Descrição de chapéu Eleições 2018

PT inicia estratégia de voto casado para alavancar Haddad

A ideia é nacionalizar a campanha

João Pedro Pitombo
Salvador

Depois de oficializar a candidatura de Fernando Haddad à Presidência da República em substituição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT iniciará uma estratégia para incentivar o voto casado nos estados que há candidaturas competitivas a governador.

A ideia é reforçar a tese do alinhamento político entre os governos federal e estadual e apresentar o nome de Fernando Haddad como futuro parceiro dos governadores aliados, caso seja eleito presidente.

Na Bahia, estado onde o governador Rui Costa (PT) disputa a reeleição, a equipe iniciou a estratégia de transição há quatro dias, antes mesmo da oficialização do nome de Haddad como cabeça de chapa na campanha presidencial.

Candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad
Candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad - Nelson Almeida - 13.set.2018/AFP

No horário eleitoral no rádio e televisão, foi veiculado um jingle em ritmo de pagode cuja letra diz: “É 13 na Bahia, é 13 no Brasil. É Rui, é 13, é Haddad, é com 13 que eu vou”.

Para Sidônio Palmeira, responsável pelo marketing da campanha do PT na Bahia, é natural que a campanha seja nacionalizada: "Com Haddad oficialmente como candidato, passamos a ter um norte para trabalhar com mais clareza o voto casado”, afirma.

A estratégia do alinhamento tem sido trabalhada em duas vertentes. De um lado, os programas petistas têm mostrado obras e programas sociais realizados em parceria com o governo federal nos anos Lula e Dilma.

Do outro lado, mostram medidas do governo Michel Temer (MDB) como o teto de gastos e as reformas da Previdência e trabalhista como exemplos negativos e criticam a falta de repasses do governo federal.

Em um vídeo, Rui Costa chegou a comparar o governo da Bahia a um veículo alimentado por dois combustíveis: o federal e o estadual. E disse que governou por quatro anos apenas com recursos estaduais: "Espero nos próximos quatro anos poder rodar com os dois combustíveis”, disse.

Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel (PT) adotou estratégia semelhante no programa eleitoral desta quarta-feira e disse que “no governo do PT com Haddad, Minas vai voltar a receber recursos federais”.

Nos demais estados, sobretudo no Nordeste, a estratégia de alinhamento e voto casado deve ser repetir entre candidatos a governador do PT e de partidos aliados como PSB e PCdoB.

Em Sergipe, o governador e candidato à reeleição Belivaldo Chagas (PSD), que tem o apoio do PT local, deve apresentar a chapa com Fernando Haddad para presidente e Manuela D'Ávila (PCdoB) vice-presidente no programa eleitoral que irá ao ar na próxima sexta-feira (14).

Nas redes sociais, o candidato já postou uma foto em que aparece ao lado de Haddad, Manuela e da sua candidata a vice-governadora Eliane Aquino (PT), viúva do ex-governador Marcelo Déda, morto em 2013.

Também nas redes sociais, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) apresentou a nova candidatura presidencial: “Nossa luta continua! Não vamos desistir de um Brasil justo e democrático. Agora é Haddad e Manuela”.

Entre os estados governados pelo PT, a exceção deve ser o Ceará, onde o governador Camilo Santana (PT) equilibra-se entre as candidaturas de Haddad e de seu aliado Ciro Gomes (PDT) e não tem citado nenhum dos dois em seu programa eleitoral.

As agendas presenciais de Haddad com governadores petistas e aliados também serão intensificadas. Neste sábado (15), ele participa de atos de campanha no sudoeste da Bahia ao lado de Rui Costa.

Na avaliação do publicitário Sidônio Palmeira, o PT deve aproveitar todos os espaços possíveis para divulgar Fernando Haddad e intensificar o discurso de alinhamento.

Ele defende que o discurso seja adotado nas propagandas de candidatos a governador, senador, deputados federais e estaduais —desde que respeitando as limitações previstas pela legislação eleitoral. Os candidatos a deputado da Bahia, por exemplo, devem aparecer em um cenário com a foto de Haddad ao fundo.

Palmeira reconhece a dificuldade de trabalhar o nome do candidato —que tem sido chamado de “Fernando Andrade” em alguns rincões nordestinos – entre a população com baixa escolaridade. Mas diz acreditar que essa questão não será determinante.

“As pessoas vão pela sonoridade do nome. O cara que acompanha futebol fala [os nomes dos jogadores] Mbappé e Hazard, mesmo não sabendo como escreve”, diz.

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