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Delegacias reabertas por Márcio França são encontradas de portas fechadas

Candidato ao Governo de SP tem citado a reabertura ao falar sobre segurança pública em sua campanha.

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Fachada do 51º DP na região do Butantã, na zona oeste de São Paulo
Fachada do 51º DP na região do Butantã, na zona oeste de São Paulo. Determinação do governador Márcio França (PSB) coloca atendimento 24 horas em todas as delegacias da capital - Jardiel Carvalho - 18.set.2018/Folhapress
São Paulo | Agora

Quatro delegacias da capital paulista que voltaram a funcionar de madrugada após decisão do governo Márcio França (PSB) estavam com as portas trancadas nesta segunda (17) e terça-feira (18) nestes horários.

Em cada distrito havia dois policiais civis, que mantinham os locais fechados por segurança. Para ser atendido, o cidadão tinha de bater na porta.

No final do mês passado, França reabriu 66 distritos policiais que ficavam fechados à noite. Antes, apenas 27 delegacias, as chamadas centrais de flagrante, funcionavam neste horário. Candidato ao Governo de São Paulo, ele tem citado a reabertura ao falar sobre segurança pública em sua campanha.

 
Em um programa eleitoral, França aparece em frente ao 30º DP (Tatuapé). “Afinal, o crime não tem hora para acontecer”, afirma, ao falar sobre sua proposta de manter delegacias 24 horas.
 
Entre as 21h de segunda e as 4h20 de terça, a reportagem foi a dez delegacias reabertas. Em todas, foi atendida e recebeu orientações dos policiais, mas quatro estavam com as portas trancadas. São elas: o 35º DP (Jabaquara), na zona sul, o 62º DP (Ermelino Matarazzo), na zona leste, e o 51º DP (Butantã) e o 96º DP (Monções), ambas na zona oeste de São Paulo.

“As delegacias guardam armas e drogas [apreendidas]. É arriscado passar a madrugada toda fazendo trabalho de ‘caseiro’”, disse um policial.

Além dessas quatro delegacias, o 44º DP (Guaianases), na zona leste, parecia estar fechado. A entrada principal tinha um cartaz com a inscrição “Plantão 24h”, mas a porta estava trancada e as luzes, apagadas. Uma corrente fechava a entrada do estacionamento. No entanto, uma porta lateral estava aberta, e a reportagem foi atendida.

Em média, os distritos reabertos tinham dois policiais (investigadores ou escrivães), sem a presença de delegados.

Outro lado

A gestão Márcio França (PSB) afirmou em nota que “não há objeção” ao fato de policiais manterem os distritos com as portas “encostadas”, “desde que sejam cumpridas as determinações de luzes acesas, avisos bem visíveis ao público sobre o funcionamento 24 horas e que os policiais realizem o atendimento de imediato”. Disse ainda que os policiais são treinados para “garantir a integridade” dos distritos.

As 66 delegacias da capital paulista que foram reabertas durante a madrugada só registram ocorrências de “menor gravidade”, como furtos em geral, roubos de documentos, de veículos e de celulares, acidentes de trânsito sem vítimas, desaparecimentos e crimes contra animais.

Essas ocorrências também podem ser registradas pela internet, na delegacia eletrônica da Secretaria da Segurança Pública.

Casos mais graves, como latrocínios (mortes em roubos), homicídios e agressões são registrados nas 27 centrais de flagrante, que já funcionavam de madrugada, e em uma delegacia da mulher. Ao contrário das 66 delegacias, as centrais possuem delegados de plantão. Os boletins de ocorrência registrados nesses distritos passam depois por um delegado.

A reportagem também esteve em uma central de flagrante, no 11º DP (Santo Amaro). De madrugada, havia um delegado, um escrivão e um investigador. Um totem para registrar ocorrências pela delegacia eletrônica está quebrado há cerca de um ano.

Sobre o 11º DP, a gestão Márcio França afirmou que o efetivo foi regularizado e que o totem será consertado.

Déficit

O principal problema das delegacias, não só no período noturno, é o déficit geral de delegados, escrivães e investigadores. A avaliação é de Arles Gonçalves Júnior, presidente da comissão de segurança pública da OAB de São Paulo. 

“O efetivo da Polícia Civil não acompanhou o crescimento da população pelo menos nas últimas duas décadas”, afirma Júnior.

“Se tivessem equipes completas, as delegacias que só registram delitos leves na madrugada poderiam oferecer um atendimento completo à população”, avalia.

Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva, é preciso melhorar a gestão do efetivo policial. “Existem regiões da cidade que requerem maior presença da Polícia Civil do que outras. É necessária uma distribuição mais equilibrada”, afirma Silva.

Raquel Kobashi, presidente do sindicato dos delegados do estado, afirma que “há a necessidade” de pessoal para cobrir a demanda exigida e para que os policiais civis não sejam sobrecarregados com um “volume desumano de trabalho”.

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