Governador de MS é alvo de operação da PF

Reinaldo Azambuja é investigado por esquema de corrupção, com base em delações da JBS

Reinaldo Azambuja (PSDB) tenta reeleição como governador em MS
O governador de Mato Grosso do Sul e candidato a reeleição Reinaldo Azambuja (PSDB) - Divulgação
Brasília

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta (12) operação contra suposto esquema de corrupção envolvendo autoridades em Mato Grosso do Sul. O governador do estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), candidato à reeleição, é alvo de medidas de busca e apreensão –e o filho dele, Rodrigo de Souza e Silva, foi detido temporariamente.

A ação se baseia nas delações premiadas da JBS, cujos executivos descreveram o pagamento de propinas em troca de benefícios fiscais. Segundo a investigação, o esquema teria dado um prejuízo de mais de R$ 200 milhões aos cofres do estado. Do total de créditos tributários auferidos pela empresa, até 30% ficavam com políticos e outros investigados.

Entre os alvos das medidas desta quarta, estão, além do filho de Azambuja, o deputado estadual e candidato à reeleição Zé Teixeira (DEM), e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Marcio Campos Monteiro.

Eles foram detidos temporariamente, assim como outras 11 pessoas. O apartamento de Azambuja, em Campo Grande, foi alvo de mandado de busca e apreensão.

A operação foi autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília, onde corriam os inquéritos relativos à delação da JBS, firmada em maio de 2017. Os policiais federais também cumprem 41 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju e Guia Lopes de Laguna, no MS; e Trairão, no Pará.

De acordo com a PF, parte da propina foi paga antecipadamente como doação eleitoral oficial, durante as eleições de 2014.

A campanha ao governo de Mato Grosso do Sul, na época, foi uma das mais caras do país. Azambuja, que disputou a vaga contra o ex-senador Delcídio do Amaral (atual delator da Operação Lava Jato), declarou ter arrecadado R$ 25 milhões. 

“Alguns pagamentos também teriam ocorridos mediante entregas de valores em espécie, realizadas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no ano de 2015”, informou a PF.

Segundo a investigação, notas fiscais “frias”, de compra e venda de gado, foram usadas para dissimular os pagamentos. Esses documentos foram anexados ao inquérito, bem como os respectivos comprovantes de transferências bancárias.

Os investigados negam as suspeitas e dizem que as vendas de gado foram legítimas.

OUTRO LADO

Em nota, Azambuja afirmou que, apesar de respeitar as decisões do judiciário, considerou a operação extemporânea e feita “de forma intempestiva e midiática, a apenas 20 dias da eleição”.

O governador disse que ele e seu filho sempre se colocaram à disposição da Justiça para esclarecer as acusações dos delatores, mas que nunca foram chamados a apresentar sua defesa. Ele afirmou ter fé de que "a verdade prevalecerá".

Defensor do deputado Zé Teixeira (DEM), que é acusado de ter emitido notas fiscais frias de venda de gado, o advogado Carlos Marques negou as suspeitas e disse que a prisão é “completamente absurda”.

“A delação é de maio do ano passado. O que justifica fazer busca, prisão e todo esse estardalhaço agora, a 20 dias da eleição? É uma medida eleitoreira”, afirmou à Folha.

Pela lei eleitoral, a partir de 15 dias antes do pleito, candidatos só podem ser presos em caso de flagrante ou de sentença condenatória por crime inafiançável. Para Marques, ainda assim, faltou razoabilidade à prisão do deputado.

A reportagem não conseguiu contato com os defensores dos demais investigados.

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