Descrição de chapéu Eleições 2018

Sites e apps para ajudar eleitor a escolher candidato se multiplicam

Ao menos oito iniciativas promovem encontro do usuário com 'político ideal' para seu perfil

Joelmir Tavares
São Paulo

Antes de digitar o número na urna eletrônica, o eleitor interessado em escolher bem seus representantes poderá usar os dedos em ao menos oito sites e aplicativos.

Para descobrir em quem votar na urna eletrônica, eleitor pode contar com a ajuda de sites e aplicativos - Alan Marques - 3.out.2014/Folhapress

Assim como o Match Eleitoral, lançado nesta semana pela Folha e pelo Datafolha, outros projetos de movimentos da sociedade e grupos pró-renovação política pretendem ajudar no encontro entre o cidadão e o postulante que melhor representa suas ideias.

Vários foram criados nos últimos meses e entrarão no ar nos próximos dias, com foco principalmente na campanha para as Assembleias nos estados e o Congresso Nacional.

Entre eles: Tem Meu Voto, Me Representa, Bússola Eleitoral, Voz Ativa, Appoie e Vota SP.

O serviço da Folha, inspirado em apps de paquera, está disponível desde segunda (27) e já atingiu mais de 115 mil questionários respondidos.

A plataforma conecta o eleitor com o candidato a deputado federal em São Paulo que tiver perfil semelhante ao seu, a partir de um questionário.

Candidatos, cientistas políticos e ativistas elogiaram a iniciativa nos últimos dias por contribuir para a vida do eleitor e chamar atenção para a eleição do Legislativo.

Um levantamento do aplicativo Poder do Voto sobre como a tecnologia tem sido usada no meio político encontrou 15 iniciativas que orientam o usuário na decisão eleitoral.

Grande parte das plataformas surgiu neste ano, em meio à “frustração de muitos brasileiros com a política e a intenção de se envolverem no processo democrático”, afirma Paulo Dalla Nora, cofundador do Poder do Voto.

O app dele não é do tipo que promove matches. É mais voltado aos mandatos e auxilia o eleitor a fiscalizar os eleitos e acompanhar suas votações.

A pesquisa chegou ao número de 15 porque considerou também páginas que têm dados, por exemplo, sobre a atuação parlamentar e o número de processos na Justiça. Elas dão suporte à pesquisa sobre o currículo, mas não oferecem respostas prontas.

No caso das ferramentas que promovem match do eleitor com o político, o usuário precisa fazer mais do que verificar a ficha corrida. Ele tem que responder a perguntas e aplicar filtros que mostram quem seria o candidato ideal de acordo com seus critérios.

Um site do tipo, o Tem Meu Voto, pedirá que a pessoa responda a sete questões, sobre temas como economia e costumes. Depois exibirá quais postulantes a deputado estadual e federal e a senador estão afinados com as opiniões.

O apresentador Luciano Huck, que quase foi pré-candidato a presidente da República, é um dos entusiastas da página, idealizada por 17 organizações —entre elas o Agora! e o RenovaBR, duas entidades das quais ele faz parte.

“O que a gente está tentando fazer é furar o sistema com tecnologia”, afirma Huck à Folha, citando a dificuldade de os “candidatos da renovação” serem vistos na campanha. “Se conseguirmos escalar a visibilidade e o uso da ferramenta, teremos uma boa chance de romper o sistema e dar visibilidade a eles”, diz.

Coordenador do Tem Meu Voto, o cientista político Leandro Machado vê a página como “uma resposta da sociedade civil à crise de representatividade, em que o poder de decisão está muito nas mãos dos caciques partidários”.

Em geral, as plataformas que querem permitir ao cidadão encontrar o nome ideal se dizem apartidárias e pretendem exibir políticos que defendem diferentes bandeiras.

O #MeRepresenta, embora não faça distinção entre siglas, tem um enfoque: aproximar eleitores de candidaturas que valorizam direitos humanos.

A plataforma foi lançada na eleição de 2016 por coletivos de mulheres, negros e LGBTs que buscam igualdade de gênero, combate ao racismo e diversidade sexual na política.

Os candidatos são cadastrados conforme suas posições sobre temas como segurança pública, corrupção, trabalho, saúde, educação e ambiente.

“A página ajuda a levar os corpos desprivilegiados, das mulheres negras e dos LGBTs, para um sistema desenhado por um grupo de pessoas para se manter no poder”, diz Gui Mohallem, um dos criadores.

Em 2016, um dos dez nomes mais visualizados no site foi o de Marielle Franco (PSOL), que se elegeu vereadora no Rio e cumpriu mandato até ser assassinada, há cinco meses.

“Essas iniciativas têm em comum o desafio de agrupar informações da Justiça Eleitoral e o de fazer com que candidatos se posicionem diante de temas, para tornar o serviço mais qualificado”, diz Ricardo Borges Martins, do movimento Pacto pela Democracia.

O grupo fez há alguns dias em São Paulo um evento sobre “a era dos matches: como encontrar os(as) candidatos(as) dos seus sonhos”, com porta-vozes de quatro iniciativas. Além de Tem Meu Voto e #MeRepresenta, o debate reuniu representantes de Bússola Eleitoral e Voz Ativa.

 

Iniciativas que ajudam a decidir em quem votar

  • Match Eleitoral - Criado pela Folha e pelo Datafolha, cruza respostas do eleitor com as de candidatos a deputado federal por SP e mostra opções ideais
  • Tem Meu Voto - Tem abrangência nacional e é apadrinhado por Luciano Huck
  • #MeRepresenta - Busca conectar eleitor com candidato pró-direitos humanos. Vale em todo o país
  • Appoie (*) - Com candidatos do Brasil todo, também mostra processos a que cada político responde
  • Quem Me Representa - O usuário dá opinião sobre temas analisados na Câmara e o site ordena os deputados conforme a votação deles
  • Bússola Eleitoral - Com alcance nacional, monta um mapa para o eleitor a partir de respostas dele e dos candidatos
  • Voz Ativa (*) - Voltado para a Câmara dos Deputados, mostra match entre eleitor e candidato a partir de suas semelhanças
  • Vota SP - Focado na eleição de deputados estaduais e federais em São Paulo, exibe um índice de afinidade

Os serviços podem ser achados por meio de buscas na internet ou nas lojas de apps (*). Todos são gratuitos

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