'No Doria, eu não voto', diz ex-apoiador do tucano que perdeu calças em prévias

Militante do PSDB diz que se decepcionou com gestão do ex-prefeito

Artur Rodrigues
São Paulo

O militante Albino José Seriqueira, 58, o Bininho, ficou conhecido há pouco mais de dois anos após ser flagrado no chão com a calça arriada durante uma confusão nas prévias do PSDB

Na época, ele apoiava João Doria (PSDB), seduzido pelo discurso de que o tucano era um administrador. Ainda no PSDB, ele se diz decepcionado com Doria e descarta votar nele para governador. 

"Ele [Doria] veio com um discurso de ser um grande gestor. Olha como ele deixou a prefeitura. Como deixou as praças, os buracos na rua", afirma o militante, que dá a entender que pode votar em Márcio França (PSB). "Como você vai votar em alguém que não cumpre aquilo que fala?".

Bininho diz ser um tucano da velha-guarda, desde a fundação do PSDB em 1988. Em fevereiro de 2016, em mais uma campanha, ajudava o candidato outsider do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), contra os pessedebistas veteranos Andrea Matarazzo (hoje no PSD) e Ricardo Tripoli.

Grupos favoráveis a Doria e a Tripoli trocaram chutes, socos e empurrões na rua em frente ao local de votação, no Tatuapé (zona leste). Ao menos quatro pessoas se feriram.

Morador da região do Tatuapé, o Bininho estava no local para transportar eleitores de Doria para o ponto de votação. Na confusão, ele caiu e chegou a perder a calça. 

A cena foi registrada pela Folha. A imagem, que mostra Bininho caído na sarjeta e uma mulher puxando um homem pela camisa, viralizou na internet. "Foi uma briga feia", lembra ele.

O militante enumera decepções sucessivas com Doria, que culminaram com o fato de ele não cumprido o compromisso de terminar o mandato. 

"A população acreditou nele, ganhou no primeiro turno. Eu quero ver agora ele ter 4 milhões de votos [de novo] no primeiro turno aqui na capital".

Albino Seriqueira caiu durante briga nas prévias do PSDB em 2016
Albino Seriqueira caiu durante briga nas prévias do PSDB em 2016 - Adriano Vizoni/Folhapress

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, quando Doria deixou a prefeitura para concorrer ao governo, 66% dos moradores da capital paulista acreditam que ele agiu mal ao renunciar. Além disso, 47% dos paulistanos consideram sua administração ruim ou péssima.

Nas prévias para disputar o governo pelo PSDB, Doria obteve vitória esmagadora de 80% sobre seus adversários. Mas, dessa vez, não contou com a ajuda de Bininho. 

Ele diz trabalhar como representante comercial, mas militará na campanha de Mario Covas Neto (Podemos) ao Senado. 

O filho do ex-governador Mario Covas também se tornou desafeto de Doria, após ter sido preterido pelo prefeito, que apoiou Milton Leite (DEM) para presidente da Câmara Municipal. 

Em momento de descrença nos partidos, Bininho diz que mantém a fé no PSDB e continua apoiando os demais quadros do tucanato, incluindo o padrinho político de Doria, o presidenciável Geraldo Alckmin. Próximo da família Covas, ele elogia o atual prefeito, Bruno Covas. "Ele está melhorando a capital", diz. 

Bininho e Covas Neto não foram os únicos apoiadores que Doria perdeu na passagem pela prefeitura. Os ex-secretários municipais Patrícia Bezerra (PSDB) e Gilberto Natalini (PV) hoje também disparam críticas.

Doria não quis comentar as críticas do ex-apoiador.

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