Descrição de chapéu Eleições 2018

FHC se reuniu com Alckmin antes de carta em que pede união do centro

Aliados afirmam que texto do ex-presidente sobrepõe 'biografia' a questões eleitorais

FHC com Alckmin, ao fundo, durante convenção do PSDB em Brasília
FHC com Alckmin, ao fundo, durante convenção do PSDB em Brasília. Ambos tiveram reunião antes de carta em que o ex-presidente pediu união do centro na eleição presidencial - Adriano Machado - 4.ago.2018/Reuters
Brasília

Um dia antes de divulgar a carta em que pediu união do centro contra o radicalismo que vê na disputa de outubro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve um encontro reservado com Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao Planalto.

Os dois se reuniram na casa de FHC, em São Paulo, na quarta-feira (19), e discutiram estratégias que deveriam ser implementadas na campanha tucana, estagnada nas pesquisas abaixo dos 10% das intenções de voto.

Segundo aliados, o ex-presidente tem demonstrado preocupação com o cenário político, que acredita ter se polarizado entre a extrema direita, representada por Jair Bolsonaro (PSL), e o petismo de Fernando Haddad, e queria dar uma "contribuição mais ampla" para o quadro eleitoral.

No domingo (16), FHC conversou com pessoas próximas sobre um conjunto de iniciativas que, na sua avaliação, precisava ser tomado para tentar mudar o ritmo da campanha. 

A solução encontrada foi elaborar uma carta que, segundo ele, poderia provocar uma reflexão nos eleitores. Antes de divulgá-la, porém, afirmou que procuraria Alckmin. 

Parte da equipe do presidenciável tucano resiste em usar a imagem de FHC de forma explícita na campanha. De acordo com pesquisas internas, o ex-presidente não soma voto.

Na carta, o ex-presidente não cita o nome do candidato de seu partido e pede apoio a quem "melhores condições de êxito eleitoral tiver". Caso contrário, diz FHC, "a crise tenderá certamente a se agravar".

Pouco depois de divulgar o texto, o ex-presidente publicou no Twitter que quem veste esse figurino é Alckmin.

Quem conversou com FHC esta semana, porém, diz que sua ideia de divulgar a carta compreende muito mais questões biográficas do que eleitorais e que, por isso, o ex-presidente não citou diretamente Alckmin. 

Ainda não há nenhuma conversa concreta entre candidatos que se dizem de centro, como Henrique Meirelles (MDB), João Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos) e o próprio Alckmin, por exemplo, para uma aliança em prol de um único nome. Todos eles, inclusive, não chegam a 10% nas pesquisas.

Dessa forma, dizem aliados, o texto não serviu necessariamente para chegar a uma conclusão comum, mas para refletir a preocupação de FHC com o quadro eleitoral.

Nesta sexta (21), Alckmin disse publicamente que concordava com a carta do correligionário mas que não iria procurar adversários para que eles desistissem de suas candidaturas.

"Não vou procurar candidatos porque respeito, é legítimo que eles sejam. Mas a ideia é uma reflexão junto ao conjunto do eleitorado", afirmou o tucano.

FHC nunca mostrou empenho efetivo diante da candidatura de Alckmin. Ele chegou, inclusive, a estimular a candidatura de nomes de fora da política, como o do apresentador Luciano Huck.

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