Descrição de chapéu Eleições 2018

Com governadores já eleitos, campanha de Haddad no Nordeste é menos intensa

Principais atos públicos de rua foram organizados por militantes e sem governadores eleitos

O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) em carreata entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), ao lado da esposa Ana Estela, de Paulo Câmara, governador de Pernambuco, e Rui Costa, governador da Bahia
O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) em carreata entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), ao lado da esposa Ana Estela, de Paulo Câmara, governador de Pernambuco, e Rui Costa, governador da Bahia - Bruno Boghossian - 23.set.2018/Folhapress
João Valadares João Pedro Pitombo
Recife e Salvador

A vitória em primeiro turno de sete governadores do Nordeste que apoiam o candidato Fernando Haddad (PT) resultou em desmobilização de grande parte da campanha petista na região.
 
Sem uma agenda de candidato a cumprir e, consequentemente, com uma menor estrutura partidária, os cabos eleitorais vitoriosos nas urnas nos estados da Bahia, Maranhão, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Ceará suaram menos a camisa neste segundo turno.
 
Em grande parte dos estados, os principais atos públicos de rua sem a participação de Haddad foram organizados por militantes e não tiveram a presença dos governadores eleitos. 
 
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) não esteve em manifestações de rua e caminhadas. No sábado (20), apoiadores do candidato petista saíram em passeata pelo centro da cidade. Um dia depois, em Olinda, mais de 70 blocos de Carnaval foram às ruas. 
 
O governador de Pernambuco tem se limitado a atuar nos bastidores. Na semana passada, reuniu prefeitos aliados e coordenou uma reunião com deputados eleitos.
 
O presidente do PT em Pernambuco, Bruno Ribeiro, diz que é natural a diferença de ritmo de campanha: “Todos chegam ao segundo turno com um pouco de exaustão. No primeiro turno, incluindo os proporcionais, o gasto de energia é muito grande”, avalia.
 
Em reserva, petistas reclamam por uma maior participação do governador, mas Bruno avalia que a cobrança é injusta. “Ele, por exemplo, foi a Brasília e teve um papel muito importante na definição de PSB em apoiar Haddad.”

Nesta quinta-feira (25), Câmara participa pela primeira vez neste segundo turno, ao lado de Haddad, de um ato de rua no centro da cidade.
 
Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) percorreu 145 municípios baianos no primeiro turno. Mas colocou o pé no freio após reeleger-se.
 
Ao invés de comícios, caminhadas e carreatas em prol de Fernando Haddad (PT), o petista priorizou reuniões com prefeitos, deputados e líderes religiosos. Esteve em cidades do extremo-sul, sudoeste, sul e oeste da Bahia, mas não participou de atos públicos.
 
Costa também reuniu-se com deputados ligados à bancada evangélica e conseguiu trazer novos apoios ao petista. Eleito deputado federal com maior votação do estado, Pastor Isidório (Avante) anunciou voto em Haddad.
 
Na Paraíba, o atual governador, Ricardo Coutinho (PSB), e o seu sucessor, João Azevêdo (PSB), participaram apenas de uma caminhada no Dia do Professor. Nesta sexta-feira (26), recebem o petista na capital paraibana para o encerramento da campanha de Haddad no Nordeste.
 
No Ceará, o governador reeleito Camilo Santana (PT) tem participado de maneira mais efetiva de atos pró-Haddad e mobilizado comitês pelo estado. Cid Gomes, após o episódio em que fez críticas púbicas ao PT durante comício, tem procurado ir mais às ruas. No fim de semana passado, participou de um “adesivaço” em Sobral.
 
Já o governador reeleito do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) reuniu-se com prefeitos e aliados, mas esteve em apenas uma caminhada no último domingo (21), que contou com a participação de Fernando Haddad.
 
Na terça, houve uma passeata na cidade de Imperatriz, um dos três municípios do estado onde Bolsonaro venceu, no entanto, o governador não participou do ato.
 
Em Alagoas, estado onde o candidato do PSL ganhou em 14 cidades, os atos de rua têm sido capitaneados pelo PT e por aliados mais à esquerda como PSOL e PCB.
 
O governador reeleito Renan Filho (MDB), que apoiou Haddad no primeiro turno, recolheu-se na segunda etapa da eleição presidencial. Parte de seus aliados, a exemplo do deputado federal Marx Beltrão (PSD), aderiu a Jair Bolsonaro (PSL).
 
“O governador está ajudando dentro do possível. É claro que o ritmo naturalmente diminuiu um pouco, mas ele está com Haddad”, afirma o deputado federal Paulão (PT), reeleito para mais um mandato por Alagoas.
 
Os petistas também têm buscado articular apoio de líderes políticos que apoiaram outros candidatos no primeiro turno. O deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) e a deputada federal eleita Tereza Nelma (PSDB) estão entre os que anunciaram apoio ao petista.
 
Em apenas dois estados do Nordeste, há segundo turno e campanha casada entre os candidatos a governador e a presidente da República.

No Rio Grande do Norte, a senadora Fátima Bezerra disputa o segundo turno ancorada na campanha nacional e enfrenta o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT), que se alinhou a Bolsonaro.
 
A petista ainda costurou localmente um feito que Haddad não conseguiu em sua campanha: o apoio formal do PSDB.
 
Em Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), que tem uma vice do PT, também faz campanha casada pró-Haddad. Já seu adversário na disputa, Valadares Filho (PSB), optou por uma campanha independente, declarando neutralidade neste segundo turno.

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