Descrição de chapéu Eleições 2018

Buscas na web relacionadas à eleição mais do que dobram em 2018

Interesse por temas relacionados à política cresceu 140% na comparação com a última eleição

Débora Sögur Hous
São Paulo

Nunca, em período de eleição, o brasileiro procurou tanto por política na web como agora. Segundo o Google Trends, ferramenta que disponibiliza amostras do que está sendo jogado no site de buscas, o interesse por temas relacionados a política cresceu 140% na comparação com o mesmo período de 2014.

O atentado sofrido por Bolsonaro, vítima de uma facada no dia 6 de setembro, puxou a alta. Porém, mesmo passadas duas semanas do caso, o interesse em candidatos segue alto, acima da média registrada em anos anteriores.

Pese-se que desde 2014 houve um aumento da população que acessa a internet, de 59% para 65%, segundo pesquisa Datafolha do último mês de agosto.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro, domina 64% das buscas relacionadas à eleição presidencial no Google, entre 16 a 22 de setembro.

A empresa não disponibiliza números absolutos de busca, apenas índices relativos. Em áreas pouco conectadas, os dados não são tão consistentes. Já em áreas densamente povoadas, com acesso à Internet, a ferramenta é um retrato fiel do que desperta o interessa nessa população.

Nas últimas três eleições à Presidência —2006, 2010 e 2014— os dois candidatos mais buscados no site chegaram ao segundo turno. Quem teve mais pesquisas relacionadas ao seu nome invariavelmente venceu o pleito.

Buscas no Google não significam intenção de voto. A relação entre os mais pesquisados no Google e o resultado final de eleições foi objeto de um estudo conjunto das universidades American (EUA), Maryland (EUA), Glasgow (Escócia) e King’s College (Inglaterra), em 2016.

“Tudo o que a pontuação do Google Trends nos revela é que os eleitores estão mais interessados em alguns candidatos do que em outros, mas isso não significa necessariamente voto. O fato de Bolsonaro ter passado por um evento chocante o favore naturalmente nas pontuações do Trends. Também deve-se ponderar que o fato de 35% da população brasileira não estar online faz com que o resultado não seja representativo da vontade do eleitor”, afirma Filippo Trevisan, um dos autores da pesquisa.

Outros estudos conduzidos pelo Instituto de Internet da Universidade de Oxford tiveram conclusão semelhante.

Segundo Eve Ahearn, mestre em dados sociais pela universidade de Oxford, “as tendências do Google não são, obviamente, equivalentes à probabilidade de voto”. “As previsões políticas têm sido historicamente baseadas em pesquisas de comportamento do eleitor. A busca de informações [no Google] nos traz indícios desse comportamento”, diz na publicação “What does it mean to win a debate anyway?: Media Coverage of the Leaders’ Debates vs. Google Search Trends (O que significa vencer um debate?: Cobertura dos líderes de debates pela mídia versus tendências de busca do Google).

Marco Túlio Pires, coordenador do Google News Lab no Brasil, lembra que uma pessoa que atrai muito interesse pode ter muitas buscas por informações negativas sobre ele.

Antes de ter sua candidatura vetada pelo TSE, Lula (PT) chegou a despertar mais interesse nos internautas do que Bolsonaro nos primeiros dias da corrida presidencial oficial, em 16 e 17 de agosto, e quando o ex-presidente apareceu na campanha da TV, em 31 de agosto e 1º de setembro.

Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) é o segundo mais buscado, com 16%. Haddad fica em terceiro, com 11%. Os outros candidatos chegam a no máximo 2% cada.

Nesta campanha, —não fosse o atentado contra Bolsonaro— o acontecimento que mais levou as pessoas ao Google foram as entrevistas no Jornal Nacional.  Marina também atingiu um pico de buscas quando enfrentou Jair Bolsonaro no debate da Rede TV!, em 18 de agosto.

Substituto de Lula desde o dia 11 de setembro, Fernando Haddad tem despertado curiosidade do Nordeste, onde é assunto de buscas principalmente nos estados de Piauí, Sergipe, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, locais tradicionalmente lulistas.

Na semana de 16 de agosto no Nordeste, Lula dominava 61% das buscas; Haddad, 3% e Jair Bolsonaro, 35%. Com as reviravoltas da corrida presidencial, nos últimos 15 dias a situação é outra. Entre esses três nomes, Bolsonaro está em 66% das buscas, Haddad, em 21% e Lula, em 12%.

Comparando os cinco candidatos melhores pontuados no último Datafolha. Jair Bolsonaro é o mais buscado em todo o Brasil. Seu maiores índices são no Norte (83%), Centro-Oeste (81%), Minas Gerais (81%) —após atentado—, Sul (81%), Rio de Janeiro (80%), estado que o elegeu deputado federal.

Marina, Ciro e Alckmin tem a atenção dos estados onde fizeram carreira política, respectivamente, Acre, Ceará e São Paulo.

Além das entrevistas no Jornal Nacional, eleitores estão buscando no Google fatos sobre a família dos candidatos, memes e se os presidenciáveis estão envolvidos em crimes de corrupção.

Segundo Marco Túlio Pires, coordenador do Google News Lab Brasil, brasileiros tendem a pesquisar mais as propostas dos candidatos quando elas são citadas em entrevistas ou debates.

Principais questões sobre os candidatos (19.set.2018–26.set.2018)

Ciro Gomes

Fernando Haddad

Marina Silva

Geraldo Alckmin

Jair Bolsonaro

O que Ciro Gomes fez pelo Brasil?

O que Ciro Gomes fez pelo Ceará?

O que Patrícia Pillar fala de Ciro Gomes?

Onde nasceu o pai de Ciro Gomes?

O que o cearense acha de Ciro Gomes?

O que Haddad fez como ministro?

O que Haddad fez como prefeito?

O que significa Haddad?

Como foi o governo de Fernando Haddad?

Quem é Fernando Haddad?

O que Marina Silva defende?

O que Marina Silva fez pelo Brasil?

Quem é Marina Silva?

O que Marina Silva fez como senadora?

Onde nasceu Marina Silva?

Como foi o governo de Geraldo Alckmin?

O que Geraldo Alckmin fez?

O que Geraldo Alckmin fez de bom?

Por que não votar em Geraldo Alckmin?

Quem é Geraldo Alckmin?

Como está o Bolsonaro?

O que Bolsonaro fez em 30 anos de política?

Quem é Bolsonaro?

O que é fascismo?

O que é comunismo?

Temas políticos em alta e em baixa nas buscas brasileiras (2008–2018)

Em alta

Em baixa

Intervenção militar
Porte de armas
Machismo, feminismo e sexismo
Bolsa família
Seca

Meio ambiente
Operação Lava Jato
Poluição
Petrobrás
Reforma Política

​Não só de política, porém, vive a curiosidade do brasileiro na internet. Desde o início da campanha eleitoral, a Série A do Brasileiro atrai o dobro do interesse dos internautas na comparação com buscas ligadas com a eleição.

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