Descrição de chapéu Eleições 2018

Amazonino Mendes, do PDT, e Wilson Lima, do PSC, farão segundo turno no AM

Mendes tenta chegar ao seu quinto mandato à frente do estado

Monica Prestes
Manaus

Com 32,70% dos votos, o atual governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PDT), vai disputar o segundo turno das eleições com o jornalista e ex-apresentador de TV Wilson Lima (PSC), que teve 33,75% dos votos válidos no primeiro turno.

Atualmente cumprindo um mandato “tampão” de governador pelo Amazonas, Amazonino Mendes tenta a quinta gestão, enquanto Wilson se afastou de um programa televisivo para disputar o cargo pela primeira vez.

Após o segundo turno definido, as próximas semanas de campanha até a votação do dia 26 devem ser marcadas por uma disputa pelo apoio dos candidatos derrotados, principalmente o deputado estadual David Almeida (PSB), que teve 23,6% dos votos, e o senador Omar Aziz (PSD), com 8,07%.

O Candidato do PDT ao governo do Amazonas,  Amazonino Mendes, vota em Manaus .
O Candidato do PDT ao governo do Amazonas, Amazonino Mendes, vota em Manaus . - Divulgação

O primeiro turno no Amazonas também foi marcado por denúncias de corrupção na atual gestão de Amazonino, que é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) para investigar uma série de contratos com dispensa de licitação firmados durante o quarto governo do pedetista.

De acordo com o deputado estadual Sabá Reis (PR), autor da proposta, foram 535 dispensas de licitação em aproximadamente 300 dias de gestão, envolvendo mais de R$ 451 milhões.

Do outro lado, o que abalou a corrida do “novato” Wilson Lima ao governo do Estado do Amazonas foi a declaração de envolvimento em escândalo sexual --ele nega.

Polêmicas à parte, o assunto que deu o tom das campanhas políticas no primeiro turno, no Amazonas, foi a escalada da violência, que colocou o estado na sétima posição entre os que registraram os maiores aumentos nos índices de homicídios no Brasil entre 2006 e 2016.

Os dados são do Atlas da Violência 2018, que revelou que o número de assassinatos no Amazonas aumentou 107,7% em dez anos, passando de 699 em 2006 para 1.452 em 2016.

Este ano, disputas entre grupos originados a partir de rupturas internas na organização criminosa Família do Norte (FDN) colocaram Manaus em meio a uma “guerra de facções”, apontou a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

De acordo com a pasta, de janeiro a agosto deste ano foram registrados 657 homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, sem contar as mortes em decorrência de intervenção policial, que não entraram para essas estatísticas.

Entre as propostas do plano de governo de Wilson para a segurança pública estão a contratação de servidores por meio de concursos públicos anuais, investimento em tecnologia e integração com outros estados, parcerias com prefeituras e empresas para coibir assaltos a ônibus, implementação da segurança comunitária, a criação da Casa da Mulher em Manaus e no interior para atender mulheres vítimas de violência, e o “fortalecimento do serviço de Inteligência” para combater o crime organizado.

O candidato do PSC, no entanto, não detalha como se dará esse “fortalecimento” nem lista medidas práticas para combater o crime organizado no Amazonas.

Do lado de Amazonino Mendes, uma das principais apostas para reduzir os índices de criminalidade no Amazonas é, também, uma das fontes de denúncia contra a atual gestão do pedetista, que tenta a reeleição.

O programa GuardiAM 24 horas, originário de um contrato de mais de R$ 5,6 milhões firmado pela gestão atual de Amazonino com a empresa Giuliani Security & Safety, do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, é alvo de investigação do Ministério Público Estadual do Amazonas (MPE-AM) por suspeita de irregularidades na dispensa da licitação.

O contrato com Giuliani prevê a prestação de “serviços de assessoria e consultoria para repressão à criminalidade” no estado. A administração dele em Nova York ficou conhecida pelo programa de tolerância zero, que reduziu bastante os índices de criminalidade da cidade entre 1994 e 2002.

A disputa pelo governo do Amazonas acontece cerca de um ano e cinco meses depois da cassação do mandato do ex-governador José Melo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por compra de votos nas eleições de 2014.

Entre abril e outubro de 2017, o então presidente da ALE-AM, deputado estadual David Almeida, assumiu o governo. Com maioria dos votos na eleição suplementar realizada em 2017, Amazonino Mendes tomou posse como governador do Amazonas em outubro do ano passado.

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