Pesquisador agiu corretamente ao não mostrar questionário de pesquisa eleitoral

Homem acusou profissional de tentar fraudar levantamento

São Paulo

É falsa a acusação de um homem, que aparece em vídeo difundido nas redes sociais, de que uma pesquisa do Datafolha foi fraudada porque o pesquisador se recusou a mostrar o questionário.

O vídeo foi gravado no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de junho, quando a pesquisa foi realizada. Na gravação, um homem, que apesar de mostrar o rosto, não diz seu nome, acusa o entrevistador de fraude.

“Foi anulada agora a pesquisa Datafolha porque foi negada a informação de eu ler as perguntas. Eu não pude ler as perguntas no momento que era com critério da Folha. Aí como é que eu posso dar credibilidade a uma pesquisa onde eu não posso ler as perguntas?”, questiona o homem, enquanto grava sem autorização o funcionário do Instituto, que tenta esconder o rosto e, em outro momento, também explica que o questionário não pode ser lido.

Urna eletrônica usada nas eleições no Brasil
Urna eletrônica usada nas eleições no Brasil - Pedro Ladeira - 20.mar.2018/Folhapress

Os procedimentos de campo seguidos pelos profissionais do Datafolha não permitem que os entrevistados leiam as perguntas antes para evitar estímulos não previstos quando da elaboração da pesquisa. Entrevistados têm acesso apenas a instrumentos como cartões de renda ou de candidatos, nunca ao questionário aplicado através de tablet.

O Comprova, coalizão de 24 organizações de mídia brasileiras, dentre elas a Folha, que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018, também entrou em contato com o Datafolha, que confirmou que o entrevistador fazia pesquisa para o Instituto. Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, afirmou que o profissional agiu corretamente ao se recusar a mostrar o questionário ao entrevistado.

O Comprova questionou o Datafolha sobre o horário da pesquisa. No vídeo, gravado em lugar aberto, o céu está escuro. Paulino afirmou que os pesquisadores precisam fazer pesquisas durante manhã, tarde e começo de noite porque as características dos transeuntes mudam. Cada entrevistador sai para pesquisa com uma grade de pessoas que precisa abordar. Paulino ainda afirma que pesquisas de institutos diferentes não são comparáveis pois usam métodos e estratégias diversas. Pesquisas presenciais, por exemplo, não são comparáveis com pesquisas telefônicas.

A gravação viral foi feita no início de junho deste ano, mas voltou a ser compartilhada nas redes após o resultado de nova pesquisa do instituto ser divulgado nesta quarta-feira (22).

O vídeo foi compartilhado pela primeira vez na página do Facebook Movimento Brasil Contra a Corrupção (MBCC) no dia 8 de junho, às 00h08. Ele voltou a ser difundido nas redes após divulgação de nova pesquisa nesta quarta, 22 de agosto. No dia, às 10h30, a página Rio Conservador, na mesma rede social, compartilhou o vídeo, que já conta com mais de 400 mil visualizações e 30 mil compartilhamentos. “Funcionário de instituto de pesquisa é pego em flagrante tentando manobrar pesquisa eleitoral. Eles estão fazendo de tudo para evitar a vitória de Bolsonaro”, diz texto que acompanha o vídeo.

Participou também da apuração deste texto o veículo O POVO, que integra o Comprova, projeto que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018. É possível sugerir checagens pelo WhatsApp da iniciativa, no número (11) 97795-0022. 

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