Estreante na política, Comandante Moisés é eleito governador em SC

Candidato do PSL usa Bolsonaro e vence deputado Gelson Merisio (PSD)

O candidato ao governo de Santa Catarina, Comandante Moisés (PSL), durante carreata de campanha
O candidato ao governo de Santa Catarina, Comandante Moisés (PSL), durante carreata de campanha - Divulgação
Estelita Hass Carazzai
Florianópolis

Apresentado como “governador do Bolsonaro” e neófito na política, o coronel dos Bombeiros Carlos Moisés da Silva (PSL) foi eleito governador de Santa Catarina neste domingo (28). Ele teve 71,09 % dos votos válidos, contra 28,91% de seu adversário, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD).

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O governador eleito, que adotou Comandante Moisés como nome de urna, é coronel da reserva do Corpo de Bombeiros e jamais havia concorrido a um cargo público. Ele se filiou ao PSL, partido de Jair Bolsonaro, em março deste ano. Antes, além de bombeiro, era professor de direito, área na qual tem mestrado.

Após a vitória, disse que sua eleição e a de Bolsonaro trouxeram a "renovação da esperança na política".  "Nós mostramos que é possível participar da política mesmo sem ser uma estrela. Foi o que eu fiz", afirmou.

  Com a promessa de “despolitizar o Estado”, Moisés passou ao segundo turno como o azarão da disputa, depois de as pesquisas indicarem na reta final que ele faria apenas 9% dos votos. Fez 29% no primeiro turno.

"Nós mostramos que é possível participar da política mesmo sem ser uma estrela. Foi o que eu fiz", declarou, após a vitória.

A campanha colou o candidato ao presidenciável Bolsonaro. Seus jingles faziam menção ao capitão reformado do Exército, e o número 17 era mencionado à exaustão.

Moisés saiu de chapa pura, sem coligações, e não usou o fundo partidário para despesas de campanha (à exceção do pagamento de consultoria jurídica, às custas do partido). Ao longo da campanha, o candidato se apresentou como “a mudança de verdade”, e criticou “os problemas deixados por políticos profissionais”.

Moisés prometeu governar com técnicos e servidores de carreira e combater o aparelhamento do Estado. Apesar do alinhamento partidário e programático com Bolsonaro, o comandante é dono de um estilo mais cordial: seu tom de fala é calmo, sem rompantes. Em frente às câmeras, exibe um jeito tímido e reservado. Aos 51 anos, é casado e tem duas filhas.

Uma de suas primeiras ações, segundo anunciou, será criar um grupo de trabalho para avaliar uma reforma administrativa do estado. Só depois ele pretende indicar o secretariado, que prometeu ser técnico.

"As eleições mudaram, o povo mudou e a forma de fazer política também vai ter que mudar", afirmou o militar de 51 anos.

Sua falta de experiência como político foi alvo de críticas dos adversários. Merisio, 52, que já foi presidente da Assembleia Legislativa, dizia ser o mais preparado para governar o estado e afirmava que “uma escolha mal pensada poderia comprometer o futuro de toda uma geração”.

“Um governador não pode ser apenas um número”, afirmava, em referência ao 17 de Bolsonaro e Moisés.

O pessedista chegou a anunciar seu secretariado durante a campanha, para se vacinar contra suspeitas ou acusações de aparelhamento e acusou o adversário de fazer negociações por debaixo dos panos para sua equipe. Moisés, porém, que negou ter feito tratativas com outros partidos, cresceu na onda bolsonarista e de rejeição à política tradicional. 

Na área de segurança pública, uma de suas prioridades, o governador eleito promete investir nos policiais, aumentando o efetivo, e melhorar os presídios estaduais, inclusive por meio de parcerias com a iniciativa privada. Santa Catarina foi alvo de ataques coordenados do crime organizado nos últimos anos. 

Moisés também afirmou que irá estudar a concessão de rodovias estaduais e investir em educação em tempo integral.

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