Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Jair Bolsonaro

Imagem, captura em Curitiba, foi feita quando Adelio Bispo de Oliveira já estava preso

São Paulo

É falsa a informação que circula em redes sociais de que o agressor do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi fotografado ao lado da senadora Gleisi Hoffmann (PT). O homem que aparece em selfie com a petista, como divulgado na publicação viral, não é Adélio Bispo de Oliveira.

Além disso, o ato político em que Gleisi Hoffmann esteve presente e no qual a foto foi feita ocorreu em cidade diferente do atentado e após a polícia prender o agressor.

Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Bolsonaro
Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Bolsonaro - Reprodução Facebook/gleisi.hoffmann

Como verificado pelo projeto Comprova, coalizão de 24 organizações de mídia brasileiras, dentre elas a Folha, que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018, a foto verdadeira, uma selfie, foi feita em Curitiba (PR), no mesmo dia do crime contra Bolsonaro, que aconteceu em Juiz de Fora (MG) na última quinta (6). Cerca de 900 quilômetros separam as duas cidades.

Adélio, o autor do atentado, foi preso na cidade mineira minutos após atacar Bolsonaro com uma faca enquanto o candidato fazia campanha de rua —o atentado aconteceu no período da tarde, às 15h40.

Uma foto do momento em que o homem faz a selfie com Gleisi Hoffmann foi publicada no Facebook da senadora por sua assessoria, assim como outras imagens feitas no ato de campanha que aconteceu, também no dia 6 de setembro, na praça Rui Barbosa, no centro da capital paranaense.

O Comprova comparou fotos de Adélio com a do rapaz ao lado de Hoffmann no Betaface, software de reconhecimento facial. A ferramenta mostrou que os rostos não são compatíveis. O resultado indicou 63,4% de equivalência de traços faciais, o que é insuficiente para apontar que sejam a mesma pessoa.

A pedido do Comprova, a assessoria de Gleisi Hoffmann disponibilizou a foto original publicada na página oficial da senadora no Facebook. A partir desse arquivo, e usando a ferramenta Read Exif Data, foi possível ler os chamados metadados da imagem. Os metadados guardam detalhes sobre a produção da foto, como data e hora do registro, local em que a imagem foi capturada e marca e modelo do equipamento utilizado pelo fotógrafo.

Comprova: Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Bolsonaro
Comprova: Homem em foto com Gleisi Hoffmann não é o agressor de Bolsonaro - Reprodução WhatsApp

Os metadados da foto de Hoffmann com o homem indicam que o registro foi feito às 20h09 do dia 6 de setembro de 2018, embora a foto só tenha sido publicada no Facebook da senadora no dia seguinte. O horário, as roupas das duas pessoas, o céu escuro correspondem com a imagem viral.

No viral, a senadora aparece à esquerda. Na "foto da selfie", feita pela equipe da petista, à direita. Não significa que tenham sido feitas em momentos diferentes. É possível que o uso da câmera frontal do aparelho celular tenha invertido a imagem ou a inversão pode ter sido feita posteriormente, quando publicada em redes sociais. É por isso que os nomes que aparecem nas placas atrás da dupla também aparecem invertidos.

Presidente do PT, Gleisi Hoffmann é candidata a deputada federal e costuma atuar como porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba e teve sua candidatura à presidência impugnada.

Até a publicação deste texto, o homem da foto original não havia sido localizado pelo Comprova.

A assessoria de Hoffmann também desconhece a identidade do homem. Ao Comprova, informou que Hoffmann costuma tirar fotos e conversar com as pessoas que a procuram no local.

O site Boatos.org também verificou que a corrente viral que liga Hoffmann ao autor do crime contra Bolsonaro é falsa. No Twitter, Hoffmann afirmou ser vítima de boatos e mentiras.

Participaram também da apuração deste texto os veículos UOL e Gazeta Online, que integram o Comprova, projeto que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018. É possível sugerir checagens pelo WhatsApp da iniciativa, no número (11) 97795-0022.    

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