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Em debate, Pimentel apela a Haddad e Anastasia fala em austeridade para resolver crise de MG

Petista e tucano protagonizaram troca de acusações e tiveram propostas criticadas por candidatos

Carolina Linhares
Belo Horizonte

Em debate da Rede Record, os candidatos ao governo de Minas discutiram causas e soluções para a crise fiscal que toma conta do estado. O governo Fernando Pimentel (PT), que concorre à reeleição, deve repasses constitucionais às prefeituras, parcela os salários de servidores e deixará um deficit de R$ 5,6 bilhões, segundo a LDO.

 O petista insistiu na estratégia de nacionalizar a eleição mineira, dizendo que a crise foi herdada de seu antecessor no governo e principal adversário, Antonio Anastasia (PSDB). Também culpou o governo Michel Temer (MDB) e afirmou que, com Fernando Haddad (PT) no Planalto, Minas vai se recuperar.

Antonio Anastasia (PSDB) durantes encontro com lideranças políticas em Contagem (MG), em setembro de 2018 - Alexandre Rezende/Folhapress

 "A solução existe e está em Brasília”, disse Pimentel. O governador mencionou a renegociação da dívida com a União e o pagamento de R$ 140 bilhões da Lei Kandir pelo governo federal à Minas como caminhos para recuperar o caixa.

 "É uma negociação necessária com o governo federal e Haddad vai ter esse compromisso, de sentar e resolver”, disse.

 Também afirmou que o déficit de Minas é causado pelo deficit da Previdência e, mais uma vez, condicionou a solução à eleição de Haddad. “É preciso achar outra forma de financiar a Previdência. Temos a proposta de criar um fundo previdenciário indepentente e já temos o apoio de Haddad para isso.”

 Anastasia, por sua vez, afirmou que a crise é responsabilidade de Pimentel e que entregou o estado em ordem, já que, no primeiro ano do petista, em 2015, não havia falta de pagamentos ou parcelamento de salário.

"Foi em 2016, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), que o estado começou a fraquejar. No meu governo não tinha calote, era tudo regular e normal", disse o tucano, também recorrendo a sua estratégia de comparar as gestões.

Anastasia pregou a palavra “austeridade” para resolver a crise, mencionando cortes em despesas, automóveis, telefones e cargos. “Vamos poupar dinheiro para pagar em dia e para dar exemplo de austeridade, palavra que está faltando em Minas.”

Pimentel rebateu, afirmando que cortes de gastos piorariam o serviço público. Nas considerações finais, Anastasia ressaltou sua experiência em tirar o estado da crise.​

As propostas dos adversários, porém, sofreram críticas. A de Pimentel porque depende do governo federal, que até hoje não pagou a dívida da Lei Kandir, e a de Anastasia porque corte de gastos não resolve o deficit bilionário.

 O candidato da Rede, João Batista Mares Guia, atacou a ambos dizendo que Anastasia extinguiu um fundo de Previdência do estado e que Pimentel tampouco enfrentou o problema.

 "Pimentel acha que Haddad é um mago que vai resolver tudo", disse. Também lembrou que o petista responde a acusações de corrupção na Justiça, no âmbito da Operação Acrônimo.

EMBATES

Mares Guia partiu para cima também de Adalclever Lopes (MDB), evidenciando a dobradinha do emedebista com o petista: "Você é um ventríloquo do Palácio da Liberdade. Aliás, é o porta-voz de Pimentel. Está nomeado".

O emedebista devolveu: "Você virou vestal de moralidade. Mas já foi do PT e do PSDB. Sambou ideologicamente pra direita e para a esquerda".

 A candidata do PSOL, Dirlene Marques, também protagonizou um embate, mas com Anastasia. Ela questionou o tucano sobre um vídeo em que seu vice, Marcos Montes (PSD), diz que estará com Jair Bolsonaro (PSL) caso Geraldo Alckmin (PSDB) não chegue ao segundo turno.

 A candidata estava vestida com uma camiseta escrito “Ele Não”, em referência ao movimento anti-Bolsonaro. Anastasia se esquivou da pergunta. A jornalistas, no final, diz que Montes se referia a uma hipótese que não vai acontecer e insistiu que Alckmin estará no segundo turno, contrariando o que indicam as pesquisas.

O maior confronto, porém, ficou mesmo entre Anastasia e Pimentel. Segundo Datafolha desta sexta (28), o tucano lidera com 33% das intenções de voto e o petista está em segundo lugar isolado, com 24%.

Pimentel afirmou que os petistas sabem fazer programas, mencionando o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, enquanto os tucanos só sabem fazer propaganda. Também perguntou se Anastasia se arrependia de se aliar a Temer e fazer obras desnecessárias, referindo-se à construção da Cidade Administrativa.

 O tucano afirmou que a única grande obra de Pimentel foi o Porto de Mariel, em Cuba, quando era ministro. “É impressionante como ele tem coragem de se candidatar. O erro é a candidatura de Pimentel e seu governo, que destruiu as finanças.”

 Ao final, Pimentel demonstrou irritação em responder perguntas de jornalistas. Durante o debate, estava inquieto.

 O critério para participação no debate foi o partido ter ao menos um parlamentar no Congresso. Claudiney Dulim (Avante) também estava presente. Quando o debate começou, Pimentel e Dirlene ainda não haviam se posicionado no palco, o que gerou apreensão.

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