Ordem: a imprensa profissional, submetida a regras estritas, em busca da objetividade possível. Caos: a estridência do choque de opiniões, reflexo de uma crença profunda no valor da pluralidade. Sem ele, ficamos, todos, um pouco mais vazios."

 

Alexandre Schwartsman, colunista da Folha

"Perda enorme. Condolências à família e amigos."

 

Eugenio Bucci, jornalista e professor da USP

"Otavio Frias Filho foi o diretor de Redação mais influente no período que se estende do final da ditadura militar aos nossos dias. O projeto editorial que ele liderou e que é conhecido como o Projeto Folha deu conta de modernizar profundamente o pensamento sobre jornalismo no Brasil e, a partir daí, a prática jornalística no nosso país. Isso não foi um feito de gestão ou de métricas de qualidade editorial. 

Foi antes disso uma vitória das ideias e, podemos dizer, uma vitória dos marcos filosóficos a partir dos quais se pratica o jornalismo na sociedade contemporânea. A persistência do Projeto Folha, que atravessa quatro décadas, mudou não apenas os jornalistas da própria Redação da Barão de Limeira como a cultura mais ampla da imprensa em todo o Brasil por meio de uma irradiação que se fazia através dos profissionais que, saindo da Folha, iam trabalhar em outras redações. As bases desse projeto podem ser resumidas no trinômio pluralismo, crítica e apartidarismo.

 A falta do Otavio abre uma preocupante quebra de liderança no cenário do nosso jornalismo."

 

Alon Feuerwerker, ex-jornalista da Folha 

"Sou grato ao Otavio. E sentirei falta dos textos bem elaborados, nos quais sempre achava alguma razão para divergir. Quem gosta de inteligência e de ler algo bem escrito vai sentir saudade do OFF. Eu vou."

 

Carlos Brickmann, ex-jornalista da Folha

"Vida de jornalista não era o que queria. Gostava mesmo de ler, de estudar. Gostava de teatro, de literatura, de Sam Shepard. Mas coube a ele, aos 26 anos, dirigir o jornal da família; e o dirigiu como se fosse esta sua ocupação preferida. Foi um diretor rigoroso, vigoroso, revolucionário. A Folha de S.Paulo, em suas mãos, se manteve até agora como o maior jornal do país.

Pouco conheci do Otavio fora do jornal: reservado, sério, formal, nada dizia de sua vida particular. No jornal, conheci-o bem: de poucos sorrisos, mas aberto a sugestões e enfoques não habituais. Quando assumiu a direção, esmagou as reações com mão de ferro. Dizia-se que não confiava em ninguém com mais de 30 anos. Impôs-se. A Folha, que já tinha mexido com a imprensa ao se abrir a intelectuais das mais diversas tendências e ao mergulhar na luta por eleições diretas, avançou na ênfase ao pluralismo. Daí as bobagens de que a Folha é petista ou inimiga do PT. A Folha é a Folha.

Dois dos jornalistas que melhor se deram com ele foram Ricardo Kotscho e eu, ambos o oposto do que preconizava. Os dois informais, ele formal; ambos distantes da academia, ele defensor de PhDs, masters, professores; ele cultor dos especialistas, os dois adeptos da reportagem geral. Ao escolher quem iria ao México para cobrir a Copa de 1986, ele optou pelos dois —que jamais haviam trabalhado em Esportes. A aposta, modestamente, deu certo. 

Ele era capaz de confiar em quem era seu oposto." 

 

Josias de Souza, blogueiro do UOL e ex-jornalista da Folha

"Otavio tinha um apego demoníaco pelo 'outro lado'. Poucas coisas o deixavam mais aborrecido do que uma notícia acusatória que não contemplasse a audição do acusado."

Nelson Sirotsky, membro do Conselho de Administração do Grupo RBS

"Meus profundos sentimentos. Perde o jornalismo brasileiro um de seus grandes nomes."

 

Marta Gleich, diretora de Jornalismo de Jornais e Rádios do Grupo RBS

“Otavio Frias Filho construiu, na Folha, um farol de referência jornalística que iluminou caminhos em tempos obscuros e contribuiu para criar muitos dos valores da imprensa brasileira. Sua morte prematura não apaga o legado que deixa para atuais e futuras gerações de jornalistas.” 

 

Amilcare Dallevo, presidente da Rede TV

"O jornalismo perde um grande ícone, um batalhador pela democracia e liberdade de expressão. Perda muito grande para o jornalismo mundial."

 

Laurindo Ferreira, diretor-adjunto de Redação na Sistema Jornal do Commercio

"Perda grande. Otavio sempre foi, para mim e para nossa geração, junto com a Folha, referência de bom jornalismo, ética, seriedade, inovação e compromisso com o país. Fará muita falta neste momento crucial da nossa história. Fica o legado. Que assim seja."

 

Guilherme Cunha Pereira, presidente do GRPCOM, proprietário da Gazeta do Povo e da RPC no Paraná

"A democracia brasileira perde uma de suas grandes vozes. Nas três décadas em que esteve à frente da Folha, Otavio Frias Filho influenciou positivamente todas as redações do país e o comportamento de milhões de brasileiros com sua atuação e inovações. Seu legado é extraordinário."

