Descrição de chapéu Eleições 2018

Impulsionado por verbas federais, Helder Barbalho consolida favoritismo no Pará

Ex-ministro tem coligação formada por 17 partidos e conta ainda com desgaste do PSDB no estado

João Pedro Pitombo
Salvador

A cena repetiu-se dezenas de vezes nos últimos dois anos. Com um grande cheque simbólico nas mãos, daqueles usados em premiações, o então ministro da Integração Nacional Helder Barbalho (MDB) autoriza repasses federais para prefeituras paraenses e confraterniza com prefeitos e líderes políticos.

Depois de um período de quatro anos em Brasília, ocupando cargos nos governo Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), Helder Barbalho disputa o governo do Pará fortemente impulsionado pela máquina pública federal.

 

Em dois anos no ministério da Integração nacional, o emedebista entregou mais de 270 equipamentos para prefeituras paraenses, entre tratores, retroescavadeiras, lanchas e caminhões para coleta de lixo.

Esta é a segunda vez consecutiva que ele disputa o governo do Estado –em 2014, perdeu no segundo turno para o governador Simão Jatene (PSDB). Desta vez, contudo, entra na disputa na condição de favorito, segundo pesquisa Ibope divulgada em agosto.

O emedebista enfrenta nas urnas o presidente da Assembleia Legislativa do Pará Márcio Miranda (DEM), candidato apoiado por Jatene, e o senador Paulo Rocha (PT). Também disputam o governo Cleber Rabelo (PSTU) e Fernando Carneiro (PSOL).

Com sua candidatura, Helder entrará interromper um jejum de 24 anos do seu partido em relação ao governo do Pará. O último emedebista a governar o estado foi o senador Jader Barbalho, pai de Helder, no período entre 1991 e 1994.

Para reverter este quadro, Helder conta com o desgaste sofrido pelo grupo político de Simão Jatene, que está em seu terceiro mandato como governador.

Além do desgaste natural de um político há muito tempo no poder, o tucano enfrenta uma escalada de violência do estado.

 

O Pará foi o sexto estado com mais mortes intencionais letais em 2017, tanto em números absolutos como relativos. Foram 4.465 assassinatos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O emedebista também terá ao seu lado a terceira maior coligação majoritária do país, com 17 partidos –segundo Helder, apenas o resultado da convergência dos partidos que fazem oposição ao governador.

“Tivemos a capacidade de construir uma ampla aliança de maneira coletiva. Juntamos aqueles que querem construir um novo modelo de governança, que cuide da população”, disse à Folha.

A demonstração de força foi tamanha que, mesmo com tantos partidos na chapa, Helder terá o pai, o senador Jader Barbalho, como candidato ao senado na chapa.

A escolha resultou em insatisfações dentro da própria base, ao ponto em que serão sete candidatos ao Senado entre os partidos que apoiam Helder formal ou informalmente.

Além de Jader, disputam o Senado Zequinha Marinho (PSC), Mário Couto (PP), Pastor Ibanês (PTC), Francisco Alves (PRB), Anivaldo Vale (PR) e Jarbas Vasconcelos (PV).

Para enfrentar tamanho poderio, o grupo do governador Simão Jatene escolheu o nome do deputado estadual Márcio Miranda (DEM).

Seu nome foi escolhido como forma de atacar simultaneamente as duas principais fragilidades do grupo governista: a fadiga de material dos governos do PSDB e o problema da violência.

Apesar de ter mais de 20 anos de experiência política, Miranda é um nome novo em disputas majoritárias e é policial militar da reserva, o que reforça o discurso de priorizar a segurança pública.

Corre por fora o senador Paulo Rocha (PT), que entrou na disputa para garantir palanque para o ex-presidente Lula no estado.

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