Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaro terá mais palanques que Haddad nos estados

De 28 candidatos que disputam 2º turno a governos, 12 já anunciaram adesão a candidato do PSL na disputa contra petista

Recife, Belo Horizonte e Salvador

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) terá o apoio da maioria dos candidatos a governador que disputam o segundo turno em seus estados.

Dos 28 que disputam o segundo turno em 14 estados, 12 já anunciaram que irão apoiar Jair Bolsonaro na disputa contra Fernando Haddad (PT). A conta inclui nomes João Doria (PSDB), em São Paulo, Gelson Merísio (PSD), em Santa Catarina, e os dois candidatos que irão confrontar-se no Rio Grande do Sul: José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB).

Do outro lado, apenas dois candidatos disseram apoiar Fernando Haddad: Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, e Belivaldo Chagas (PSD), em Sergipe.

O número pode chegar a três caso João Capiberibe (PSB) seja confirmado no segundo turno no Amapá —sua candidatura está sub judice.

Outros 14 candidatos ainda não anunciaram quem vão apoiar, mas a maioria tende a migrar para Jair Bolsonaro.

Entre os candidatos que já definiram apoio ao candidato do PSL, dois são do PDT, partido do candidato derrotado Ciro Gomes e que nacionalmente decidiu por um apoio crítico a Haddad. São os casos do governador do Amazonas e candidato à reeleição Amazonino Mendes e do juiz aposentado Odilon de Oliveira, que disputa o segundo turno em Mato Grosso do Sul.


A tendência é que os outros dois candidatos pedetistas, Waldez Goes, do Amapá, e Carlos Eduardo, do Rio Grande do Norte, também caminhem na direção do candidato do PSL —ambos devem enfrentar candidatos de partidos de esquerda.

Presidente nacional do PDT, Carlo Lupi afirma que o partido buscará entender as particularidades locais. “Não posso impor uma situação que inviabilize meu candidato.”

O PSB deve se reunir nesta terça-feira (9) e tende a definir uma posição contra Bolsonaro, mas sem apoio a Haddad.

Dos quatro candidatos do PSB que disputam o segundo turno, Márcio França (SP) e Rodrigo Rollemberg (DF) tendem a ficar neutros frente à impopularidade do PT em seus estados. No Amapá, João Capiberibe deve apoiar Haddad, caso seja confirmado no segundo turno.

Em Sergipe, estado no qual Fernando Haddad venceu, Valadares Filho (PSB) avalia a melhor estratégia, mas não deve apoiar Bolsonaro: “Vou respeitar a decisão do meu partido”, afirmou à Folha.

Sete estados caminham para ter os dois candidatos a governador apoiando Bolsonaro: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Amazonas e Minas Gerais. 

Segundo colégio eleitoral do país, Minas deve ter os dois candidatos que disputam o segundo turno com Bolsonaro, ainda que de forma velada. Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB) se colocam como antítese ao PT e descartam Haddad.

No caso de Zema, o apoio ao capitão reformado é menos escondido. É sabido que o empresário novato na política terminou à frente dos demais após pedir votos a Bolsonaro em um debate na TV.

Em seguida, disse ter sido mal interpretado e que pedia votos de bolsonaristas para si, mas o “efeito Bolsonaro” já dava frutos. 

Agora, Zema diz que seguirá a orientação do partido sobre palanque no segundo turno, embora afirme que muitos candidatos a deputado do PSL se aproximaram dele por uma identificação de ideais, principalmente econômicos.

Moisés Jardim, presidente do diretório nacional do partido Novo, afirmou que uma reunião na noite desta segunda (8) definirá o apoio do partido, mas que a única certeza é que não será ao PT.

Questionado sobre qual o entrave para o aval a Bolsonaro, respondeu que falta entender em detalhes como o capitão reformado colocará suas ideias em prática frente a um Congresso fragmentado.

“O que temos de incômodo é que o Bolsonaro como deputado federal não mostrou muita familiaridade com assuntos que hoje são defendidos no seu programa. A gente tem um pouco de receio de como será essa condução”, disse Jardim.

Quanto a Anastasia, embora muitos apostem que o perfil do tucano é inconciliável com uma aliança explícita com Bolsonaro, aliados já fizeram acenos ao capitão.

Seu candidato a vice, Marcos Montes (PSD), disse que era preciso “dar as mãos” a Bolsonaro no segundo turno.

Dinis Pinheiro (SD), candidato ao Senado na chapa, passou a ser “o senador de Bolsonaro” —e angariou apoio também de Zema, mas não foi eleito. O senador da chapa eleito, Rodrigo Pacheco (DEM), sinalizou aproximação já no domingo (7).

O presidente do DEM em Minas disse que a decisão depende de acerto nacional, mas afirmou: “não vejo qualquer tipo de perspectiva de apoio ao PT, a tendência é muito forte de apoiar Bolsonaro”.

Entre os 13 governadores eleitos, seis deles —todos do Nordeste— farão campanha para Fernando Haddad.

Na Bahia, estado que deu a maior votação em números absolutos a Haddad, com 4,4 milhões de votos, o governador reeleito Rui Costa (PT) servirá como ponte para atrair eleitores de partidos de centro-direita como PP e PSD.

“Estou pregando que o nosso candidato faça um programa e um governo de união nacional. Não será um governo do PT, deste ou daquele partido”, afirmou Costa.

Os demais sete governadores eleitos devem apoiar o candidato do PSL, mas ainda aguardam as tratativas internas de seus partidos.

Em Mato Grosso, o governador eleito Mauro Mendes (DEM) deve anunciar apoio a Bolsonaro nos próximos dias.

“O politicamente correto cansou. Acho que está na hora de experimentarmos um novo jeito de governar”, afirma Otaviano Pivetta (PDT), eleito vice-governador de Mato Grosso e que há poucos meses chamava o candidato do PSL de “comediante e falastrão”.
 

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