Descrição de chapéu Eleições 2018

Ibope aponta queda de Bolsonaro no Sul, em meio a crescimento de Haddad

Para especialista, presidenciável do PSL é vítima da 'síndrome do candidato precoce'

Estelita Hass Carazzai
Curitiba

A última pesquisa Ibope identificou uma queda do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) na região em que ele exibia seu melhor desempenho eleitoral até aqui: o Sul.

O capitão reformado do Exército passou de 38% para 30% das intenções de voto nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, segundo o levantamento divulgado nesta segunda (24), na comparação com a semana anterior. 

Seu adversário Fernando Haddad (PT), por outro lado, cresceu na região: saiu de 11% para 19%.

O movimento não foi captado por outros institutos de pesquisa até aqui, como destaca o analista Murilo Hidalgo, do Paraná Pesquisas.

No último Datafolha, feito no início da semana passada, Bolsonaro ainda liderava no Sul, com 37% das intenções de voto. Haddad tinha apenas 10%.

Isso não significa que o petista esteja herdando votos que migraram de Bolsonaro, na opinião do analista político e professor da PUC-PR Masimo Della Justina.

“Eu não diria que esses votos migraram de um para outro. Ele [Bolsonaro] estacionou”, diz à Folha, ao comentar a pesquisa Ibope.

Para Justina, o presidenciável do PSL é vítima da “síndrome do candidato precoce”, cuja candidatura, em função da exposição prolongada, se desgasta e enfraquece com a proximidade do pleito.

Além disso, o professor destaca a tendência do “voto útil”, quando o eleitor decide votar em alguém que tem mais chances de vencer. Isso rouba eleitores do pelotão intermediário das pesquisas, e acaba isolando a disputa entre os candidatos mais bem colocados, o que ajuda a explicar o crescimento de Haddad.

Fatores estatísticos também pesam na análise.

Realizada no último final de semana (dias 22 e 23 de setembro), a pesquisa Ibope ouviu 2.509 eleitores –sendo 378 na região Sul, o equivalente a 15% do total da amostra.

A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Mas, de acordo com Hidalgo, essa margem é válida apenas para a amostra total, e aumenta em recortes regionais –o que também pode explicar a variação das candidaturas de Bolsonaro e Haddad no Sul.

As últimas pesquisas estaduais do Ibope na região, feitas poucos dias antes do levantamento nacional (18 a 20 de setembro), apresentaram resultados bem diferentes: o candidato do PSL apareceu como líder isolado em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, com 40% e 35%, respectivamente. Haddad tinha 12% e 18%.

Nas outras regiões, Bolsonaro mantém distância de pelo menos 13 pontos percentuais em relação a Haddad, com exceção do Nordeste, onde Haddad lidera com 34% e ele aparece com 17% em terceiro lugar, empatado com Ciro Gomes (PDT).

O capitão reformado apresenta seus melhores desempenhos entre eleitores homens (35%), jovens de 25 a 34 anos (34%), com ensino superior (33%), evangélicos (34%) e com renda maior do que cinco salários mínimos (42%).

Já Haddad aparece à frente entre eleitores católicos (25%, contra 24% de Bolsonaro), de baixa escolaridade (28%) e com renda de até um salário mínimo (30%).

O levantamento nacional do Ibope, encomendado pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S.Paulo, foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR‐06630/2018.

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