Enquanto trabalhava na letra do jingle encomendado pela equipe do então candidato a governador Rui Costa (PT), em 2014, o cantor e compositor baiano Chocolate da Bahia encaixou na letra um verso que se tornaria a marca da campanha eleitoral seguinte.
O jingle, em ritmo de arrocha, dizia que Rui Costa “é correria”, usando uma gíria típica do baianês usada para designar uma pessoa dinâmica, que faz as coisas acontecerem.
Quatro anos depois, Rui Costa disputa a reeleição amparado na marca “Rui Correria”, que virou peça central de sua estratégia publicitária de campanha.
Para contrapor o petista, o candidato do DEM, o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo, passou a ser chamado de “Zé da Bahia” e “Zé do Sertão”, numa referência à sua origem interiorana.
Com foco no marketing e na construção de personas para os candidatos, a corrida eleitoral da Bahia deve ser polarizada entre PT e DEM pela sexta vez consecutiva.
Desta vez, assim como há quatro anos, os protagonistas dos dois principais partidos baianos não estarão na linha de frente da disputa.
O ex-governador Jaques Wagner (PT) disputa uma vaga no Senado e apoia a reeleição de seu apadrinhado político Rui Costa para o governo.
Já o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) desistiu de renunciar à prefeitura para concorrer ao governo e indicou para a tarefa seu aliado José Ronaldo.
O MDB, candidato a terceira força, também entra na eleição com um coadjuvante: escolheu João Reis Santana, um quadro dos bastidores do partido, para representar o espólio do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso após a descoberta de um bunker com R$ 51 milhões em Salvador.
No campo governista, Rui Costa ancora sua candidatura nas obras que realizou mesmo num cenário de crise financeira. A conclusão da segunda linha do metrô de Salvador é a principal marca da sua gestão.
Por outro lado, o governo enfrenta problemas na saúde, com a falta de vagas em hospitais, e na segurança. Segundo dados do Fórum brasileiro de Segurança Pública, o número de mortes violentas na Bahia cresceu de 5.663 em 2014 para 6.915 em 2017.
Em seus discursos, Rui Costa justifica os problemas enfrentados citando cenário de crise e falta de atuação do governo federal. E tem buscado associar seus adversários ao impopular governo de Michel Temer (MDB).
“O povo tem que saber quem é quem. Eu não tenho vergonha de dizer que sou aliado do presidente Lula”, disse o petista.
No campo das oposições, o anticlímax criado com desistência do prefeito ACM Neto em disputar o governo foi sucedido de rixas internas e perda de aliados, sobretudo entre prefeitos no interior do estado.
O candidato José Ronaldo, contudo, se diz otimista em relação à disputa e diz acreditar que há um desgaste em relação aos 12 anos de governos petistas na Bahia.
“O governador está prometendo de novo coisas que prometeu há quatro, oito anos atrás. E ainda fica se justificando pelo que não fez culpando o governo federal”, diz.
Ele ainda critica a estratégia do governador de relacionar a sua candidatura ao impopular presidente da República: “Ao contrário dele, nunca votei em Temer. Ele que votou em Temer que assuma suas responsabilidades”, diz.
Reverter o favoritismo do PT, contudo, não será tarefa fácil. Segundo pesquisa Ibope divulgada em agosto, Rui Costa tem 50% das intenções de voto contra 8% de José Ronaldo.
Ainda disputam o governo da Bahia o ex-prefeito de Salvador João Henrique (PRTB), que deixou a prefeitura em 2012 com baixa popularidade e busca reposicionar-se politicamente numa aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Célia Sacramento (Rede), Marcos Mendes (PSOL) e Orlando Andrade (PCO) também são candidatos.
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