Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaristas articulam alianças com siglas que apoiam outros candidatos

Nos estados, apoiadores do presidenciável tentam construir pontes com nomes competitivos

Salvador e Rio de Janeiro

O quartel-general que orbita em torno da candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem buscado construir pontes com candidatos a governos e Senado mais competitivos nos estados.

A ideia é ampliar o leque de apoios a Bolsonaro atraindo candidatos de partidos aliados a outros presidenciáveis como Geraldo Alckmin (PSDB) e Alvaro Dias (Podemos).

Parte desses apoios aconteceriam já no primeiro turno, enquanto outros estão sendo amarrados para a possibilidade de um segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

A estratégia foi iniciada frente à dificuldade de candidatos do PSL em avançar nos estados. Dos 13 candidatos a governador do PSL, apenas Antonio Denarium, de Roraima, tem chances de ir ao segundo turno.

Um dos principais aliados de Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR-ES) tem sido o principal articulador das possíveis alianças. "Onde tiver um candidato de caráter, de mãos limpas e que esteja enfrentando esse projeto da velho liderado pelo PT, nós vamos apoiar", afirma Malta à Folha.

O senador Magno Malta (PR-ES), aliado de Bolsonaro e que tem ajudado a costurar apoios para o presidenciável do PSL
O senador Magno Malta (PR-ES), aliado de Bolsonaro e que tem ajudado a costurar apoios para o presidenciável do PSL - Pedro Ladeira - 7.mar.2018/Folhapress

Na última semana, ele visitou a Bahia e anunciou seu apoio ao candidato a governador José Ronaldo (DEM). Com o movimento, isolou a candidatura do ex-prefeito de Salvador João Henrique Carneiro (PRTB), que até então tinha o apoio do PSL baiano.

A visita aconteceu na mesma semana em que Ronaldo, num comício, fez uma enquete entre eleitores perguntando em que votariam para presidente. A plateia só reagiu com força quando o nome de Bolsonaro foi citado e o candidato do DEM emendou: "Essa pesquisa é a que vale."

No último domingo (23), a candidata a vice-governadora na chapa de Ronaldo, Mônica Bahia, participou de um ato em apoio a Bolsonaro em Salvador. Ela é filiada ao PSDB e ligada ao MBL (Movimento Brasil Livre).

Na mesma linha, o grupo de Bolsonaro decidiu apoiar Ratinho Júnior (PSD) para o governo do Paraná. O apoio foi concedido a despeito de o PSL ter candidato próprio e mesmo sem reciprocidade no primeiro turno: o filho do apresentador de televisão Ratinho diz que votará em Alvaro Dias.

Nos últimos dias, contudo, as pontes entre Bolsonaro e Ratinho Júnior foram reforçadas com a adesão do apresentador ao candidato do PSL. Para o segundo turno, a expectativa é que a candidatura de Bolsonaro agregue o apoio de outros candidatos a governador como Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, e José Ivo Sartori (MDB), do Rio Grande do Sul.

O vice-governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Carioli (PSD), candidato à reeleição, participou de agenda ao lado do general Antônio Hamilton Mourão na terça-feira (25) no interior do estado.

"É uma possibilidade para o segundo turno. Não podemos esperar o 7 de outubro para iniciarmos uma conversa no dia 8. Na política, é importante não romper com quem se tem algo em comum", disse Carioli.

No Rio, base eleitoral do presidenciável, o PSL também tem ponte aberta com Romário (Podemos), um dos favoritos a chegar no segundo turno. O vice do ex-jogador, o policial militar Marcelo Delaroli (PR) faz campanha para Bolsonaro no estado. Eduardo Paes (DEM), líder nas pesquisas, não tem se posicionado sobre o cenário nacional, mas já fez elogios ao capitão reformado, classificado como uma pessoa "equilibrada".

Um apoio dado como certo no segundo turno é o de Alberto Fraga (DEM), candidato ao governo do Distrito Federal —está em segundo lugar com 14% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha.

Fraga era um dos principais apoiadores de Bolsonaro no Congresso Nacional, mas refluiu ao receber o apoio do PSDB à sua candidatura ao governo do estado e passou a apoiar Geraldo Alckmin.

Já o candidato ao Senado no Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Heinze (PP) tem situação semelhante à de Fraga, mas nem esperou o segundo turno: já abandonou o barco de Alckmin mesmo sendo colega de partido da vice do tucano, Ana Amélia (PP).

Pelo menos outros dois candidatos majoritários já fizeram esta migração da candidatura de Alckmin para Bolsonaro, tentando surfar na onda do eleitorado do capitão reformado.

No Rio de Janeiro, o deputado Índio da Costa (PSD), candidato ao governo, abandonou o tucano para pedir voto a Bolsonaro, mesmo sem qualquer garantia de apoio.

"Quem escolheu ir para o caminho errado foi o Alckmin, não fui eu. Meu partido deu apoio a ele, antes dele se juntar com o centrão. Se houve alguma traição, foi do Geraldo Alckmin com o Rio ao escolher o crime para caminhar ao lado dele", disse Índio.

Em Minas Gerais, Dinis Pinheiro (SD), candidato ao Senado na chapa de Antonio Anastasia (PSDB), divulgou nesta segunda (24) vídeo ao lado de Bolsonaro --gravado no início do mês.

Em nota, Pinheiro justificou sua adesão afirmando que Bolsonaro é um candidato capaz de "romper com as práticas de um sistema [político] em falência".

Na mesma semana, o candidato a vice de Anastasia, Marcos Montes afirmou que será preciso "dar mão ao candidato Bolsonaro" caso Alckmin não avance nas pesquisas.

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