Descrição de chapéu Eleições 2018

Candidato do PSDB no RS vê partido atingido por frustração pós-impeachment

Eduardo Leite é apontado como favorito para a eleição de domingo no estado

Eduardo Leite (PSDB), candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, durante ato de campanha
Eduardo Leite (PSDB), candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, durante ato de campanha - Divulgação
 
Felipe Bächtold
Porto Alegre

Favorito para a eleição ao governo do Rio Grande do Sul, o candidato do PSDB, Eduardo Leite, menciona entre as razões para o desempenho ruim do partido na eleição deste ano uma frustração pós-impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

Ele pode ser um dos únicos governadores do partido, que não elegeu nenhum até agora, mas disputa o segundo turno em seis estados.

Leite declarou apoio a Jair Bolsonaro (PSL), mas diz que falta uma autocrítica sobre "absurdos" ditos pelo presidenciável no passado.

O tucano também se diz vítima de notícias falsas e boatos na eleição, que, para ele, se tornaram um "desafio para a democracia" e exigem um esforço para regulamentação.

 

O PSDB sofreu derrotas significativas no primeiro turno, incluindo a de Geraldo Alckmin na eleição presidencial. A que atribui isso? É uma circunstância completamente diferente nessa eleição, que vem da frustração com o PT, em primeiro lugar. Depois, o impeachment gera uma expectativa na população, e há uma frustração ainda maior por conta de escândalos de corrupção, que envolveram o próprio presidente da República e também quadros importantes do nosso partido. 

Então, tudo isso acho que gerou na população um sentimento contrário aos partidos tradicionais, que sofreram muito. Por isso, houve essa perda de espaço. Ainda assim, acho que a população continua se alinhando mais a pessoas do que a partidos políticos. Por isso nossa candidatura prosperou, cresceu. 

Acha que a sua ascensão tem a ver com essa rejeição a políticos tradicionais, já que o sr. é muito jovem?Tem algum ponto disso. Mas, ao mesmo tempo, tenho uma história política. Não é uma novidade completamente fora da política. Sou novo, mas não novato. Já fui vereador, secretário municipal, prefeito. Em outros estados, vimos surgir novidades completamente de fora da política.

O sr. declarou apoio a Bolsonaro depois de o PSDB ter sido o partido que mais o atacou na eleição presidencial. Não é incoerente? A eleição de segundo turno é plebiscitária. Um caminho é o do PT, que teve 13 anos na Presidência, com grandes escândalos de corrupção, uma política econômica equivocada, que gerou recessão profunda. É um modelo que não pode voltar ao poder. Seria um prêmio à corrupção. E aí só resta o outro lado, com quem não compartilho muitas visões. Tenho minhas posições a respeito e mantenho, principalmente no que diz respeito à convivência pacífica entre as pessoas, o respeito entre os seres humanos.

Fiz as minhas ressalvas, não foi uma adesão incondicional. Eu gostaria de ter visto a autocrítica do PT sobre a corrupção e nunca vi. Gostaria de ter visto a autocrítica do Bolsonaro sobre os absurdos que disse no passado, mas nunca vi. 

A perspectiva é de instabilidade política após a eleição presidencial? Seja quem for que ganhe a eleição vêm dificuldades do ponto de vista político. Talvez precise de mais responsabilidade dos governadores para ajudar a construir uma agenda nacional que ajude o país a sair da crise.

Para 2019 está previsto um déficit de R$ 7,4 bilhões nas contas do Rio Grande do Sul. O sr. teme enfrentar o mesmo desgaste do atual governador, que atrasou salários do funcionalismo? Fui prefeito de uma cidade muito complexa, polo de uma região empobrecida. Mas, mesmo assim, fizemos grandes mudanças. Não tenho receio de desgastes. Governar não é resolver todos os problemas, é não se acomodar e buscar novas soluções. O Rio Grande do Sul pode fazer muitas coisas que não dependem de dinheiro, como redução da burocracia, novos processos de licenciamento.

Nos últimos dias, muito se falou sobre notícias falsas na eleição do Rio Grande do Sul, e o sr. entrou com um pedido de investigação sobre boatos espalhados. O que deve ser feito em relação a isso? Acho que tem que ter regulação, especialmente consequências para quem gera notícias falsas. Claro que tem todo um processo de investigação que precisa ser feito para chegar à autoria. É um grande desafio para a democracia o que as redes sociais estão proporcionando.

As fake news fazem com que as campanhas tenham que ficar muito mais tempo lidando com as notícias falsas e rebatendo do que efetivamente lidando com as propostas, do que interessa para a população. Gasta-se uma energia, o planejamento da comunicação. É uma avaliação que precisa ser feita findo o processo eleitoral.

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