Descrição de chapéu Eleições 2018

Candidato ao governo do Rio, Eduardo Paes minimiza ligação com MDB e Cabral

Ex-prefeito afirma que não houve crime no episódio conhecido como a farra dos guardanapos

Rio de Janeiro

Antes uma crítica à sua trajetória política, a intensa mudança de partidos e grupos políticos se tornou estratégia de defesa do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM).

O candidato ao governo do Rio aponta agora sua aliança com Sérgio Cabral (MDB) e demais emedebistas fluminense presos por corrupção como um acordo circunstancial.

“Minha origem não é ali com aquelas pessoas”, disse, em entrevista à Folha. “Queria ser prefeito do Rio e o PMDB foi o espaço que me acolheu.”

 

Os últimos três governadores eleitos foram para a prisão. É um cargo tóxico? 

Tem uma necessidade de mudança no modus operandi no nível estadual do Rio. Na prefeitura, Marcelo [Allencar], César [Maia], [Luiz Paulo] Conde e eu fomos bons prefeitos. [O município] Tem um histórico de prática política e realizações distintos do estadual.

O ex-prefeito Eduardo Paes, candidato ao governo do Estado do Rio pelo DEM
O ex-prefeito Eduardo Paes, candidato ao governo do Estado do Rio pelo DEM - Raquel Cunha/Folhapress

Mas [no seu caso] a administração estadual e municipal se confundiram em alianças políticas. É possível fazer essa diferença? 

Para um observador atento é. Para quem cai no discurso da narrativa política, óbvio que o adversário tenta confundir. Não há nenhuma ação daqueles que cometeram crimes dentro da prefeitura. Não há nada que conecte o estado com a prefeitura nesses casos.


O nome da propina dada pelo seu ex-secretário de Obras [Alexandre Pinto] tinha o mesmo dado ao estadual: “taxa de oxigênio”. 

Nesse caso tem um servidor público, nomeado tecnicamente, sem indicação política, que cometeu um desvio. Como ele chama a sua propina não faz diferença.

O sr. é visto como um sobrevivente do MDB-RJ. É possível ter ficado alheio sobre o que ocorria? 

Minha origem não é ali com aquelas pessoas. Eu sempre fiz política de uma forma pragmática. Queria ser prefeito do Rio, achava que podia fazer transformações importantes, e o PMDB foi o espaço que me acolheu. Não sou um peemedebista histórico. 

Como membro do grupo, o sr. participou de alguns episódios como o jantar da “farra dos guardanapos”. Por que saiu antes do fim da festa?

Participei de vários jantares com o governador no Rio, em Brasília e no exterior. Tenho senso do ridículo, do que é certo ou errado. Quando vejo que a coisa está ficando ridícula ou errada, me retiro do ambiente. Não foi a primeira vez.

Aquele episódio foi errado ou ridículo? 

Tem o momento do jantar, aberto, cheio de autoridades, pessoas da sociedade fluminense e empresários franceses. Quando achei que ficou muito íntimo, me retirei.

Mesmo depois disso permaneceu nesse grupo político. 

Primeiro, eu não vi guardanapo.

O sr. viu o nível de intimidade. 

Isso aí eu vejo a torto e a direito, um monte de gente na política, disputando mandato e ocupando funções. Nem por isso vou evitar as pessoas. Não sou membro do Ministério Público. O que tem na “farra dos guardanapos”? É indecência e imoralidade. Não tem crime. Crime era o que faziam por fora.

Delatores afirmam que o sr. recebeu caixa dois e atuou como “arrecadador” do MDB. 

Compete aos delatores provarem. Eu afirmo que não. Diria que tenho um conjunto de delações negativas, delatores dizendo que o Eduardo Paes jamais pediu qualquer tipo de benefício. Não acompanho as minhas campanhas no detalhe, como não estou acompanhando essa. A gente estabelece comando para que as coisas sejam sempre bem feitas. Afirmo que nunca houve caixa dois na minha candidatura, muito menos conversa comigo sobre isso.

A linha da defesa do Cabral é negar propina e afirmar que caixa dois era uma prática… 

[interrompe] Não vou ficar me comparando com Cabral, nem analisando o que ele diz. Respondo pelos meus atos. Ninguém me acusa de propina, vivo do meu salário, pago minhas contas, tenho a minha vida.

Na campanha o sr. tem evitado mencionar marcas do governo Cabral, como UPA e UPP. 

Não são marcas minhas. Nunca fui crente da UPP como projeto de segurança. Pode ter áreas com policiamento comunitário, mas vamos fazer política de escala. Nunca aceitei política marqueteira.

O governo Cabral fez política marqueteira? 

Não vou ficar analisando. Acho que política pública tem que ser feito em escala. Não gosto de projetinho aqui e ali. Não estou fazendo crítica ao Cabral. Esquece o Cabral. Ele está lá pagando caro pelos crimes que cometeu. Estou falando em geral.

A situação do Lula te incomoda?

Como ficar feliz em ver uma pessoa que você conhece, que te ajudou, foi presidente da República preso? Eu não fico. Mas tem que respeitar decisão judicial, fazer o quê?

E o crescimento do Bolsonaro, como vê? 

As pessoas pintam um monstro Bolsonaro. Não acho que nem Lula, nem Bolsonaro são monstros. Em 2008 e 2012 tive o apoio do Bolsonaro e na relação ele sempre foi muito equilibrado, muito correto. 

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