Descrição de chapéu Eleições 2018

Contra lei eleitoral, hotel de luxo prega voto 'Bolsodoria' na internet

Anna Virginia Balloussier
São Paulo

Contrariando a lei eleitoral, a rede de luxo DPNY Beach  Hotel & Spa Ilhabela promoveu uma campanha no Facebook a favor do chamado voto Bolsodoria: Jair Bolsonaro (PSL) para presidente e João Doria (PSDB) para governador de São Paulo.

O DPNY, hotel que se vende como "um lugar mágico" com suítes de nomes como "5 Estrelas" e Master Gourmet", entra assim na onda de empresas que declaram votos a Bolsonaro. 

Reprodução

Nesta terça (2), o empresário Pedro Joanir Zonta, 67, fundador e presidente da rede de supermercados Condor, divulgou uma carta dirigida a seus funcionários em que pregava em negrito: "Meu voto é no Bolsonaro 17”. 

O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal apuram se houve coação de votos, uma violação trabalhista e eleitoral.

Também Luciano Hang, dono da varejista Havan, endossou o capitão reformado.  

O diretor de comunicação do DPNY, Felipe Hadler, disse à Folha que a rede hoteleira "realiza suas ações sempre dentro da lei". O post em questão, continuou, "faz parte da plataforma de Cartas Abertas da nossa empresa", na qual "tratamos de assuntos relacionados ao nosso cotidiano e sempre com Honestidade, Transparência, Democracia, Respeito, Liberdade, Justiça e Igualdade" (as caixas altas são do autor).

Acontece que o post do DNPY é patrocinado, ou seja, pago. Para o procurador regional eleitoral em São Paulo, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, "pessoa jurídica não pode fazer propaganda nem impulsionamento de conteúdo eleitoral".  A sanção prevista, afirma, é multa de até R$ 30 mil.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é claro ao dizer que apenas candidatos ou seus partidos e coligações podem recorrer ao impulsionamento de publicações. Fazer propaganda eleitoral ou manifestar apoio a algum candidato na internet está liberado para qualquer, o que não pode, segundo a legislação eleitoral, é pagar para ampliar o alcance dessas postagens. 

O impulsionamento, como explica o professor de direito eleitoral Diogo Rais, é um serviço oferecido por plataformas digitais, como o Facebook. Paga-se para aumentar a visibilidade de uma mensagem e escolher um público alvo para que ela atinja um determinado tipo de internauta.

Na tal plataforma Cartas Abertas, o DPNY divulga missivas com conteúdo. A mais recente é de 28 de setembro e prega Bolsonaro como o presidenciável mais capacitado a derrotar o petismo. E teria que ser no primeiro turno, pois há "um alto risco do PT ganhar novamente o poder no Brasil" se o partido chegar ao segundo turno.

"É triste essa realidade, mas se você votar em qualquer outro candidato, indiretamente ajudará o PT a retornar ao poder", diz o texto. "Não existe outra opção minimamente razoável para se evitar o caminho do socialismo e do comunismo para o Brasil."

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