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Eleições 2018

Apelo à união para reta final fica disperso no penúltimo debate

Segundo pelotão reforça ataque ao PT e faz investida contra Bolsonaro na economia

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São Paulo

Geraldo Alckmin (PSDB) ensaiou o bordão “eles não”. Marina Silva (Rede) ofereceu unidade como resposta à “face de um país desunido”. Ciro Gomes (PDT) tentou conquistar os eleitores lembrando ser “o candidato menos rejeitado” entre os mais competitivos.

O apelo dos candidatos do segundo pelotão para furar a polarização entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) se dispersou no penúltimo debate antes do primeiro turno. No encontro deste domingo (30) na TV Record, os presidenciáveis ensaiaram uma tabelinha contra os dois líderes das pesquisas, mas tiveram dificuldade de vender a ideia de um caminho pelo “centro”.

Numa disputa que começou pulverizada e ficou marcada por uma adesão acelerada dos eleitores ao PT e ao deputado do PSL, nenhum dos demais candidatos conseguiu assumir sozinho, até agora, a bandeira da terceira via.

Ciro ainda resistiu ao crescimento de Haddad no eleitorado de esquerda, mas teve seu caminho travado pela ascensão do petista. O candidato do PDT disse ao final do debate que é “a segunda opção de muita gente” (o que é verdade, segundo o Datafolha), mas não conseguiu encaixar um discurso que convença os eleitores a transformá-lo na primeira escolha.

A campanha geral pela união contra os dois principais polos da disputa pressupõe que, na reta final, crescerá a repulsa do eleitor ao discurso radical de Bolsonaro e que a rejeição aos petistas ficará cristalizada.

Embora a lógica seja plausível, as adesões aos dois candidatos continuam firmes (e crescentes, no caso de Haddad), enquanto não há um único nome que concentre os votos daqueles que se opõem a ambos. Na última pesquisa do Datafolha, Ciro tinha 11%, Alckmin aparecia com 10% e Marina registrou 5% —somando um quarto do eleitorado.

Na noite de domingo, Alckmin buscou se reposicionar mais uma vez sob a bandeira do “nem um, nem outro”. Tentou reforçar seus ataques ao PT, enquanto apontava semelhanças entre o partido e Bolsonaro (citando votações de ambos contra o plano Real, por exemplo). Por ora, não colou.

Apesar das tradicionais investidas contra os petistas, boa parte do grupo de “centro” considera improvável a desidratação de Haddad, que cresce com a herança de Lula. O alvo principal na busca por uma vaga no segundo turno ainda é Bolsonaro.

Os rivais acreditam que o voto do PT é mais ideológico e que a curva de ascensão não será interrompida, enquanto o eleitorado de Bolsonaro pode se sensibilizar a críticas mais concretas —em especial na área econômica. Não foi à toa que Henrique Meirelles (MDB) fez uma dobradinha com Marina para bater em ideias do candidato do PSL como a criação de um tributo nos moldes da CPMF, seus reparos ao 13º salário e possíveis mudanças no Bolsa Família.

Fora dessa disputa, quem roubou a cena mais uma vez foi Cabo Daciolo (Patriota). Disse que os rivais eram “amiguinhos” e os acusou de estarem numa “partidinha de vôlei”, em que um levanta e outro corta. Embora tenha prometido levar “óleo de peroba” para a cara de pau dos adversários, essa deve ter sido a última participação do nanico em um debate na TV. Seu partido não ultrapassou a linha de corte para aparecer no encontro da Globo, na próxima quinta (4).

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