Descrição de chapéu Eleições 2018

Haddad continua 'banho de PT' com visitas a fábricas do ABC

Plano, que teve giro pelo Nordeste, é atrair votos de Lula ao ex-prefeito e vice

Catia Seabra
São Paulo

Embora ainda oficialmente candidato a vice-presidente, Fernando Haddad (PT) foi tratada como cabeça de chapa nesta quarta-feira no berço do lulismo, o ABC paulista. A seis dias do prazo fixado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para substituição de Lula, o ex-prefeito madrugou na porta da Mercedes-Benz, em São Bernardo (SP).

Em busca dos votos hoje destinados ao ex-presidente, Haddad repisou, em um vazio calçadão de Diadema: "Lula, você sabe, é 13. Haddad também é 13". A insistente associação é uma tentativa de manter o capital eleitoral do ex-presidente nas mãos dos petistas, ainda que Haddad assuma a cabeça de chapa.

Esperado pelo candidato do PT a governador, Luiz Marinho, e pelos candidatos do partido ao Senado, Haddad chegou às 5h04 à entrada da montadora em São Bernardo. Ao seu lado, estavam a mulher, Ana Estela Haddad, e Manuela D'Ávila (PC do B), que deve ser formalizada como vice.

Candidato a vice pela chapa do PT, Fernando Haddad, a esposa Ana Estela Haddad e Manuela D'Avila (PCdoB)
Candidato a vice pela chapa do PT, Fernando Haddad, a esposa Ana Estela Haddad e Manuela D'Avila (PCdoB) - Nelson Almeida - 05.set.2018/AFP

Haddad vestiu um casaco do sindicato dos metalúrgicos e, apesar da garoa, dispensou a capa de chuva. A exemplo das campanhas salariais lideradas por Lula, formou-se um corredor humano por onde passavam os trabalhadores.

Em sua primeira experiência às portas de uma montadora do ABC, o ex-prefeito chamou os trabalhadores de parceiros e criticou o governo Temer.

De lá, Haddad seguiu em uma van para a fábrica da Ford, onde se formou um novo corredor para a passagem dos funcionários. Antes de passarem pelo ex-prefeito, os funcionários eram orientados por Rafael Marques, ex-presidente do sindicato: "Olha ali o Fernando Haddad", anunciava o sindicalista.

Marinho levou Haddad até um trabalhador e afirmou: "Estão aqui o futuro governador de São Paulo e o futuro presidente do Brasil". Questionado horas depois sobre seu escorregão, já que o PT ainda não fez a troca das candidaturas, Marinho brincou: "não ouvi isso". À tarde, Haddad continuou a ser apresentado, na porta da Volkswagen, como candidato à Presidência ou futuro presidente da República.

O ex-prefeito não demonstrou desconforto com a apresentação nem quando questionado sobre a data do anúncio de sua candidatura. "A bola está com o Supremo", limitava-se a responder aos petistas apreensivos com a hipótese de diluição dos votos de Lula.

Nos discursos feitos às portas de montadoras e fábricas de autopeças, Haddad atribuiu a crise do setor à política do governo Temer e se apresentou como representante de um "projeto que fez muito pelo país". Para uma pequena plateia de metalúrgicos, ele comparou a volta do PT ao resgate de um programa voltado ao trabalhador.

Além de três montadoras, a comitiva foi a duas fábricas de autopeças. Alvo da curiosidade dos metalúrgicos, que queriam ouvi-la, Manuela definia a chapa como o "time de um sonho". Em um de seus discursos, à porta da fábrica Pan Metal, a deputada estadual foi interrompida pelo operador de máquinas Denis Gregória, que a chamou de comunista e mentirosa. Manuela desafiou o metalúrgico a se apresentar e apontar uma mentira do grupo.

"Aqui não tem quem mente. Aqui tem quem luta para mudar o Brasil. E tornar o Brasil um país dos trabalhadores e das trabalhadoras. Não sei teu nome. Mas se tu quiseres vir aqui se apresentar e tentar provar qual de nós fez uma mentira, tu podes te apresentar", discursou ela.

Tanto Haddad como Manuela apelaram para que os militantes se dediquem, nos próximos 31 dias, à campanha da dupla. Dirigentes petistas duvidam que a escalação do ministro Edson Fachin para relatoria do recurso de Lula viabilize a candidatura do ex-presidente antes do prazo estabelecido pelo TSE. A aposta é que Haddad seja anunciado como candidato no dia 11 de setembro.

 
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.