Descrição de chapéu Eleições 2018

Nanicos gastam com segmentação nas redes sociais para sair do 1%

Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) pagam para direcionar postagens no Facebook

Débora Sögur Hous
São Paulo

Bolsominions, geeks, apressados, ecológicos, diaristas, bravinhos, harleyros, goianos, hipsters, forrozeiros, capoeiristas, locutores, mochileiros e rappers, Henrique Meirelles (MDB) tem uma mensagem para cada um de vocês.

Posts impulsionados por Henrique Meirelles no Facebook para públicos selecionados. - Reprodução/Folhapress

Com dinheiro de sobra e intenções de votos de menos, o ex-ministro da Fazenda aposta na segmentação por meio de postagens pagas no Facebook para tentar aumentar sua popularidade. 

A rede social vende o impulsionamento de publicações, sejam elas textos, fotos ou vídeos, para públicos específicos, usuários que não precisam necessariamente ter curtido ou estar seguindo a página do candidato.

Quem paga pode direcionar seu conteúdo para o público de acordo com gênero, idade, região do país e interesse.

Além de Meirelles, outros dois dos 13 candidatos à Presidência investem na mesma estratégia: Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo).

O candidato do MDB é quem mais gastou com as publicações direcionadas. Até esta terça (28) tinham sido 192 posts impulsionados. 

A assessoria do candidato não divulgou quanto o ex-ministro já gastou com a rede social. A Folha estima, baseada em informações disponibilizadas pela Biblioteca de Anúncios do Facebook, que a candidatura desembolsou, no mínimo, R$ 102.900,00 com a estratégia.

Uma única publicação, que divulga o plano de governo do emedebista, direcionada a 1 milhão de pessoas que moram no Rio de Janeiro, entre 25 e 54 anos, custou R$ 10 mil.

Nenhum post de Meirelles faz menção ao atual presidente Michel Temer. No entanto a reportagem localizou dois vídeos em que o candidato vincula sua imagem ao ex-presidente Lula (PT). “Fui chamado pelo Lula e criamos 10 milhões de empregos”, diz o candidato.

Apesar do investimento, o emedebista não viu sua popularidade crescer consideravelmente. Ele teve um aumento de 4% em curtidas na sua página oficial no Facebook desde o início da campanha eleitoral, em 16 de agosto.

Antes do período eleitoral, quando ainda não tinha sido oficializado como candidato, Meireles já apostava na segmentação na sua campanha. O público, porém, era mais genérico. No dia 1º de julho, por exemplo, ele usou posts pagos para falar com pessoas a partir de 13 anos de idade, que moram no Brasil.

Com R$ 377 milhões declarados, Meirelles é o segundo candidato com maior patrimônio entre os presidenciáveis. Perde apenas para João Amoêdo, com R$ 425 milhões. O emedebista doou R$ 20 milhões para sua própria campanha.

Com estratégia mais conservadora que a do emedebista, sem memes fabricados e com menos direcionamento em mensagens, Amoêdo também investe nas redes sociais.

O candidato do partido Novo gastou R$ 29 mil com o impulsionamento de 18 publicações no Facebook; R$ 10 mil foram gastos com uma única publicação, do dia 24 de agosto, direcionada para um milhão de pessoas. É um vídeo em que o candidato está na frente do Palácio do Planalto. “Eu não vou morar aqui. Isso aqui vai virar um museu”, diz o candidato do Novo.

Segundo Daniel Guido, coordenador de mídias digitais da campanha de Amoêdo, as postagens escolhidas para impulsionamento são aquelas que já estão indo bem sem o pagamento.

“Hoje, de 15 a 20% das interações da página do Amoêdo vêm dos posts impulsionados. Não trabalhamos com segmentos muito específicos, preferimos direcionar por regiões e para amigos de pessoas que já curtam as páginas do partido Novo e do João Amoêdo”, afirma.

Questionado sobre um post, impulsionado no dia 29 de julho, que convidava pessoas que moram em São Paulo e gostam de “compras online” para um encontro do partido Novo, Guido disse que essa não é mais uma estratégia do candidato. Para ele, o “microtarget”, ou direcionamento extremamente específico, não funciona muito bem.

“O que tem funcionado para o Novo é a militância online, que vê na figura de Amoêdo um outsider e se sente inspirada em entrar na política e está sempre compartilhando nossos conteúdos.”

Segundo a ferramenta Crowdtangle, desde o início da campanha eleitoral, Amoêdo viu sua página no Facebook receber mais de 600 mil curtidas (quase 50 mil por dia), um crescimento de 43% em relação ao início da campanha.

Candidatos pagam para ter relevância nas redes sociais

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O terceiro candidato que tem utilizado a segmentação é Guilherme Boulos (PSOL). Segundo Natalia Szermeta, uma das coordenadoras de comunicação da campanha, a estratégia do Facebook ainda está em fase de testes.

Até agora, Boulos fez o impulsionamento de 33 publicações, direcionadas a públicos menores, que lhe custaram, segundo informação divulgada pelo Facebook, pelo menos R$ 13 mil.

“Não esperamos que isso se transforme em votos, mas acreditamos que dessa forma vamos divulgar mais as nossas ideias para pessoas que já são interessadas em nossas pautas. Nossa campanha é nas ruas”, afirmou Szermeta.

Segundo pesquisa Datafolha, de 22 de agosto de 2018, Henrique Meirelles e Guilherme Boulos têm 1% das intenções de voto cada um, no cenário com Lula candidato. Sem o ex-presidente, preso em Curitiba, o emedebista fica com 2% e o candidato do PSOL segue com 1%. João Amoêdo tem 2% da preferência do eleitorado em ambos os cenários.

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