Descrição de chapéu Eleições 2018

Virada Política em SP tem 'oásis' para debates e 'esquenta' contra Bolsonaro

Evento permitiu o diálogo entre diferentes tendências políticas e tentativas de Match entre eleitores e candidatos

Candidatos e eleitores durante o Flertaço da Virada Política
Candidatos e eleitores durante o Flertaço da Virada Política - Rodrigo Borges Delfim/Folhapress
 
Rodrigo Borges Delfim
São Paulo

Em contraponto a discussões acaloradas e reações extremas, um "oásis da política", com diálogo que contemple diferentes tendências políticas. É com esse objetivo que acontece a quinta edição da Virada Política em São Paulo, neste final de semana.

O evento reúne cerca de 60 atividades - entre palestras, oficinas e debates - programadas para acontecer até a tarde de domingo. A analogia do oásis, considerado sagrado por povos que vivem no deserto, foi escolhida para colocar a Virada como um espaço em que preconceitos e rivalidades sejam deixados de lado. E para que novas ações surjam a partir do diálogo. 

A abertura e as atrações do primeiro dia tiveram como sede a Câmara Municipal de São Paulo. Entre os temas contemplados na programação estão a participação das mulheres e dos jovens na política, aplicativos que ajudam o eleitor na hora do voto, educação política, divulgação de novas iniciativas, entre outras ações.

"Nossa expectativa é que as pessoas venham para a Virada Política e façam suas escolhas a partir do que elas acreditam e não no que elas são influenciadas", diz Fabiele Fortaleza, integrante do coletivo Virada Política, que organiza o evento. 

Enquanto a Câmara recebeu o evento neste sábado, no segundo dia a programação acontece em três espaços no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo - Impact Hub, B_Arco e Civi-co.

'Flertaço'

A principal atração do primeiro dia da Virada Política foi o "Flertaço". Nele, candidatos ao Legislativo e eleitores ficaram frente a frente e puderam dialogar diretamente sobre propostas —em outras palavras, uma chance para "match" entre ambos. 

Um total de 21 candidatos a deputado federal, deputado estadual e ao Senado marcaram presença, representando PSOL, Rede, Novo, PPS, PT, Pros, PPL, PTC e PNN.

Para o professor Luis Roberto Vieira da Rocha, 51, ações como essa deveriam acontecer também em outros momentos no ano. "É muito proveitoso pelo fato de não termos esse contato [com os candidatos] geralmente. Acho que ações como essa deveriam acontecer mais vezes e não só aqui, mas também nas escolas, para que essa nova geração tenha consciência política".

O estudante Artur Rodrigues Batista ainda não tem idade para votar, mas foi incentivado na escola por um professor a participar da Virada. Aos 13 anos, já sabe bem o caminho que vai tomar para fazer sua escolha quando estiver apto pela legislação brasileira - que permite o voto a partir de 16 anos.

 
O estudante Artur Rodrigues, 13, que procurou saber as propostas dos candidatos para a educação na Virada Política
O estudante Artur Rodrigues, 13, que procurou saber as propostas dos candidatos para a educação na Virada Política - Rodrigo Borges Delfim/Folhapress

"Um dos problemas do Brasil é a gente não procurar saber sobre o seu candidato. [É preciso] Conhecer os candidatos, mesmo aqueles em quem você não vai votar. Como estudante, vim perguntar quais as propostas deles para a educação. Acho que a melhor forma de o cidadão se expressar é na urna".

Já a funcionária pública Eurídice Sacramento, 64, que também participou do "Flertaço", valorizou a oportunidade de conhecer outros candidatos e propostas. "Quis conhecer novas pessoas. Tem muita gente boa que não é conhecida e merece ter seu trabalho divulgado", conta ela, que saiu da atividade com novas opções para definir seu voto. "Você não pode ter mente fechada. Precisa se abrir para o mundo, conhecer novas pessoas e propostas".

'Esquenta' para ato

Com bom público durante a manhã, a Virada Política teve seus painéis esvaziados na parte da tarde. Alguns participantes foram para o ato contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, que começou por volta das 15h no Largo da Batata. 

Durante a manhã, inclusive, um grupo de mulheres promoveu uma oficina onde foram confeccionados cartazes e bandanas especialmente para o ato.

O esvaziamento da Virada no período da tarde, no entanto, não foi visto de forma negativa pela organização. 

"Confesso que estava preocupada com quantas pessoas viriam para o evento por causa da manifestação. Quando soubemos [que [o ato] seria no mesmo dia, tentamos fazer a Virada como um "esquenta" mesmo, que quem quisesse ir na manifestação poderia vir aqui antes", apontou a designer Ana Cosserimeli, 31, que também integra o coletivo da Virada Política.

Cerca de 500 pessoas passaram pela Câmara ao longo do sábado, segundo a organização. 

Promovida pelo coletivo homônimo, a Virada Política é um evento anual organizado de maneira voluntária e colaborativa, financiado por pessoas físicas e sem ligação com partidos.

Para a edição deste ano, segundo os organizadores, foram arrecadados R$ 43 mil de 446 apoiadores.

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