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Projeto de transposição de rio opõe Ciro e sua vice, Kátia Abreu

Candidato defende obra que foi criticada pela sua vice em março deste ano no Tocantins

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Ciro Gomes e Kátia Abreu em Brasília
Ciro Gomes e Kátia Abreu em Brasília - Evaristo Sa/AFP/6.jul.2018
Salvador e Brasília

Como ministro da Integração Nacional do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2006, o atual candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) tocou o projeto de transposição do rio São Francisco e coordenou os primeiros estudos sobre a viabilidade de uma obra semelhante no rio Tocantins.

Desde então, ele defendeu a proposta em várias oportunidades.

Nos últimos meses, contudo, o presidenciável pedetista tem sido mais cauteloso, com declarações dúbias sobre assunto.

Em abril deste ano, ele afirmou ser contrário ao projeto em visita ao Tocantins, onde foi recebido pela anfitriã Kátia Abreu, que se tornaria sua candidata a vice.

Dois meses depois, falando para o eleitorado nordestino em Pernambuco, Ciro Gomes afirmou ser "completamente favorável" à nova transposição.

"Falando do Nordeste, temos 18% da água potável do mundo. É só botar essa água para andar. Está aí o [rio] Tocantins sobrando água que possa completar o São Francisco", disse Ciro à rádio Jornal, de Pernambuco.

Questionado pela Folha sobre sua posição sobre a transposição, Ciro afirma que o projeto é viável, mas não há necessidade iniciá-lo agora.

"É perfeitamente praticável do ponto de vista técnico. Mas o São Francisco, como está hoje, é suficiente para garantia do abastecimento humano —que é o nosso maior compromisso— pelos próximos 20 anos", afirmou.

O projeto de transposição prevê a interligação entre o rio Tocantins e o rio Preto, no oeste da Bahia, por meio de canais e de uma série de estações elevatórias no rio do Sono, afluente do rio Tocantins.

O rio Preto é afluente do rio Grande, que desemboca no rio São Francisco na altura do município de Barra (BA), pouco antes do início do reservatório de Sobradinho.

As primeiras estimativas apontam que a obra custaria cerca de R$ 5 bilhões e tem engenharia complexa, já que terá de atravessar ou contornar a Serra Geral de Goiás, no Tocantins, para chegar à Bahia.

O projeto que incluiu a transposição do rio Tocantins no Plano Nacional de Viação, de autoria do deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE), foi aprovado no ano passado pela Comissão de Infraestrutura da Câmara dos Deputados.

Ao chegar ao Senado, contudo, a proposta acabou sendo arquivada após parecer contrário da senadora Kátia Abreu.

Em sua manifestação, ela afirmou que o rio Tocantins vem enfrentando condições hidrometeorológicas desfavoráveis, com vazões e chuvas abaixo da média.

"Embora reconheçamos a gravidade do problema que a baixa vazão do São Francisco traz para a população nordestina, não podemos solucioná-lo ao custo da morte do rio Tocantins —esse não tem volume nem vazão suficientes para suportar uma transposição", disse a senadora.

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