 

Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e professor de jornalismo na Universidade do Texas, em Austin

"O jornalismo perdeu um dos seus mais inteligentes e audaciosos líderes justamente no momento em que inteligência e audácia são mais necessárias para sua sobrevivência. Otavio Frias Filho liderou um dos processos de modernização mais importantes da história do jornalismo brasileiro ao transformar a Folha de S.Paulo numa referência mundial. A reforma da Folha que Otavio liderou a partir de 1984 teve um forte impacto não apenas no jornal dele, mas em toda a indústria jornalística brasileira e na vida política do país, pois estava perfeitamente sintonizada com a reconstrução da democracia depois de duas décadas de ditadura. Inteligente e audaz, ele foi também um radical da transparência democrática ao transformar a Folha num dos mais vibrantes e diversos foros de opinião e informação que o jornalismo brasileiro já tinha visto.

De um lado, ele promoveu uma pluralidade radical ao dar espaço na Folha às mais diversas opiniões, inclusive as mais opostas à opinião do jornal. Por outro lado, impôs à Redação uma radical disciplina inspirada no jornalismo americano de permanente busca da objetividade, da imparcialidade e do apartidarismo. Os valores éticos e profissionais que Otavio pregou ao longo de sua carreira nunca foram tão importantes quanto nestes tempos em que a revolução digital está transformando o ecossistema midiático. O Otavio vai fazer muita falta, mas seu legado baseado naqueles valores éticos e profissionais será importante nesta transição do jornalismo para a era digital."

 

André Petry, diretor de Redação da revista Veja

"Otavio é uma perda enorme para o jornalismo brasileiro por razões diversas. Mas uma salta aos olhos: sua cultura e sua honestidade intelectual, que moldaram o sucesso e a relevância da Folha de S.Paulo. Em qualquer momento que Otavio partisse, essas qualidades fariam tremenda falta. Mas, neste momento, quando o papel do jornalismo é alvo de ataques das forças mais retrógradas e atrasadas, a falta de Otavio será monumental."

 

 André Lahóz Mendonça de Barros, diretor de redação da revista Exame 

“Num país que ainda engatinha no entendimento do valor do jornalismo para a democracia, Otavio foi de uma clareza e de uma firmeza irretocáveis. Recomendo a todos —não apenas jornalistas— assistir aos vídeos em que ele fala sobre sua profissão. Um abraço aos colegas da Folha que conduzirão agora o jornal —e a bandeira do bom jornalismo.”

 


Dennis de Oliveira, chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração e professor associado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

"Otavio Frias Filho transformou os momentos políticos do cenário brasileiro em uma oportunidade de mercado para o jornal que dirigia. E fez com grande competência, tanto é que a Folha de S.Paulo que era um jornal secundário no panorama do jornalismo brasileiro rapidamente se transformou em um dos principais veículos informativos do Brasil."

 

André Hees, editor-chefe d'A Gazeta, do Espírito Santo

"O talento de Otavio Frias Filho marcou uma geração de jornalistas. Ele influenciou toda a imprensa brasileira com a sua defesa intransigente da pluralidade de opiniões, do respeito a divergências, do debate livre e civilizado, tão raro hoje. Ao introduzir a figura do ombudsman, estimulou também a autocrítica de todos os veículos. Fará muita falta". 

 

Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) 

“Otavio Frias Filho fará muita falta ao jornalismo e ao Brasil. Na ANJ, ele teve papel decisivo na elaboração do Código de Ética dos Jornais. Seu compromisso com a independência jornalística, a pluralidade e a democracia tornou a Folha de S.Paulo em jornal de referência internacional. Otavio deixa marcas profundas na história da imprensa e serve de inspiração para gerações de jornalistas.”

 

Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ

"Sempre fui admirador e leitor atento do que Otavio que escrevia e dizia. Uma referência na reflexão e na prática do jornalismo."

 

Dacio Nitrini, diretor de jornalismo da TV Gazeta e ex-jornalista da Folha

"Otavio Frias Filho era um caso raro de diretor-proprietário de jornal que impedia a mistura de negócios com jornalismo. Trabalhei nove anos na sua equipe, nos marcantes anos 1980. Era inteligentíssimo. Não é apenas a Folha que perde. Meu abraço à família."

 

Frederic Zoghaib Kachar, presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner)

"O jornalista deixa um exemplo de dedicação ao trabalho desenvolvido em toda sua carreira, com ética e profissionalismo. Foi um dos criadores do jornalismo moderno e defensor incansável da liberdade de imprensa."

Mônica Waldwogel, jornalista

"#RIP Otavio Frias Filho, grande influenciador da minha geração de jornalistas."

 

Leonardo Sakamoto, jornalista

"A morte de Otavio Frias é representativa de um tempo em que espaços de debate plural, como a Folha, perdem terreno para bolhas em que ouvimos só o que queremos. Pessoas assim fazem falta diante das nuvens escuras que se avizinham no horizonte."

 

Diogo Mainardi, jornalista

"A morte de Otavio Frias Filho empobrece a imprensa e, por isso mesmo, piora o Brasil."

 

Caio Blinder, jornalista 

"Morreu Otavio Frias Filho, uma das pessoas mais inteligentes que conheci, estupendo jornalista, autor de uma revolução na mídia."

 

Marcelo Lins, jornalista

"Otávio Frias Filho era um democrata, desses que fazem falta quando se levantam vozes estridentes em defesa do mais abjeto autoritarismo."

 

Eduardo Ribeiro, diretor da newsletter Jornalistas & Cia 

"Otavio sempre fez o jornalismo do presente olhando para o futuro. Conhecia todas as tendências e transformações que estavam acontecendo. Foi fundamental para a defesa do jornalismo e da democracia."

 

Agência Lupa

"Recebemos com tristeza a notícia da morte de Otavio Frias Filho e nos solidarizamos tanto com sua família quanto com a Folha."

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